O Galaxy Win 2 é a resposta que a Samsung foi obrigada a dar ao que a Motorola conseguiu com apenas um smartphone em sua linha de médio custo: o Moto G. Buscando num mar imenso de smartphones Galaxy, a marca escolheu o Core Prime, mudou de nome e criou assim um sucessor do primeiro Win e que só existe no Brasil. Por dentro o smartphone chega com processador Snapdragon 410 rodando quatro núcleos em 1.2 GHz, 8 GB de memória e TV digital de alta definição - finalmente!

A embalagem segue o novo padrão de caixas da Samsung, ou seja: deixa de lado a textura que imita madeira e adota uma cor sólida e fosca, com poucos detalhes e poucas informações sobre o aparelho que está do lado de dentro. Abrindo o pacote temos o celular, fone de ouvido bem simples (mas, nem por isso, de baixa qualidade), carregador de tomada com seu próprio cabo microUSB, cabo de dados microUSB com ponta USB e, por fim, manuais de instrução impressos em papel que lembra o reciclado - mas não é.

Do lado de fora o Galaxy Win 2 cai em um problema que existe exatamente neste mar de Galaxy: a falta de originalidade. Este modelo tem quase nada que faça dele um smartphone tão único e importante, mais importante e único do que todos os outros smartphones que a Samsung tem e que custam quase a mesma coisa. Ele vem com linhas de design que lembra muito o Galaxy S3, S4 e toda variedade de aparelhos lançados ente um e outro. Isso faz com que sua cara seja de "mais um", no lugar de "o melhor aparelho de médio custo da marca". A parte da frente entrega outro problema, a tela é apenas um TFT. Displays TFT oferecem qualidade muito inferior de visão ao que temos em todos os concorrentes do aparelho, que ou utilizam IPS, ou vão de alguma variação do AMOLED. Ainda por aqui está o botão físico que volta para a tela inicial, botões sensíveis ao toque e uma câmera frontal de 2 megapixels de resolução. Ah, a tela é de 4,5 polegadas e com resolução de 800 x 480 pixels, sem proteção Gorilla Glass ou algo do tipo.

Do lado direito fica o botão de liga/desliga, com botões para controle de volume na extremidade oposta.

Em cima de tudo vemos a entrada para fones de ouvido, com a entrada microUSB e saída para antena de TV logo abaixo. A antena para TV é instalada dentro do smartphone, o que faz com que o aparelho receba sinal de TV aberta sem necessidade de acessórios plugados. Por outro lado, a antena é bem frágil na última ponta em que estica, podendo entortar com muita facilidade.

Atrás está a única parte que lembra algo de mais recente na Samsung, mais precisamente na linha de smartphones A. A traseira tem pintura fosca e que lembra algo mais robusto, mas ainda é o plástico simples da marca - que não é tanto problema por aqui, já que o smartphone não é topo de linha e nem o mais caro do mercado. A câmera traseira tira fotos de até 5 megapixels, há um flash LED e alto-falante. Abaixo da tampa está a bateria de 2.000mAh, que é capaz de suportar até um dia inteiro de uso moderado - se você assistir TV por muito tempo, não espere uma bateria que vá durar mais do que quatro ou cinco horas. Por fim, temos as duas entradas para chip da operadora e uma para cartões microSD de até 64 GB.

Se por um lado o Galaxy Win 2 não é nada inovador em seu design, por outro ele trabalha bem na ergonomia quando o dispositivo está em mãos. As bordas são curvadas de forma simples, simples o suficiente para que o aparelho fique firme e forte enquanto está em uso. As bordas lembram metal, mas são de plástico e daquele tipo que pode descascar em pouco tempo, mas a traseira levemente áspera contorna o entorno e lida bem com a mão. Em números, suas medidas são: 130,8 milímetros de altura, por 67,9 milímetros de largura e 8,8 de espessura. Tudo isso somado aos 130 gramas de peso total (já com a bateria instalada).

São números que entregam um smartphone que não é dos maiores, que é leve e que não vai ocupar muito espaço quando estiver dentro de um bolso de calça jeans mais apertado.

O Android escolhido pela Samsung para rodar no Win 2 está na versão 4.4.4, o que deixa o dispositivo automaticamente abaixo de alguns concorrentes, como o Moto G e até o Moto E, que já rodam na versão 5.0 do sistema operacional móvel do Google. Esta escolha não afeta na hora de instalar aplicativos, já que hoje todos os apps que estão dentro do Google Play rodam tanto no Lollipop como no KitKat. O porém fica na sensação de ter um smartphone menos atual, longe até que outro concorrente que também está no KitKat, mas que já recebeu a certeza de atualização, o Zenfone 5. A Samsung está longe de ser a empresa mais veloz em atualizações do Android, especialmente em smartphones que não estão na linha Note ou S - isso significa que você não deve esperar alguma atualização em pouco tempo, nem mesmo a Samsung sabe dizer se isso ocorrerá ou quando ocorrerá.

A TouchWiz está presente, mas desta vez a empresa sul-coreana conseguiu mover um ou outro ajuste para criar uma sensação menor de peso na interface. Sim ela continua pesada e muito mais incômoda do que a ZenUI da Asus ou a interface quase que pura da Motorola, mas evoluiu bastante e travamentos não são tão comuns. Mesmo com 1 GB de memória RAM (quantidade padrão de memória para sua categoria), a interface é reinicializada de tempos em tempos, mesmo com poucos apps abertos ao mesmo tempo. Esta reinicialização faz com que todos os ícones e widgets sumam e apareçam na tela novamente, coisa de poucos segundos e que pode trazer uma sensação de "Android lento", nada bom para o usuário. Não é culpa do Android em si, que por aqui roda em um Qualcomm MSM8916 Snapdragon 410 com quatro núcleos em 1.2 GHz, acompanhado de 1 GB de memória RAM e uma GPU Adreno 306. É o suficiente para rodar muito bem o Android, mas a TouchWiz ainda é um belo peso na carroceria do dispositivo.

Outro ponto que é herdado da alteração da Samsung está na quantidade de apps pré-instalados. Há bem menos do que em outros dispositivos semelhantes da mesma marca, mas eles ainda estão por aqui. A lista inclui alguns bem úteis como o gerenciador de arquivos, gravador de voz, Evernote, Dropbox e app para TV digital. Porém, há outros nem tão interessantes para a grande parte do público e que ocupam espaço na memória interna, como os jogos Modern Combat 4, Spider-Man e Wonder Zoo, loja de apps da Samsung e agenda modificada da marca, o S Planner, ou então um app que faz recarga de créditos no celular. Se você não estiver disposto a olhar para estes apps, pode desativar. É, desativar, que não desinstala e apenas serve como um "esconder o ícone da lista de apps", mas o espaço interno ocupado pelo programa continua lá, sem possibilidade de abrir para outro app.

Um app que faz muito bem seu serviço e vem pré-instalado é o de TV digital. Ele utiliza o padrão FullSeg, contra o 1Seg de quase toda a indústria de smartphones. A diferença é absurda, saltando dos 320 x 240 pixels que garantem o 1Seg para até 1920 x 180 pixels do FullSeg (no Brasil a transmissão é de 720p, o que já é ótimo). O smartphone não consegue reproduzir nada além dos 800 x 480 pixels da tela, mas deixar de lado os pequeninos 240p para ir até a alta definição, mesmo que parando nos 800 x 480 pixels, faz uma diferença visível mesmo de longe. O app permite vasculhar os canais disponíveis na região, gravar conteúdo, capturar a tela e listar a grade de programação dos canais que estão na redondeza.

A GPU que trabalha neste celular é uma Adreno 306, versão atualizada da 305 que equipava os smartphones com Snapdragon 400. Mesmo com uma boa GPU, o Win 2 não é o dispositivo para games que você espera com todo o poder do mundo, mas ele foi capaz de rodar Asphalt 8 com todos os gráficos no máximo e sem demonstrar muitos travamentos ou dificuldades na execução do título. Este feito, de rodar um jogo pesado em um hardware nada parrudo, pode estar ligado diretamente com as melhorias desta TouchWiz e a resolução mais baixa.

Mais uma vez (depois do Galaxy A3), não há um player da Samsung povoando os dispositivos. Calma! Você não está órfão de músicas, já que o Play Música, player nativo do Android, está presente e ele faz muito bem o papel de reproduzir canções que estão na memória interna, no cartão externo ou então no serviço online de músicas do próprio Google. Nativamente o Win 2 é capaz de reproduzir MP3, WAV, WMA, eAAC+ e FLAC.

O player de vídeos é bastante simples, com menos recursos extras e, sozinho, é capaz de rodar MP4, WMV e H.264, em até Full HD e sem engasgos.

A câmera deste modelo conta com um sensor de 5 megapixels, com bom trabalho em reprodução de cores e até em profundidade de campo (é possível embaçar o fundo com facilidade, deixando apenas a frente em foco). A câmera frontal entrega 2 megapixels, o suficiente para uma chamada de vídeo ou uma selfie, mas sem tantos detalhes como na linha A, da própria Samsung. Em fotos noturnas o resultado não é dos melhores, perdendo para alguns de seus concorrentes diretos. O pior deste modo de fotografia está no foco, que teima em não trabalhar bem quando não há muita luz.

Pontos fortes

• TV digital de alta definição
• Dual-chip com 4G
• Menor quantidade de bloatware na TouchWiz
• Leve e compacto

Pontos fracos

• Android desatualizado e sem previsão de atualização
• TouchWiz ainda é pesada, mesmo com boas melhorias
• Tela de TFT e de menor resolução do que seus concorrentes
• Visual nada inovador