10 Junho 2016
Antes de comprar um smartphone, espero o lançamento das duas maiores vendedoras de aparelhos no mundo — Samsung e Apple. No ano passado, o cenário se repetiu; decidi adquirir um iPhone 6 ao invés do Galaxy S6. Embora esta não seja a pauta em questão, os motivos basicamente foram a má otimização de RAM da TouchWiz (aparentemente resolvida na versão Exynos do Galaxy S7) e porque quem compra um telefone da Samsung precisa ter dinheiro.
Ué, mas não exatamente o contrário? Não. Um modelo da linha Galaxy perde seu preço de mercado em uma velocidade muito maior do que se comparada à do iPhone. Com isso em mente, já com olhos na revenda, optei pelo iPhone 6 de 64 GB de memória interna. Estamos aqui porque erros honestos precisam ser confessados. Cuidado na hora de comprar um telefone sendo ganancioso sobre o espaço nativo.
A diferença de preço dos modelos
Na época, a diferença entre o iPhone 6 de 16 GB a versão de 64 GB era de US$ 100, pelo menos no exterior. Por esse lado, até que vai. No Brasil, país de onde este redator vos escreve, o salto era de R$ 300. Este valor compra uma calça para uma adolescente de 15 anos acessórios como fones de ouvido Bluetooth ou capinhas especiais. Ainda assim, vamos lá ter a flexibilidade de se ter o dobro de memória para o armazenamento interno.
Como consumistas, sempre levamos em conta apenas aquilo que queremos na hora. Um microSD equivalente custaria a metade desse valor, por exemplo. O que eu comecei a levar em conta somente após alguns meses com o iPhone em mãos foi o serviço em nuvem. Ah, como eu amo a tecnologia, pena que precisamos quebrar a cara antes de aprender a usar. Apresento-lhes os salvadores aplicativos de streaming.
Serviços em nuvem
A mágica de usar a internet para acessar um arquivo que não está salvo em seu dispositivo também foi minha derradeira. Pensando em colocar minhas músicas no iPhone, abocanhando boa fatia dos meus 64 GB de espaço nativo, pulei a versão 16 GB ao desembolsar um pouquinho uma quantia a mais de dinheiro. Por uns meses, isso funcionou como o esperado. Abre o app original da Apple e escolha entre os milhares de itens disponíveis e salvos na memória do aparelho.
Foi quando eu descobri o Spotify (coloque no lugar qualquer serviço de streaming). Sabe quando compreendemos aquela equação de matemática que penamos por semanas? Então, a situação foi bem parecida. O catálogo “infinito” de canções não precisa de nenhum espaço na memória, exceto aquele utilizado pelo próprio aplicativo, míseros megabytes. Com o tapa na cara dado virtualmente pela aplicação, aventurei-me em alternativas que partem da mesma premissa. Aí veio o iCloud, Google Drive, Microsoft OneDrive e por aí vai. Posso citar até mesmo o Netflix. Para que baixar os filmes se eles estão logo ali?
Mas é claro que há um revés
Para poder desfrutar de meu mundo armazenado no maravilhoso mundo da nuvem, o acesso à internet se tornou uma forma de combustível. Sem ela, o aparelho se transforma praticamente em um peso de papel. Para isso, foi necessária a contratação de um pacote gordo de plano de dados. Especificamente, 8 GB mensais.
O preço cobrado a cada mês pagaria a diferença entre os modelos de 16 e 64 GB em três meses, mas ainda há a beleza de se poder navegar na web sem o famoso peso na consciência. Unir o útil ao agradável fez com que eu repensasse seriamente a compra do iPhone mais caro, mas o ápice dessa conclusão foi atingido ainda nesta semana. Enquanto escrevia sobre o iOS para o TudoCelular, precisei acessar os ajustes do telefone e ver o quanto de memória ainda havia sobrando. Pasmem com o que está por vir.
14 GB usados
Pois é. No meu iPhone de 64 GB, apenas 14,1 GB foram utilizados. O espaço disponível é o de 41,5 GB. Embora não exista uma pasta com músicas, justamente por conta do Spotify, há, instalados no dispositivo, 74 aplicativos. Além disso, 88 fotos também se encontram em sua memória interna.
Não que isso tudo importe, é claro, já que apenas 25% do espaço está sendo ocupado. Em um iPhone de 16 GB, 14,1 GB caberiam no limite, mas é válido ressaltar que as dezenas de apps baixados poderiam facilmente serem transformadas em 30, ou até menos. Para quem jogou tudo em nuvem, vale muito mais apenas economizar na hora de adquirir um smartphone, não façam como eu, não sejam gulosos.
Necessidade entra em questão
É claro que este é apenas o caso de uma pessoa, mas o cenário varia de necessidade a necessidade. Por usar muito serviço em nuvem e de streaming, a memória local se tornou obsoleta para mim. Ainda assim, quem grava um milhão de vídeos, baixa toneladas de aplicativos, não pretende assinar um serviço de música e usa a memória interna como se fosse uma caixa de bis, obviamente dará com os burros n’água caso siga meu exemplo.
Quer fazer um teste? Responda mentalmente a seguir. Tem conta ativa no Spotify, Deezer, Apple Music, Tidal ou algum similar? Usa frequentemente o Google Drive, Microsoft OneDrive, DropBox ou algum parecido? É usuário do Netflix? Se as respostas forem sim, você conseguirá sobreviver tranquilamente com um modelo de 16 GB. Caso o contrário, é válido repensar.
Leonardo Ramos dos Santos
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