08 Dezembro 2014
Smartphones. São tantos, de todos os tipos, preços, tamanhos, materiais, finalidades. É realmente curioso como esses pequenos aparelhos conseguiram despertar a paixão e o ódio de tantos usuários. E hoje, vamos acompanhar a história e a evolução da linha mais vendida de todo o mundo Android: a Samsung Galaxy S.
O mundo dos dispositivos móveis cresceu rápida e vertiginosamente, como já vimos em outra ocasião. No entanto, durante muitos anos, o hardware era algo sempre muito capenga, e o software pior ainda. Felizmente, chegou o iPhone e mudou tudo, trazendo uma sinergia entre a máquina e o sistema operacional.
A Apple, entretanto, acabou se tornando uma empresa muito conservadora, nunca indo muito além do que o seu público estava acostumado. O grande e inegável mérito de seu iPhone, porém, foi mostrar às outras empresas como se deve fazer um smartphone. E uma certa concorrente aprendeu muito bem; tão bem que se tornou a maior concorrente da Maçã.
A Samsung podia não ter o mesmo hype da Apple, porém tinha outras armas. Em suas mãos, a sul-coreana detinha todo um parque industrial para trazer as mais poderosas máquinas nas mãos dos usuários. Antes das telas Super AMOLED de 4K, porém, um bom caminho teve que ser percorrido pelos aparelhos da Sammy.
Galaxy S (2010): a primeira grande jogada
A história da linha Galaxy S está profundamente ligada à do Android. Há um ano, a Samsung já tinha lançado o seu primeiro smartphone com o sistema móvel da Google, o Galaxy i7500. A aposta, porém, não deu muito certo, pois outras gigantes como a HTC e Motorola já tinham começado a corrida na frente.
A Samsung, com muito dinheiro no bolso, não desistiu fácil, e voltou à prancheta para criar a sua primeira obra-prima. Em março de 2010, o então presidente da empresa JK Shin, anunciou ao mundo o Samsung Galaxy S. O evento ocorreu na feira internacional CTIA Wireless 2010. Mal esperavam, no entanto, que estavam prestes a trazer para o mercado o primeiro exemplar da linha mais vendida de Android de todos os tempos.
A versão que o smartphone rodava era a do Android 2.1. E, apesar de todas as disputas judiciais que ocorreram depois, a Samsung fez o aparelho mirando bem em um adversário; o iPhone 3G/3GS, visto que o 4 só seria lançado meses depois.
Você pode ser um grande fã do Android, porém sejamos sinceros. Àquela época, o Android 2.1 não possuía a mesma beleza, maturidade e estabilidade que a atual versão Lollipop. De fato, o sistema só recebeu o merecimento de ser a plataforma mais usada no mundo a partir da sua edição 4.0.
Na ocasião, porém, era a plataforma que a Samsung tinha para enfrentar a Apple com seu iPhone e iOS. Logo, a sul-coreana, já àquela época, lutou com as armas que tinha, e trouxe ao mundo um smartphone com um hardware superior ao dos iPhones daquele ano.
O aparelho veio com uma tela de 4 polegadas, quando a Apple ainda estava empurrando displays de 3,5 polegadas. Desde a primeira geração da família S, a Samsung já oferecia as telas Super AMOLED, que davam um verdadeiro banho nas telas de baixa resolução do iPhone 3G e 3GS.
Enquanto os aparelhos da Apple ostentavam câmeras de vergonhosos 3MP, a Samsung já oferecia 5MP. Fica clara, portanto, que a disputa da Sammy com a Maçã sempre foi em hardware. Curiosamente, apenas com a edição do iPhone 4 que a Apple procurou trazer uma câmera de 5MP e uma tela de alta definição.
Pode não parecer ter relação como Galaxy S, visto que o projeto do iPhone 4 deve ter começado antes mesmo do lançamento do concorrente. Acontece que a Samsung criou a linha S como um topo de linha e conseguiu incomodar a casa de Cupertino. Na verdade, conseguiu incomodar a todos, atingindo um excelente número de 24 milhões de aparelhos vendidos.
Esse foi um sinal de que a companhia estava na direção certa. Tanto que a Sammy se empolgou e resolveu fazer algo que ela adora; criar variantes para um mesmo aparelho. Tivemos o Samsung Galaxy S Plus i9001 (em 2011), e depois o Samsung Galaxy S Advance i9070 (em 2012). A diferença era sempre em processamento ou em algum outro hardware a mais.
O grande começo, porém, foi mesmo com o Galaxy S. E a Samsung estava perto de dar um passo ainda mais ousado, trazendo o aparelho que iria superar todos os outros concorrentes.
Galaxy S2 (2011): a verdadeira escalada começa agora
A recepção do Galaxy S foi muito boa. Para a Samsung, porém, não era o bastante. Ela queria o melhor. Ela queria o maior. Tanto que apostou num hardware muito mais parrudo, e um design bem mais refinado do que na primeira geração de S.
Em abril de 2012, a Samsung fazia o seu próximo movimento de mestre. Durante a Mobile World Congress, chegava ao mundo o Galaxy S2. Esse lançamento foi antecipado para o evento, e já mostrava o tipo de visão de mercado e o quão rápida poderia ser a sul-coreana.
Ná época, gigantes como a HTC e Motorola estavam demostrando certa fraqueza no mercado. Já não tinham mais o mesmo vigor da era pré-iPhone. A LG, por sua vez, ainda era apenas uma figurante, e faltava muito para atingir a relevância que possui hoje no mercado. Essa, portanto, foi uma janela de oportunidade farejada pela Samsung como uma gota de sangue ao mar detectada por um tubarão.
A sul-coreana foi rápida, e avançou com toda a força que tinha. O que era bom tornou-se muito melhor, pois sua tela de Super AMOLED cresceu, chegando a 4,3 polegadas. Esse tamanho, para época, era nada usual, e até mesmo alvo de críticas. Atualmente, podemos até rir, pois já temos smartphones de médio custo com um display maior do que isso.
Apesar de querer se destacar como a maior fabricante Android, a Samsung não se desviou do seu alvo. Na época, com o iPhone 4S, a Apple ainda estava utilizando a tecnologia 3G. A sul-coreana, por sua vez, resolveu apostar já no 4G.
Outro ponto, porém, era a evolução de seu hardware. O processador Qualcomm Snapdragon, dessa vez, era um dual-core 1,5GHz. Já na versão com Exynos, tínhamos 1,2GHz, também de dois núcleos. Esse era poder de fogo suficiente para fazer o iPhone parecer defasado.
Essa era uma das poucas fraquezas do smartphone da Apple que a Samsung podia atacar. Com um hardware mais conservador, os iPhones não acompanhariam a linha S da concorrente. Claro, sabemos que o iOS é extremamente otimizado para os componentes dos iGadgets, e não precisa de muita potência para rodar com fluidez. A Samsung, porém, deveria lutar com as armas que tinha, e essa tática chamou bastante a atenção.
Ainda assim, muitas críticas sobravam para o aparelho da Samsung e para o Android. Estávamos na versão 2.3 do sistema, o que ainda era sinônimo de falta de fluidez e travamentos. Tudo, porém, estava prestes a mudar, e a Sammy iria trazer um verdadeiro divisor de águas na história dos smartphones Android.
Galaxy S3 (2012): a coroa para a nova majestade
Até 2011, é difícil negar o quão pautada na Apple a Samsung estava. Cada passo, desde o visual do software até o design do Galaxy S2 mirava no iPhone. Tanto que essa postura acabou resultando num processo por parte da casa de Cupertino, acusando a sul-coreana de “cópia”, ou quebra de patentes.
Antes que todo essa disputa judicial viesse à tona, a Samsung resolveu apostar alto. Decidiu mudar tudo o que tinha criado, trazendo um visual seu, uma identidade própria para o seu topo de linha.
Ao término do projeto, a gigante sul-coreana sabia que tinha feito algo grande, que tinha em mãos a sua primeira obra-prima. Tanto que, pela primeira vez, não apresentou o seu flagship na Mobile World Congress. Decidiu, portanto, criar um evento próprio para mostrar ao mundo os seus grandes produtos. Assim como a Keynote da Apple, temos a Unpacked da Samsung.
Em 3 de maio de 2012, a sul-coreana apresentou ao mundo, durante a Unpacked, em Londres, o Galaxy S3. Este se tornou-o, portanto, o ticket que a Samsung precisava para entrar de vez no mundo das gigantes do ramo de smartphones.
O aparelho tornou-se um sucesso instantâneo. Duas semana após ter revelado o seu Galaxy S3 ao mundo, a fabricante recebeu cerca de 9 milhões de compras na pré-venda. O novo topo de linha tinha um design tão único, tão marcante, que antes mesmo de chegar nas prateleiras, já tinha 9 milhões de unidades vendidas.
Atualmente, você pode até torcer o nariz para o design batido do S3. Acontece que a Sammy abusou muito dessas linhas, e inundou o mercado de mini-clones do produto, entre intermediários até os mais básicos. Logo, acabou cansando um pouco os clientes. Na época, entretanto, foi um projeto tão marcante quanto o iPhone 4 foi para a Apple.
Não era apenas em design que o aparelho se diferenciava. Honrando a tradição da linha Galaxy, a fabricante apostou também no hardware mais poderoso à disposição. Seu processador entretanto, dependia da versão do aparelho. Havia um com o chip Snapdragon S4 de dois núcleos 1,5GHz e 2GB de RAM, e outro com o Exynos de quatro núcleos rodando a 1,4GHz e 1GB de RAM.
Nessa época, a Samsung já ousava com seus processadores de fabricação própria. Com o Exynos quad-core, ela iniciava um novo mercado para os chips de alta performance. Muitos criticavam o exagero do clock. A verdade é que, dois anos depois, esse se tornou o padrão básico do mercado. Atualmente, até smartphones de médio custo já tem quatro núcleos em seu processamento.
E não era apenas no exterior que o S3 se destacou. Para um mercado que já começava a se saturar e ficar estacionado, a Samsung trouxe diversos recursos em software trabalhando em conjunto com sensores no aparelho. Tivemos o S-Voice, assistente virtual parecida com a Siri, o Smart Stay, que não apaga a tela enquanto estamos olhando para o display, e muito mais.
Todo esse conjunto tornou o Galaxy S3 um sucesso de público e crítica. Por esses motivos, a Samsung ganhou o prêmio de Smartphone do Ano pelas mãos dos críticos especializados do MWC, o Global Mobile Awards. E, o melhor de tudo, fixou a companhia como a fabricante mais famosa do mundo Android.
Galaxy S4 (2013): a luta para se manter no topo
No ano de 2013, a Samsung já estava com sucesso total. O Galaxy S3 era um sucesso de vendas e de crítica, e sua vasta linha de smartphones vendia aos baldes. O cenário, entretanto, já estava bem diferente do que no ano anterior.
A Sammy ganhou dinheiro, muito dinheiro com o Galaxy S3 e todos os seus mini-clones do portfólio da fabricante. Os jogadores do mercado capitalista, entretanto, não estão nessa para perder. As outras marcas acordaram, e resolveram seguir a receita da Samsung; para vencer, é preciso investir pesado.
A Sony chegou com seu belíssimo Xperia Z. Além do ótimo acabamento, característico da japonesa, tinha uma tela grande e uma excelente câmera. Já a HTC, tentando recuperar-se dos números ruins, trouxe uma pérola do design, o HTC One. As demais fabricantes também começavam a reagir, como a Motorola, Lenovo, LG, etc. Logo, a Samsung tinha a difícil missão de se manter no topo.
Quando se ganha o sucesso, corre-se um risco muito grande. Obviamente, ninguém quer descer do pódio. E esse medo, muitas vezes, pode acabar engessando aquilo que conseguiu tornar o Galaxy S3 um sucesso arrebatador; a inovação.
Talvez por medo de perder o que havia conquistado, não tivemos uma expressiva quebra de paradigmas com o lançamento do Galaxy S4 em abril de 2013. Claro, ainda continuava um ótimo produto, com tela maior, um processador muito mais potente, novos recursos. Acontece que o novo topo de linha não teve o mesmo efeito bombástico que o Galaxy S3 teve com relação ao S2.
Apresentado em mais um evento Samsung Unpacked, o novo flagship era maior em tudo. A tela de 5 polegadas testava os limites de tamanho de um topo de linha. Novamente, tivemos duas edições com dois processadores diferentes. E, mais uma vez, o chip de fabricação própria, o Exynos, inovava no número de núcleos.
O Galaxy S4 I9500 vinha o processador Exynos de oito núcleos rodando a 1,6GHz, que causou bastante controvérsia na época, devido fato de que todos os núcleos não conseguiam rodar ao mesmo tempo, algo que foi corrigido apenas alguns meses depois. Já o modelo I9505 vinha com o chip Qualcomm Snapdragon 600 quad-core, rodando a 1,9GHz. A maior diferença entre os dois é que o modelo com Exynos não vinha com 4G, pois a Samsung não havia aprendido ainda como dar suporte a esse tipo de tecnologia em seus processadores.
Tudo tinha mais definição, câmera, armazenamento, e uma série de outras características. A evolução em hardware era óbvia, contudo não pareceu ter sido o suficiente. O S4, desde seu design até a sua apresentação, não passava a impressão de ter sido uma mudança tão grande quanto foi do S2 para o S3.
Esse é um ponto marcante na trajetória da linha S. Os primeiros aparelhos da família tornaram-se um sucesso por conta do descuido das gigantes da época, como a Motorola e a HTC. Na quarta geração do S, entretanto, a concorrência já tinha aprendido a lição, e também já trazia ao mundo excelentes dispositivos.
A Apple também sofria críticas por falta de inovação em 2013. Por motivos óbvios, porém, ela é a única utilizando o iOS. Logo, sua imensidão de fãs fiéis permaneceram com os aparelhos da marca. No mundo Android, porém, a coisa era bem diferente. O Galaxy S4 não foi tudo o que a Samsung havia prometido, portanto sofreu bastante com a concorrência das outras fabricantes. Tanto que levou cerca de seis meses para vender 40 milhões de unidades.
É bem verdade que todas as suas adversárias do Android estavam longe de atingir o sucesso da marca. Já começavam, porém, a incomodar a Samsung. Esse, portanto, seria o momento ideal para a sul-coreana voltar a apostar alto como fez no Galaxy S3. O Galaxy S5, então, seria a prova de fogo para manter a linha S no topo.
Galaxy S5 (2014): quem foi rei... pode perder a majestade
O medo de perder o sucesso, muitas vezes, pode fazer alguém ter medo de inovar. Por esse motivo, vemos tantos diretores, escritores, smartphones, atores, gadgets, ano após anos, repetindo a mesma fórmula que os consagrou.
Acontece que nunca antes em todo o mundo capitalista houve uma indústria tão voraz quando a de smartphones. E o motivo é bem simples; a proximidade. Certamente, conseguimos passar anos com um mesmo computador. Ou podemos até assistir ao mesmo tipo de filme toda vez que formos ao cinema. Com celulares inteligentes, porém, é bem diferente.
Olhamos para nossos pequenos aparelhos diversas vezes ao dia. Muito provavelmente, em nenhum momento você vai desgrudar do seu dispositivo. Logo, é absolutamente compreensível que, após alguns meses, tenha enjoado do gadget. Felizmente, há a renovação anual da linha, o que é sempre uma promessa de novidade.
Infelizmente, não foi o que aconteceu com o Galaxy S5. Claro, seu processamento era muito mais poderoso do que a geração anterior, com quatro núcleos a 2,5GHz, a tela também ligeiramente maior, um melhor gerenciamento de bateria, etc. O aparelho, contudo, gerou um mal-estar mais grave do que o Galaxy S4 havia conseguido.
E, para piorar a situação da Samsung, as grandes concorrentes do Android já tinham aprendido como fazer máquinas de respeito. O Galaxy S5, em diversos aspectos, não parecia mais do que uma releitura do Galaxy S4, que já era tido como uma releitura do Galaxy S3.
É impossível, nesse mercado voraz de smartphones, colocar mais água no feijão velho a cada ano achando que vai conseguir lucrar mais. O Galaxy S5 foi um marco, porém não da maneira como a Samsung gostaria. Essa foi a primeira vez que um novo aparelho da linha S vendeu menos do que a geração anterior. É hora, portanto, de começar a repensar o projeto da linha.
Galaxy S6: a última aposta
Os primeiros rumores do Galaxy S6 começaram. O novo topo de linha da Samsung vai vir num momento absolutamente crucial para a fabricante. Suas vendas estão cada vez mais baixas, e a concorrências com as novas craques do ramo, como a Xiaomi, não deixa mais espaço para erros.
De qualquer forma, a linha Galaxy S é a família de topo de linha Android que mais vende no mundo, até hoje. As duas últimas gerações, porém, apresentam uma queda expressiva no número de aparelhos vendidos.
Ao analisarmos a trajetória dos S, porém, podemos ver que há uma qualidade que é inerente à Samsung; ela é rápida e esperta. Soube muito bem aproveitar o cochilo da HTC e Motorola, trazendo um aparelho realmente potente para o mercado. Também soube tirar proveito da teimosia da Apple e suas telas de 3,5 polegadas, dando aos clientes um display grande e confortável para navegar na web e ver filmes.
Essa, portanto, é a Samsung que nos faz falta. Se a Apple ensinou ao mercado com deveria ser um smartphone, a Samsung ensinou às outras como se faz um aparelho potente de verdade.
Acontece que a concorrência também aprendeu com a Samsung. Atualmente, temos Motorolas, LGs, Xperias, Lumias. E cada linha também teve a sua trajetória até virarem nomes relevantes para o mercado. Essas, porém, são outras histórias que contaremos em breve.
- O Samsung Galaxy S5 ainda não está disponível nas lojas brasileiras. Para ser notificado quando ele chegar clique aqui.
- O Samsung Galaxy S4 I9505 ainda não está disponível nas lojas brasileiras. Para ser notificado quando ele chegar clique aqui.
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