No final de janeiro, a Xiaomi anunciou o lançamento da linha Redmi Note 14 no Brasil, trazendo quatro modelos distintos para atender a diferentes perfis de público – desde os que buscam um dispositivo mais simples até os que preferem um modelo avançado com foco em câmeras. O TudoCelular teve a oportunidade de testar o modelo mais básico da linha, o Redmi Note 14 na versão 4G. Será que ele fará tanto sucesso quanto seu antecessor por aqui? Vamos analisar seus pontos positivos e negativos para descobrir se vale a pena investir nele.

O Redmi Note 14 4G vem em caixa clara com a ilustração do aparelho na tampa. Além do celular, você recebe os seguintes acessórios:

• Carregador com 33W de potência
• Cabo USB no padrão C
• Guia do usuário
• Capa de silicone
• Chavinha da gaveta do SIM Card

À primeira vista, já é possível perceber que o design do modelo intermediário mais básico da Xiaomi passou por mudanças. Enquanto o antecessor apostava em um visual mais minimalista, com os aros das câmeras isolados na traseira, o novo modelo retorna ao padrão tradicional, com um bloco saliente que separa os sensores e o flash do restante do conjunto.

Recebemos a versão azul para os testes, mas o Redmi Note 14 também está disponível nas cores preta, verde e lilás. Em todas as versões, o celular apresenta uma estrutura lateral metálica completamente plana, que a Xiaomi promete ser altamente resistente. Por dentro, foi incorporado um tipo de espuma que auxilia na absorção de impactos, aumentando a durabilidade do aparelho.

A parte frontal, no entanto, decepciona um pouco, já que as bordas são mais largas em comparação ao modelo anterior. Por outro lado, a tela conta com o Gorilla Glass 5, o que oferece maior resistência a riscos e trincas. A certificação IP54 segue presente, garantindo proteção contra poeira e respingos, além de permitir que o dispositivo sobreviva a uma chuva leve.

O acabamento traseiro é feito de plástico fosco que imita vidro. A qualidade do material é agradável e confere uma sensação mais sofisticada do que o usualmente encontrado em celulares desse segmento. O Redmi Note 14 ficou mais espesso e pesado devido ao aumento da bateria, mas isso não compromete a ergonomia.

A Xiaomi manteve o conector padrão para fones de ouvido, localizado na parte superior, próximo ao emissor infravermelho, que possibilita utilizar o celular como controle remoto para diversos dispositivos. O aparelho conta ainda com uma gaveta híbrida para expansão de memória, permitindo o uso de um cartão microSD no lugar de um segundo chip.

O leitor biométrico permanece integrado à tela e desempenha bem sua função, estando em uma posição confortável. Em termos de conectividade, o modelo oferece Wi-Fi 5, compatível com redes de 5 GHz, e Bluetooth 5.3. No entanto, o modelo testado fica devendo o suporte a NFC.

O conjunto multimídia do Redmi Note 14 é composto por uma tela de 6,67 polegadas com resolução Full HD+ e taxa de atualização de 120 Hz. O painel AMOLED promete atingir um brilho máximo de 1.800 nits, e em nossos testes, conseguimos ultrapassar essa marca, chegando a quase 2.000 nits no modo automático e perto de 900 nits no manual. Sendo este um dos seus pontos mais fortes.

Infelizmente, a tela do Redmi Note 14 não oferece suporte a HDR, o que limita o aproveitamento desse brilho elevado em serviços de streaming. No entanto, o dispositivo compensa com um ótimo ângulo de visão e contraste, garantindo imagens vibrantes. A calibração padrão tende para tons mais frios, mas é possível ajustar a temperatura de cor nas configurações.

A taxa de atualização alterna automaticamente entre 60 e 120 Hz, dependendo do tipo de conteúdo exibido. O usuário também pode optar por uma configuração personalizada, escolhendo uma das duas velocidades para priorizar fluidez máxima ou maior duração da bateria.

A Xiaomi mantém a aposta em som estéreo, mesmo no modelo mais simples da linha. Há uma saída de áudio dedicada na parte superior, aproveitando o canal secundário criado pelo alto-falante de chamadas. Como resultado, o aparelho oferece uma experiência de som mais imersiva, com três saídas de áudio.

A potência sonora é satisfatória para filmes, jogos e música, mas a qualidade do áudio poderia ser melhor. O Redmi Note 14 consegue reproduzir bem os graves e agudos, mas peca na presença de médios. No entanto, o equalizador com suporte ao Dolby Atmos ajuda a minimizar essa limitação.

A Xiaomi optou pelo chipset Helio G99 Ultra para equipar o seu novo intermediário acessível. Embora esse hardware não seja dos mais potentes, ele conta com um processador octa-core e a GPU Mali-G57, garantindo um bom desempenho para a maioria das tarefas cotidianas.

A versão que testamos vem com 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno, mas o modelo lançado oficialmente no Brasil possui 8 GB de RAM e o dobro de armazenamento, oferecendo mais capacidade para quem precisa de mais espaço e performance.

Em termos de desempenho, o Redmi Note 14 não se destaca tanto, especialmente quando se trata de velocidade. Durante os nossos testes de multitarefa, o dispositivo teve dificuldades em manter os aplicativos abertos, recarregando a maioria deles. Isso é particularmente perceptível na versão de 6 GB de RAM que testamos. Para usuários que pretendem usar diversos apps simultaneamente, recomendamos a versão com 8 GB de RAM, que deve oferecer uma experiência mais fluida.

Nos benchmarks, os resultados são modestos, como era de se esperar de um hardware focado em custo-benefício. No AnTuTu, o dispositivo alcança pouco mais de 400 mil pontos, ficando abaixo de outros intermediários mais recentes com conectividade 5G.

Em jogos, o desempenho é razoável. Em Call of Duty Mobile, o aparelho consegue rodar o game na qualidade gráfica média, com uma taxa de quadros no alto, o que garante uma jogabilidade satisfatória. Em PUBG Mobile, o desempenho também é bom, conseguindo rodar o jogo em qualidade HD no modo alto, oferecendo uma experiência de jogo estável.

Um dos avanços do Redmi Note 14 é o aumento de sua bateria, que agora tem 5.500 mAh. Em teoria, isso deveria garantir uma duração superior em relação ao modelo anterior, mas os resultados dos nossos testes mostraram o contrário.

O novo intermediário acessível da Xiaomi alcançou 28 horas de uso moderado, com apps populares e alguns jogos, o que é um desempenho decepcionante, especialmente considerando que o modelo anterior, com uma bateria menor, entregou um desempenho melhor.

O aparelho vem com o carregador de 33W, já familiar, que leva cerca de 1 hora e 20 minutos para carregar completamente a bateria. Em termos de recarga rápida, 15 minutos na tomada garantem pouco mais de 20% de carga, e após meia hora de carga, a bateria ultrapassa os 40%.

O conjunto fotográfico do Redmi Note 14 sofreu algumas alterações. A câmera principal mantém o sensor de 108 MP da geração anterior, enquanto a ultra-wide foi substituída por um sensor de profundidade de 2 MP, mesma resolução da câmera macro.

Embora o sensor de 108 MP pareça impressionante para a categoria, seu desempenho não atinge todo o potencial devido ao hardware mais modesto. O aparelho consegue capturar imagens com boas cores e contraste razoável. O HDR ajuda a equilibrar a luz de fundo, mas é importante evitar usar o desfoque em cenários com forte contraste de luz, pois isso pode prejudicar a qualidade da foto.

Padrão | 108 MP

Por padrão, as imagens são comprimidas para 12 MP, o que resulta em arquivos mais leves e fáceis de gerenciar. Usar toda a resolução de 108 MP é possível, mas o ganho em nitidez é sutil, tornando o aumento no consumo de memória pouco vantajoso. Além disso, o HDR se torna limitado nesse modo, com algumas áreas de luz intensa ficando estouradas.

O zoom digital apresenta uma perda significativa de nitidez, mesmo quando utilizado em aproximações de até duas vezes. A câmera macro, com seu sensor de baixa resolução, também não se destaca, já que não consegue capturar muitos detalhes de objetos pequenos.

Macro

Profundidade

Em condições de baixa luminosidade, o Redmi Note 14 não decepciona, oferecendo imagens com boa exposição e cores agradáveis. Ao utilizar o zoom à noite, as fotos ficam mais granuladas, e a câmera de desfoque falha em alguns casos, afetando a qualidade da imagem.

Noturno

A câmera frontal de 20 MP captura boas selfies, com cores vibrantes e um tom de pele natural em ambientes bem iluminados. Porém, não há uma grande melhoria na nitidez em relação ao modelo anterior, mesmo com o avanço do novo sensor. À noite, a qualidade das selfies cai, com ruídos visíveis e a nitidez comprometida. O efeito de desfoque, apesar de funcionar, acaba suavizando demais as fotos.

Selfies

Para gravação de vídeos, tanto a câmera traseira quanto a frontal filmam em Full HD. A qualidade geral dos vídeos é boa, mas a falta de estabilização é um ponto negativo, resultando em imagens tremidas. O foco poderia ser mais rápido e preciso, mas a captura de áudio estéreo entrega um som claro e satisfatório.

O Redmi Note 14 vem com Android 14, modificado pela nova interface HyperOS, ainda em sua primeira versão. A marca promete um suporte de dois anos para atualizações de sistema e pacotes de segurança, garantindo que o dispositivo continue seguro e funcional ao longo do tempo.

Em termos de interface, o HyperOS não traz grandes inovações exclusivas para o Redmi Note 14, com muitos dos recursos já disponíveis em outros lançamentos recentes da marca. Entre os destaques, estão algumas funcionalidades baseadas em Inteligência Artificial, tanto desenvolvidas pela própria Xiaomi quanto integradas do Google, como o assistente pessoal Gemini, que oferece comandos de voz e interações mais naturais para facilitar o uso diário.

Entre as funcionalidades otimizadas por IA, um recurso interessante é a "borracha" para remoção de objetos indesejados nas fotos. Embora essa funcionalidade seja útil, o desempenho do Note 14 não é tão preciso quanto o encontrado em modelos mais caros, devido ao hardware mais simples. Isso significa que, embora o recurso funcione, os resultados nem sempre são tão refinados ou bem executados.

Para quem gosta de editar fotos, a IA também oferece algumas opções interessantes. Uma das mais notáveis é a possibilidade de alterar a cor do céu nas imagens, com diferentes efeitos e filtros, permitindo uma personalização mais avançada das fotos.

Além disso, a interface oferece outros recursos que tornam a experiência mais intuitiva, como a integração mais fluida com os serviços do Google e um sistema de navegação por gestos que é cada vez mais popular em intermediários.

Na disputa entre os intermediários acessíveis com conectividade 4G, será que o Redmi Note 14 consegue superar o Honor X8b? Embora ambos tenham o mesmo tamanho de tela, o modelo da Xiaomi é maior devido às bordas mais espessas. Por outro lado, ele se destaca com um painel de 120 Hz, que oferece uma fluidez superior. No desempenho, o Redmi Note 14 é um pouco mais lento, enquanto a duração da bateria é praticamente igual à do rival da Honor. O X8b também possui uma câmera de 108 MP, mas opta por uma lente ultra-wide, mais útil do que a lente de profundidade presente no Redmi.

Agora, comparando com o Poco M6 Pro, qual será a melhor escolha? O Poco se sai melhor em multitarefas, sendo mais ágil, mas sua bateria tem uma autonomia ligeiramente inferior, embora recarregue mais rápido. O conjunto multimídia é semelhante em ambos, tanto em termos de tela quanto de áudio. Quando o assunto é câmera, o Redmi traz um sensor mais avançado, enquanto o M6 Pro conta com a lente ultra-wide, que proporciona uma experiência mais completa.

Pontos fortes

• Melhor tela da categoria
• Som estéreo potente
• Bom tempo de recarga
• Faz boas fotos diurnas

Pontos fracos

• Bordas mais largas
• Perdeu autonomia de bateria
• Perdeu câmera ultra-wide