25 Março 2015
De tempos em tempos, aparece alguma pesquisa informando como as novas tecnologias alteram nosso comportamento, formas de interagir e até mesmo nosso cérebro. Dessa vez, o alvo das pesquisas foram os smartphones, e os resultados parecem otimistas.
Sabemos que é um pouco complicado quando começamos a utilizar um desses aparelhos, pois a forma de interação com a interface não é lá muito comum para quem nunca utilizou um antes. Porém, digitar mensagens de texto no teclado virtual, rolar páginas web, e verificar seu e-mail no smartphone acabam se tornando tarefas cotidianas, muitas vezes executadas por horas a fio. Isso poderia mudar a forma como os polegares e o cérebro interagem, de acordo com pesquisadores da Universidade de Zurique, ETH Zurich e Universidade de Friburgo, Suiça.
Dr Arko Ghosh liderou a pesquisa, que envolveu o uso de eletroencefalografia (EEG) para medir a atividade cortical do cérebro em 37 pessoas destras, 26 dos quais eram usuários de smartphones touchscreen e 11 usuários de celulares antigos. A equipe publicou suas descobertas na Cell Press.
Um total de 62 eletrodos registraram como o cérebro processava o toque dos polegares, indicadores e dedos médios dos voluntários. A atividade cerebral foi, então, comparada com os comandos individuais gravados por registros de cada um deles.
A atividade elétrica nos cérebros dos usuários de smartphones se mostra melhor quando os três dedos tocam a tela. De acordo com a estudante de pesquisas Magali Chytiris, a atividade no córtex do cérebro associada com as pontas dos dedos polegar e indicador foi diretamente proporcional à intensidade do uso do telefone. Ou seja, quanto mais utilizado, maior é o estímulo no cérebro.
Ghosh diz que os resultados sugerem que os movimentos repetitivos sobre a superfície da tela sensível ao toque remodelam o processamento sensorial relacionados à mão. Ele acredita que o processamento sensorial cortical no cérebro contemporâneo está perfilada pela tecnologia digital pessoal. Porém, isso não deve ser encarado com surpresa, já que a característica do cérebro humano se adaptar a atividades do dia a dia é conhecida.
Os resultados levam Ghosh a afirmar que os usuários de smartphones têm um cérebro que processa o toque de forma diferente de outras pessoas, que não tem contato com telas touchscreen, e o uso frequente reflete na forma que o cérebro processa as informações dos dedos.
A revelação para Ghosh é otimista. Ele diz que o uso dos smartphones é uma maneira ideal para explorar a plasticidade cotidiana do cérebro humano. Ele acredita que talvez nossas atividades digitais poderiam ser usadas para entender o funcionamento do cérebro e desenvolver soluções para mundo real.
A plasticidade é a capacidade do cérebro humano em se remodelar a nivel estrutural, de acordo com as experiencias do indivíduo.
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