Quanto mais comum é a presença de aparelhos móveis no nosso cotidiano, mais estamos expostos à possibilidade de utilizarmos em excesso para curtidas, compartilhamento de fotos, twitts, entre outras atividades típicas da internet de hoje em dia, que acaba consumindo as horas de muitas pessoas. Teoricamente, não há problema algum nisso, exceto quando essa prática começa a afetar as pessoas ao nosso redor e os nossos relacionamentos.

Não é de hoje que muitos já alertam para os problemas que isso pode causar nas relações interpessoais fora da internet. Agora, dois pesquisadores dizem que há fortes indícios de que esse comportamento, apelidado no exterior de "phubbing", está destruindo os relacionamentos e tornando as pessoas deprimidas.

O termo phubbing tornou-se muito popular na Austrália e no Reino Unido há alguns anos, pouco depois de um grupo da Universidade de Sydney criou uma campanha conhecida como "stop phubbing". A palavra vem da junção de junção das palavras snubbing (esnobar) e phone (telefone) para descrever o ato de ignorar alguém usando os aparelhos celular.

Em um artigo recente publicado no Computers in Human Behavior, professores de administração da Universidade de Baylor James Roberts e David Meredith fizeram uma série de pesquisas para determinar os fatos e causas sobre o p-phubbing (phubbing com o parceiro ou parceira). Roberts e David entrevistaram mais de 150 homens e mulheres em Mechanical Turk que mantinham um relacionamento, pedindo-lhes que respondessem algumas perguntas sobre as suas experiências com o phubbing.

Entre as questões, que deveriam ser respondidas em uma escala de zero (negativa) a cinco (positiva), estavam "meu parceiro (ou parceira) olha para seu telefone celular quando fala comigo", "durante o tempo de lazer que o meu parceiro (ou parceira) e eu somos capazes de passar juntos, meu parceiro (ou parceira) usa seu telefone celular" e "se houver um período de calmaria em nossa conversa, o meu parceiro (ou parceira) irá verificar o seu telefone celular".

Em seguida, deram alguns outros testes, para medir os seus tipos de relacionamento e os níveis de felicidade.

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O que Roberts e David descobriram provavelmente não é nenhuma surpresa para quem já discutiu com um parceiro que não consegue parar de verificar suas mensagens mesmo quando está falando algum tipo de urgência. A pesquisa mostra que as pessoas ansiosas em seus relacionamentos, ou seja, que temem ser ignoradas ou abandonadas, reagem mais fortemente quando seu parceiro ou parceira utiliza um dispositivo móvel.

Além disso, segundo a publicação do resultado da pesquisa, as pessoas que experimentam mais o phubbing em seus relacionamentos também tendem a ter mais conflitos, e isso leva a uma infelicidade geral em suas vidas. Então, de acordo com os dois estudiosos, o p-phubbing tem um efeito indireto, mas mensurável sobre a felicidade de um casal, especialmente se uma das partes envolvidas tem um perfil de ansiedade e apego.

No entanto, Roberts e David admitem que é possível que as pessoas que já estão infelizes em seus relacionamentos estão fazendo mais p-phubbing, então há um fator de causalidade que a pesquisa não cobre. E o p-phubbing pode aumentar à medida que as relações progridem a partir da fase de lua de mel para o dia-a-dia mais cotidiano. No entanto, eles afirmam corajosamente que "a instituição do casamento (e relacionamentos românticos em geral) está sob ataque" de p-phubbing.

Os mais preocupados e avessos à tecnologia apontam para as grandes companhias como Apple e Google como responsáveis por criar este comportamento, ou mesmo culpam o estilo de vida pós-moderno. Já outros, acreditam que o problema é mais antigo do que parece...

E os nossos leitores, o que pensam sobre o fenômeno "phubbing"? Já tiveram problemas com isso em suas relações? Ou acreditam que a tecnologia nada tem a ver com esses casos?