20 Fevereiro 2023
Quando a Nokia apresentou o 808 PureView pela primeira vez, o mundo inteiro se perguntou se os 41 megapixels que existem neste aparelho fazem alguma diferença real na qualidade das imagens registradas. Sim, ele faz e faz muita diferença. O problema é que este aparelho, mesmo com o carro chefe declarado para a câmera, ainda conta com um sistema operacional morto, o Symbian, e custa tão caro quanto um iPhone, Android e até mais caro que um Windows Phone. Será que vale a pena comprá-lo? Vamos descobrir.
Caixa do gadget
A caixa do smartphone acompanha o padrão que a Nokia introduziu com os gadgets mais recentes da linha Lumia. Isso significa uma caixa azul, retangular e que abre como uma gaveta. O papelão é de alta qualidade, ele dificilmente irá amassar. Uma base mais rígida segura o celular, e logo abaixo encontramos outra caixinha de papelão que acomoda os manuais e demais materiais impressos.
Acessórios
De fábrica, a Nokia incluiu um fone de ouvido bem estranho, mas que faz um bom som, o cabo microUSB, carregador de tomada e um pequeno acessório que pode segurar o aparelho no braço, feito de couro.
O externo deste aparelho é bastante diferente dos smartphones que vemos por aí, principalmente pela protuberância que apresenta a câmera e pelo peso extra que está justamente na área onde está instalada a lente. Na frente, o gadget mostra uma tela grande de 4 polegadas, coberta com algum filtro polarizado que permite a leitura do display com o sol forte, há também uma câmera frontal VGA, botões para atender a ligação e desligá-la (que também serve para desligar e ligar o smartphone) e o alto-falante para as conversas pelo telefone.
Frente do smartpone
Na lateral esquerda não há nenhum botão, mas do outro lado temos uma alavanca/chave comum nos Symbian, responsável por travar e destravar a tela. Por aqui também encontramos os botões de volume (que também funcionam como controle para o zoom da câmera) e o disparador que registra as fotos.
Chave para destravar a tela
Na parte inferior do smartphone, encontramos apenas o microfone para as chamadas de voz
Já no topo, a Nokia instalou a porta microUSB, microHDMI e a entrada para fones de ouvido no padrão de 3,5 mm.
Porta microHDMI
No fundo, há uma grande saliência que acomoda perfeitamente a câmera de 41 megapixels, o flash LED e o flash principal, de Xenon.
Lente de 41 megapixels
A tampa da bateria é bem firme, e conta com conectores para a conexão NFC. A bateria, de 1.400 mAh, pode parecer bem magrinha para os padrões do Android, mas ela dá conta do recado e entrega uma autonomia que permite o uso durante o dia inteiro. Ao voltar para casa, ainda contava com o finzinho de carga necessário para ler alguns sites e consultar redes sociais.
Bateria de 1.400 mAh
Mesmo com 4 polegadas de tela, a Nokia teve a mesma ideia que a Apple teve ao criar um gadget com estas dimensões: aumentar a altura, não a largura. Pois é, ele fica bem perto de todos os iPhones quando pensamos na largura, e perto do iPhone 5 na altura. As dimensões completas do 808 PureView são: 123,9 milímetros de altura, por 60,2 de largura e 13,9 milímetros de espessura. O peso do gadget é bem grande, são 169 gramas com a bateria já instalada - bastante para os padrões atuais de smartphone.
Nokia 808 PureView
Como a largura não é grande, e o corpo do aparelho é ligeiramente curvado atrás, a pegada é extremamente confortável. O peso extra, junto com o plástico fosco, adiciona mais robustez ao conjunto. Infelizmente o centro do peso do celular está na parte superior, ou seja, quando você segura pela primeira vez, chega a sentir que ele vai cair da mão.
A tela, com o vidro de ponta à ponta, faz com que a sensação de robustez aumente ainda mais.
Pois é, este é o calcanhar de Aquiles deste aparelho. Ele é lindo, a câmera é incrível, mas o sistema operacional está bem morto e enterrado. O Symbian, que aqui ganha o nome de Nokia Belle, conta com várias opções de personalização das telas iniciais, que podem ser forradas com widgets e atalhos para apps e funções do sistema. A barra de notificações também está presente, tudo no melhor estilo Android, ou seja, com alguns botões para ligar ou desligar o Wi-Fi, Bluetooth, dados móveis e até para ligar ou desligar o modo silencioso.
Tela inicial, com widgets
Infelizmente a área de notificações fica ocupada com o nome da rede Wi-Fi e informações da rede móvel. Este espaço poderia ser bem utilizado com mais dados sobre mensagens que chegaram e ligações perdidas. A tela não apresenta sequer o número de quem te ligou, ou algumas palavras das mensagens.
Centro de notificações
A Nokia colocou um processador ARM 11 com 1,3 GHz, acompanhado de 512 MB de memória RAM, o que não impede que o sistema dê alguns engasgos durante o uso. Quando liguei o aparelho, por exemplo, ele já mostrou a tela inicial e seus widgets, porém ao abrir algum app, fui obrigado a ficar olhando para a tela enquanto ela carregava outros recursos do gadget, antes de abrir o app. Parecia que o Symbian estava pronto para o uso, mas não estava.
Multitask
Assim como nos Windows Phone, por aqui basta segurar o botão do meio para poder ver o que está aberto no momento. O processador e memória RAM trabalham bem com o que está aberto, pois consegui abrir 15 apps ao mesmo tempo, enquanto abria alguns outros. Tudo aconteceu sem travar mais do que o sistema já travaria normalmente. Estas travadinhas ocasionais interrompem a beleza do sistema operacional, deixando as transições de telas bem pipocadas.
Office Mobile
De fábrica a Nokia instalou o Office Mobile completo (que é resultado da parceria entre a marca finlandesa e a Microsoft), app que acessa os arquivos dentro do cartão de memória e memória interna do aparelho, Shazan, QuickOffice e um app do YouTube, que infelizmente é apenas um atalho para o navegador.
A resolução de tela que a Nokia escolheu para este aparelho é de 360 x 640 pixels, muito baixa para os padrões atuais de smartphones. Baixa demais principalmente para um celular que é vendido como top de linha, maior da empresa. Esta quantia de pixels resulta em apenas 184 pixels por polegada de densidade de pixels, valor baixo até para um Android de médio custo, que não sai por mais de R$ 1 mil.
Nokia Maps
O Nokia Maps é, como sempre, um ótimo companheiro para encontrar seu caminho para casa. O maior trunfo é a possibilidade de baixar os mapas completos e rodar apenas com o GPS ligado, sem gastar nada de dados. O melhor de tudo é que o Nokia Maps permite a navegação por voz, como num GPS tradicional, sem qualquer custo para o usuário.
Apps já instalados
Como o Symbian está morto, os apps para ele não são tão novos quanto os lançados para Androide iOS, por exemplo. A versão do Facebook ainda não apresenta o novo perfil, o Twitter ainda está com o ícone antigo e o YouTube, como disse, é apenas um atalho do navegador e não um app nativo. Pior, é que dificilmente estes apps serão atualizados.
Nokia 808 PureView
O navegador não é dos melhores, perde feio para o Android, iOS e para o Windows Phone. A função de zoom leva tempo para adequar a tela com a proximidade do conteúdo. Fica tudo quadriculado e depois o sistema vai suavizando. O movimento pela página também não é dos mais velozes.
O 808 PureView não é o melhor smartphone para jogos, por alguns motivos. Ele não conta com os mais recentes lançamentos, como todos os Angry Birds, ou o pesadíssimo Dead Trigger, muito menos o popular Fifa 13. A Nokia dá de presente alguns games, mas tentamos baixar o Angry Birds original, sem sucesso. O download é interrompido e nada consegue trazer o game para o smartphone.
Player de música
Porém, o aparelho conta com um (apenas um) jogo instalado na memória: o famoso Bounce. O problema é que ele só funciona entre dois jogadores, ou seja, não conseguimos testar o desempenho de nenhum game neste aparelho. Como ele já não conta com a melhor cartela de opções, é bem provável que este dispositivo rode bem tudo o que há na Nokia Store.
Rádio FM
O player de música executou qualquer MP3 que colocamos, de todos os tamanhos e qualidades possíveis. Há exibição das capas dos álbuns e informações que estão gravadas na tag ID3 do arquivo foram lidas, sem nenhum problema. Na parte de músicas, ainda há um app que acessa rádios FM e o som que está tocando pode ser enviado via ondas FM para um aparelho próximo.
Vídeo em 1080p
O que chamou a nossa atenção foi o player de vídeo. Ele é capaz de reproduzir vídeos na extensão mkv, em alta definição e até com legendas externas! Sim, ele é o único player nativo do mercado que faz isso, já instalado e pronto para usar. Em testes com vídeos, ele rodou até um trailer em 1080p sem qualquer pulada ou travada.
Chegamos, chegamos no ponto fortíssimo deste smartphone: sua câmera. A Nokia conseguiu encaixar 41 megapixels dentro do sensor, mas acredite em mim, os 8 megapixels com o nome PureView valem muito mais do que toda a resolução disponível aqui. A qualidade das imagens geradas é superior a qualquer outro smartphone que eu já vi, melhor do que todos os existentes - e de muito longe.
Nokia 808 PureView
A grande sacada aqui não são os 41 megapixels, que vão atrair o público que compra câmeras pensando apenas na resolução, mas sim a tecnologia PureView que consegue aglomerar muitos detalhes em fotos de 8 megapixels, por exemplo. Esta tecnologia permite até que o zoom digital seja aplicado, sem aquela péssima qualidade de fotos geradas. Também é possível fotografar com a resolução máxima (38 megapixels para fotos em 4:3 e 34 megapixels para fotos em 16:9), mas a qualidade final das imagens em 8 megapixels é tão grande, que você nem vai lembrar que a câmera registra mais pixels.
Foto com bastante luz
Em fotos noturnas, a qualidade acompanha o que o gadget faz de dia. O granulado é mínimo e o flash Xenon faz muito bem seu trabalho, que ilumina muito mais do que qualquer LED. Este flash é o mesmo que está em câmeras compactas.
Foto com pouca luz
O app de câmera ainda oferece alguns ajustes, como o controle do ISO, proporção da foto, qualidade da imagem e até a compensação pela exposição (que pode subir, ou descer, quatro níveis). Porém, dá para sair batendo fotos com tudo no automático, que o resultado final é muito bom. Também é possível inserir alguns efeitos de filtros na tela e escolher o modo de cena, que pode tirar fotos em macro.
No vídeo, o filme gravado pode ter até 1080p (Full HD) e ele compartilha da mesma alta qualidade das fotos, sendo que é possível até dar zoom, enquanto está filmando. O vídeo pode ter 30, 25, 24 ou 15 quadros por segundo, nas resoluções 1080p, 720p e 360p. Ainda é possível escolher a saturação, contraste e nitidez da imagem gravada.
Pontos fortes
- 41 megapixels
- Tecnologia PureView
- Player de vídeo competente
- Robustez do aparelho
Pontos fracos
- Symbian
- Faltam aplicativos
- Navegador lerdo
- Pesado demais na parte de cima
Se você pensa em uma super câmera, que ainda faz ligações, ele é o que você procura. O problema é que ele custa R$ 1.800 no varejo, preço que está um iPhone 4S, um Galaxy S III e até mais do que o Motorola Razr MAXX. É bem mais caro que qualquer concorrente que conta com muitos apps e todos eles recebendo a atualização que merecem.
A qualidade da câmera é excelente, algo nunca visto antes em um celular. A Nokia atacou onde ela sabe mais atacar, mas cobra horrores por um sistema operacional móvel que ela mesma já assinou a certidão de óbito. Por este preço, mas com uma ótima câmera, é melhor esperar pelo Lumia 920. Este Lumia virá com uma versão polida do Windows Phone 8 e tira ótimas fotos, sem sair da marca Nokia.
Caro demais, só por uma câmera bonita
Ótima qualidade nos materiais. Resistente e organizado.
Confortável nas mãos, mas o peso na parte de cima preocupa.
Symbian não é o sistema mais simples de se usar, e não mudou muito.
Rodou vídeos mkv em 720p e com legenda externa, sem necessidade de player extra! Muito bom.
Pela câmera, vale os R$ 1.800. Pelo sistema operacional, não vale R$ 800.
Onde Comprar
As melhoras ofertas para o Nokia 808 Pure View