02 Maio 2016
Segundo às operadoras de telefonia e internet, a culpa da imposição de um limite de franquia mensal para o tráfego de dados na internet fixa é culpa dos usuários que consomem muitos dados. Em declaração recente, o diretor do Sinditelebrasil, Carlos Duprat, afirmou que “Não há como garantir qualidade sem disciplinar o uso”.
Ele chamou a atenção para os verdadeiros “vilões” da história, dizendo que 90% das residências fazem um uso de em média 100GB de dados por mês (dados que divergem do que foi postado neste artigo, que mostra que na verdade são quase 150GB).
Já Enylson Camolesi, Diretor de Relações da operadora Vivo, resolveu colocar os “pingos nos is”, afirmando que na operadora, cerca de 2% dos usuários fazem uso de 22% do tráfego; em outras palavras, é como se a empresa direcionasse 20% de seus investimentos para atender apenas a minoria de seus usuários, o que acaba prejudicando os outros que utilizam a internet sem abusar nos dados.
Apesar dos pesares, o argumento acima, que é incansavelmente utilizado pelas telecoms, acaba “caindo por terra” quando, por exemplo, pegamos como referência o modelo de negócios aplicado em países como os EUA, onde usuários que utilizam uma determinada quantia abusiva de dados precisam pagar mais, porém, falamos de um valor fixo, onde há mais transparência e bom senso nas cobranças.
O verdadeiro problema é que as operadoras de telefonia móvel e internet não investem o que deveriam em sua infra-estrutura, vendendo muitas vezes capacidade que não tem, o que acaba causando uma espécie de “engarrafamento” nos dados. É por causa desse “overbooking” que também enfrentamos problemas com nossa internet móvel, que raramente alcança as velocidades que deveria.
Enquanto isso, a ANATEL tenta justificar medidas absurdas como essa, culpando os jogadores de games on-line, porém, ao mesmo tempo esquecendo-se de que estamos na era do streaming de áudio e vídeo e do consumo e captura de conteúdo em resolução 4K.
Para finalizar, Duprat também bateu na mesma tecla dizendo que as receitas obtidas não acompanham o crescimento da demanda; comparação há tempos já descartada por grandes empresas de Networking como, por exemplo, a Ericsson: primeiro por ser algo puramente conceitual, sem dados fundamentados, segundo pelo simples fato de que a ampliação da capacidade das redes custa apenas uma fração do que foi investido em sua implementação.
Apesar de toda argumentação, as telecoms ainda tem um trunfo: a falta de uma legislação que as impeça de implementar modelos de precificação a seu bel-prazer; por não ferir o "Marco Civil da Internet", elas podem agir como quiserem, enquanto nós usuários, acabamos nos prejudicando e pagando pelo erro de uma minoria.
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