08 Dezembro 2015
Black Friday passou e mesmo com tantas reclamações por promoções enganosas o número de vendas ainda representou um lucro superior ao ano anterior. A parte mais interessante dos números envolvendo essa mega liquidação de escala mundial é que 9% do que foi adquirido pelos brasileiros pertence à categoria de dispositivos móveis – sendo grande parte deles celulares. Realmente não há como negar: nós gostamos de trocar de smartphone com uma frequência maior que amantes de tecnologia de outros países. Porém, isso acaba gerando um efeito colateral bastante negativo: o Brasil é o maior produtor de lixo eletrônico da América Latina!
Com o aumento nas vendas de smartphones, tablets e outros equipamentos eletrônicos há também um crescimento no descarte de lixo em proporções cada vez maiores e que vem preocupando as autoridades. Os dados foram levantados por uma pesquisa realizada pelo GSMA feita em parceria com o Instituto para Estudos Avançados de Sustentabilidade da Universidade das Nações Unidas. Os números são bem alarmantes, sendo registrado que em 2014 mais de 40 mil kt (1 quilo tonelada = 1 mil toneladas) foram descartadas no mundo. Deste total, 9% foi produzido apenas na América Latina.
Se analisarmos apenas a quantidade de celulares descartados no mundo, o valor chega a absurdos 189 quilo toneladas, sendo 17 kt apenas na América Latina. A pior notícia é que este número só aumenta a cada ano, sendo estimado que em 2018 chegaremos a quase 4,8 mil kt de lixo eletrônico provido de smartphones jogados fora. Sem falar que em muitos países não há leis sobre o descarte de aparelhos eletrônicos, onde muitas vezes jogamos um celular juntamente com o lixo convencional.
Analisando por cada país, o Brasil é o que encabeça o número de descarte de aparelhos na América Latina. O país produziu em 2014 cerca de 1,4 mil kt, seguido do México (1 mil kt), Argentina (292 kt), Colômbia (252 kt) e Venezuela (233 kt). Isso mostra que é preciso identificar os problemas que impedem a implementação de uma coleta de reciclagem de celulares eficiente no nosso país. Fabricantes, importadoras, distribuidoras e empresas de coleta de lixo especial precisam se unir com a população e o governo para lidar com esta situação. Ainda mais quando 80% dos componentes encontrados em um celular podem ser reciclados para a produção de um novo.
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