O Moto E foi lançado recentemente pela Motorola, como uma resposta direta ao sucesso que smartphones de entrada fazem, como o Lumia 520 do lado do Windows Phone e aparelhos de baixo custo da Samsung e LG, do lado do Android. A Motorola fez isso de uma forma tão incrível, que deixa smartphones baratos com cara de aparelhos bem mais caros do que deveriam ser. Por dentro temos um processador Snapdragon 200 rodando dois núcleos a 1.2 GHz, acompanhado de 1 GB de memória RAM, GPU Adreno 302, TV Digital, 4 GB de espaço interno e um Android tão limpo, que faz o desempenho subir muito acima do que seus concorrentes fazem.

Caixa com cores opacas e minimalistas

A caixa segue o padrão que foi criado com o Moto G, de smartphones bem acondicionados dentro da embalagem, com informações minimalistas do lado de fora e boa organização dos acessórios por dentro. Este modelo que estamos avaliando vem com duas capas extras para trocar a parte traseira, cabo de dados USB, carregador de parede, fone de ouvido bastante simples (mas que é de acordo com sua proposta e preço) e, por fim, um acessório que serve como antena para TV digital, algo exclusivo para usuários brasileiros.

Todos os acessórios

Capas extras

Antena para TV Digital

O Moto E lembra muito o Moto G em vários pontos, principalmente quando olhamos apenas para a parte externa dele. As curvas de seu irmão mais velho ficam evidentes, com a mesma pegada confortável e algumas mudanças, como a nova posição do alto-falante, que é bem mais agradável ao usuário do que a forma como foi apresentado no Moto X e G. Na frente temos uma tela IPS de 4,3 polegadas, com resolução de 960 x 540 pixels, que dá aproximadamente 256 pixels por polegada de densidade e que é protegida pelo Gorilla Glass 3. Ainda na frente temos o alto-falante logo abaixo do display, junto de sensores de proximidade e luz, mas não temos uma câmera frontal por aqui.

Tela de 4,3 polegadas

Do lado esquerdo não há nada, sendo que na outra extremidade estão os botões de controle de volume e liga/desliga.

Botões laterais, os únicos físicos

Abaixo de tudo dica a entrada microUSB, que serve como alça para puxar a tampa da bateria.

Entrada microUSB

Em cima temos uma entrada para fones de ouvido no padrão de 3,5 milímetros e um microfone secundário, que serve tanto para isolamento de ruídos durante a chamada, como para gravar vídeos com som estéreo.

Entrada para fone de ouvido

Atrás está a tampa da bateria, que não exibe flash LED e mostra apenas a câmera de 5 megapixels, que filma em até 480p.

Atrás, somente a câmera

Abrindo a tampa, encontramos um material bastante rígido e firme (muito diferente do plástico fino e maleável dos Galaxy S3, S4 e S5, que custam muito mais do que o Moto E), junto das entradas para chip da operadora e outra para cartões microSD de até 32 GB. A bateria não é removível, assim como em outros aparelhos da recente leva de smartphones Motorola, mas sua carga é de 1980mAh, suficiente para um dia inteiro de uso moderado. Em nossos testes, conseguimos encerrar o dia com boa carga ainda sobrando, o suficiente para ajustar o despertador para o dia seguinte e colocar o aparelho no carregador.

Entradas microSD e para dois chips

O Moto E é menor do que o Moto G, em quase que todos os sentidos. As duas únicas partes dele que são maiores, ficam em sua espessura e peso, que não chega a incomodar na mão e está longe de ser de baixa qualidade (alô Samsung e linha Galaxy de entrada). A curvatura da parte traseira entrega um conforto de pegada bastante grande, com fundo áspero que ajuda na sensação de que o smartphone não vai cair das mãos. Suas medidas são de 124 milímetros de altura, por 64 milímetros de largura e 12,3 milímetros de espessura, tudo isso somado aos 142 gramas de peso total.

Pegada confortável e com bom manuseio com uma só mão

A operação com uma só mão é bastante confortável, mesmo para uma tela de mais de que quatro polegadas. Mãos pequenas conseguem utilizar o aparelho sem dificuldades e, enquanto isso, suas dimensões mostram um smartphone leve e pequeno, que cabe em um bolso mais apertado de calça jeans, ou então em uma mochila com espaço concorrido do lado de dentro.

Apenas 1,2 centímetros de espessura

O Android que a Motorola escolheu para rodar no Moto E está limpo, tão limpo quanto o que foi entregue para aparelhos mais parrudos da empresa, como o Moto G e X. Junto disso temos uma otimização do sistema operacional com o hardware, algo bem próximo do que a Apple e BlackBerry conseguem com seus aparelhos. Mesmo com um SoC Qualcomm Snapdragon 200 rodando dois núcleos Cortex-A7 em 1.2 GHz, acompanhado de 1 GB de memória RAM e 4 GB de memória interna, com pouco mais de 2 GB livres para o usuários, o desempenho do Android rodando no dispositivo é muito superior ao que vários Galaxy de entrada e de preço semelhante conseguem - culpa da pesada e antiquada TouchWiz, que toma boa parte do hardware, e que não ocorre por aqui.

Uma das cinco telas iniciais

De cara temos cinco painéis na tela inicial, que não podem crescer e nem diminuir de quantidade. Não chega a ser um ponto negativo, já que há pouco espaço interno para apps e jogos e, por conta disso, dificilmente você lotará todas as cinco telas - principalmente pela possibilidade de criar pastas, que ajudam na organização dos ícones. Um ponto que pode incomodar alguns usuários é que o Android limpo e leve como está aqui, não entrega recursos extras e há poucos apps pré-instalados. Este é o preço que é cobrado por um desempenho superior a aparelhos quad-core e com maior memória RAM. A diferença é tão gritante, que o Moto E já chegou a carregar apps e recursos de forma mais veloz do que o Galaxy S5, que tem mais do que o dobro de processador e o dobro de memória RAM.

App Alerta

De fábrica temos alguns apps, poucos, mas bem úteis (sem aquela lista imensa de bloatwares que a Samsung ama enfiar, impedindo até sua desinstalação para liberar espaço). Há o bem-vindo Alerta, que envia mensagens automáticas para uma lista de contatos, com sua localização, um ponto de encontro que pode ser definido posteriormente e até um modo de perigo, que entra em contato com contatos selecionados e com o serviço de emergência local, como o número da polícia.

App Assist

Outro app que ajuda no cotidiano é o Assist, que permite acionar algumas funções de acordo com o que está acontecendo, como colocar o celular no modo silencioso e enviar uma resposta automática para quem te liga, quando você está em reunião. Outra possibilidade é de configurar o celular para não tocar quando você estiver dormindo. A parte de reunião busca informações na sua agenda do Google, enquanto a de dormir funciona de acordo com um horário pré-estabelecido.

TV Digital, com possibilidade de gravar o programa

Por fim, ele vem com apps como o pacote do Google (como Gmail, Google Maps, YouTube, Hangouts, pesquisa por voz e QuickOffice) e também um app para sintonizar TV Digital, no padrão OneSeg (de baixa resolução, com 320 x 240 pixels). O app tem uma interface bastante simples e permite até gravar a programação que é exibida, podendo ficar tanto na memória interna, quanto na externa.

A GPU que integra o poder de fogo do Moto E é uma Adreno 302, que é suficiente para jogos mais leve e casuais, como Minion Rush. Porém, em jogos pesados e com gráficos de ponta, como o Asphalt 8: Airborne, a realidade é outra - o que não é bem um ponto negativo, já que este smartphone é o mais barato da Motorola e digno de um desempenho mediano, mas faz um pouco além disso. O Asphalt rodou com algumas quedas na taxa de quadros por segundo e com detalhes um pouco menores do que aparelhos mais fortes, como o Moto X.

Asphalt 8, rodando com poucos travamentos e ainda assim bonito

O tocador de músicas é padrão do Google, sem alteração pela Motorola. Sua única função além de rodar arquivos MP3, é de acessar as músicas que estão no Google Music, na nuvem. Infelizmente este serviço ainda não está disponível no Brasil e não há previsão de sua chegada. Em arquivos de música, o tocador foi capaz de reproduzir todos que testamos.

Player de músicas é simples

Assim como outros aparelhos mais recentes da Motorola, não há player de vídeo nativo. A única forma de assistir um vídeo sem app terceiros, é pela galeria de fotos do Android. Conseguimos rodar um MP4 em Full HD, com pouquíssimos engasgos e travadas. O desempenho foi bom, bem acima de seus concorrentes.

Vídeo em Full HD, sem muitos engasgos

O Moto E não entrega uma câmera digna de elogios, muito menos de bons resultados finais. Porém, ela consegue ser superior ao Xperia E1, por exemplo. São 5 megapixels de resolução em imagens de até 2592 х 1944 pixels e sem foco automático - ele é fixo. O resultado são fotos com baixa reprodução de detalhes e cores pouco lavadas, para imagens com boa luminosidade. Em fotos noturnas, o resultado é bastante granulado e com pouco brilho entrando.

Motorola Moto E, com boa luz

Em vídeos, o smartphone registra arquivos de até 480p, que não entra na lista de alta definição. A qualidade é bacana, há áudio gravado em som estéreo e o arquivo não fica muito grande. Mas, olhando para os concorrentes, o resultado é inferior ao deles.

Motorola Moto E, em fotos noturnas

Pontos fortes

• Desempenho muito acima da média de seus concorrentes diretos
• Entrada microSD
• Atualizações rápidas e garantidas
• Corpo resistente a chuva e tombos

Pontos fracos

• Pouca memória interna
• TV Digital de baixa resolução
• Alto-falante é baixo
• Pouca diferença de preço entre ele e o Moto G