A Apple, juntamente com outras empresas ocidentais líderes em tecnologia, foi retirada da lista de companhias aprovadas para a compra do estado da China, segundo a Reuters em seu informativo na noite passada.

A lista é mantida e aprovada pelo Ministério das Finanças da China, e cobre gastos regulares pelos ministérios centrais. A partir de agora, o governo chinês não deverá adquirir produtos de empresas como a Apple, a fabricante de equipamentos de rede Cisco Systems e a gigante dos chips Intel.

Aparentemente, o fato seria uma resposta à cyber-vigilância ocidental. Com isso, as marcas foram removidas da lista do Centro de Compras do Governo Central (CGPC). A China parece cada vez mais preocupada em se defender das táticas de vigilância de países como os EUA, como por exemplo, o caso de tentativa de espionagem através do roubo de chaves de segurança de cartões SIM pela NSA, entre outras denúncias de Edward Snowden.

"O incidente Snowden, tornou-se uma preocupação real, especialmente para os principais líderes", disse Tu Xinquan, Diretor do Instituto Chinês de Estudos da WTO na Universidade de Negócios Internacionais e Economia de Pequim. "Em certo sentido, o governo americano tem alguma responsabilidade por isso, as preocupações (da China) têm alguma legitimidade."

Também é possível que o governo da China tenha um outro motivo para a decisão: blindagem da indústria interna de tecnologia, contra a concorrência do exterior, porque foram aprovados "milhares de produtos fabricados localmente", diz o relatório. O governo chinês estaria forçando o fortalecimento de seu próprio mercado tecnológico dentro de seu país.

No cenário atual, as firmas chinesas de tecnologia estão previstas para para crescer no mercado da China em 11.4%, para U$ 465.6 bilhões em 2015, de acordo com pesquisa tecnológica da IDC.

De fato, um oficial do GCPC disse que as empresas de tecnologia de segurança nacional têm oferecido mais garantias em seus produtos do que os rivais no exterior.

Além de hardware e software da Apple, a decisão afeta a Cisco, de modo que em 2012 contava 60 de seus produtos e serviços de rede e servidores na lista do CGPC, mas no final de 2014 já não tinha nenhum.

Outra vítima, a Intel viu a sua empresa de software de segurança McAfee removida da lista, assim como o software de servidor de rede da Citrix Systems.

Embora a lista tenha obtido um salto nos últimos dois anos de 2.000 para quase 5.000 produtos, observadores atribuem o aumento "quase inteiramente devido aos fabricantes locais." Ao mesmo tempo, o número de marcas de tecnologia estrangeiras aprovadas caiu em um terço.