Curiosidade 20 Set
Candidato à presidência dos Estados Unidos pelo partido Republicano, Donald Trump está sendo criticado por conta de suas visões sobre a internet – assim como muitos muitas ideias defendidas por ele durante a campanha política.
O bilionário não deseja uma gestão técnica da Internet passe para as mãos de um organismo com representantes da comunidade internacional. O Congresso dos EUA deverá votar uma proposta legislativa que retira do governo dos EUA o poder da gestão técnica da Internet no começo do próximo mês.
Representantes da campanha eleitoral do candidato republicano já vieram a público defender o voto contra a passagem do poder para um organismo internacional. Stephen Miller, diretor da Política Nacional da Campanha Eleitoral de Donald Trump, diz que a passagem do poder de gestão é uma ameaça para a democracia:
A liberdade da Internet vai perder-se irremediavelmente, uma vez que não haverá forma de regresso ao passado depois de a perder.
Ou seja, Trump deseja uma internet gerida única e exclusivamente por americanos. A passagem de poder tem vindo a ser trabalhada desde 2014 pela administração de Barack Obama – e pode ser encarada como um momento histórico da Internet. Atualmente, a gestão técnica da Internet é assegurada pela ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), subordinada ao governo norte-americano.
O principal argumento de Trump é de que o ICANN, mesmo respondendo à presidência, nunca atuou contra a liberdade de expressão, diferentemente de outros países como "China e Rússia, que têm um longo histórico de tentar impor a censura online", conforme consta em uma nota no site do candidato.
Considerado o inventor da internet, Tim Berners-Lee acha a ideia de Trump terrível. E, em parceria com o professor universiário Daniel Weitzner, ele apresentou argumentos favoráveis a um órgão supragovernamental e com participação de vários países:
O que sabemos é que, para a Internet para trabalhar, precisamos de consenso global sobre normas técnicas e procedimentos operacionais tais como aqueles que são administrados pela ICANN. Sem esse consenso, as redes operadas por várias empresas em mais de cem países em todo o mundo deixará de fluir. Os sites concebidos pelas companhias líderes da Internet e centenas de milhões de pessoas deixarão de funcionar. E os nomes de domínio muito que usamos para identificar estes sites irá falhar. Uma das coisas mais inteligentes que os Estados Unidos e seus aliados têm feito ao longo dos anos é incentivar os países, empresas e usuários individuais a contar com o consenso técnico e social que torna o trabalho Internet.
Trump concorre ao cargo na Casa Branca com Hillary Clinton. A votação, que teve o sistema hackeado supostamente russos, está agendada para novembro. A concorrente democrata, inclusive, está envolvida em uma polêmica tecnológica. Hillary é acusada de usar o e-mail pessoal para tratar de assuntos governamentais, o que é visto com muita desconfiança nos Estados Unidos.
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