22 Março 2015
O MacBook que foi anunciado nesta segunda-feira, durante a coletiva da Apple, está longe de ser uma máquina dos meus sonhos. Não aceito pagar R$ 8 mil em um hardware de netbook, só que com tela bacana e touchpad renovado. Porém, há algo nele que precisa continuar existindo em todos os outros aparelhos, seja um Apple ou qualquer outro fabricante: a porta USB-C. Ela é o futuro, assim espero, dos dispositivos móveis e precisa ser adotada.
Ok, eu mesmo sei que a mudança do atual USB para o USB-C é bastante dolorosa por motivos de: nada que você tem hoje, vai encaixar no novo padrão (que não é invenção da Apple, tá?). Adaptadores são necessários e eles não custam barato - na Apple, que costuma ter tudo mais caro, o adaptador sai por US$ 79, ou aproximadamente R$ 260, sem contar impostos. Há alguns enormes e incríveis motivos para que este conector seja utilizado como padrão nos dispositivos. Vou listar aqui alguns deles:
Você pode recarregar vários aparelhos, ao mesmo tempo.
Sim, ele é realmente uma porta USB como outra qualquer (serve para passar dados do ponto A para o ponto B), mas faz muito mais do que isso. A primeira novidade é que você pode enviar muito mais energia pelo cabo e esta energia pode circular em qualquer direção. É por isso que o cabo USB-C também carrega a bateria do MacBook. A energia, que pode ser de até 20V em 5A (ou 100W), pode ser utilizada para carregar um smartphone plugado no computador ou então o próprio computador, com uma bateria externa ou ligado direto na tomada. Esta quantidade de energia que o cabo suporta ainda é capaz de carregar múltiplos gadgets ao mesmo tempo - imagine que você vai colocar um HUB e que ele vai carregar quatro celulares ao mesmo tempo e sem necessidade de fonte de energia adicional, para não diminuir a velocidade de recarga das baterias.
Muito mais velocidade, num cabo menor.
Outro ponto fica na transferência de dados, que pode chegar até 10 Gbps. Hoje, o USB mais veloz chega em metade disso. Esta velocidade fica próximo do que o Thunderbolt consegue, mas sem a necessidade da complexidade que o cabo patenteado da Intel exige. Para ajudar a entender, lembre-se que o cabo da Intel conta com um micro processador na ponta. Isso faz o cabo ficar mais caro e com maior dificuldade de produção em massa - é exatamente por isso que o MacBook não vem com um Thunderbolt, já que a Apple não precisa pagar nada para a Intel para usar o USB-C.
O cabo é reversível.
Sim, é o fim da lei do universo que você precisa tentar três vezes até conseguir plugar o cabo USB. Assim como o Lightning, o USB-C pode ser conectado em qualquer posição. Imagine só, poder colocar o pendrive USB direto no computador e sem olhar para a porta. Basta encaixar e pronto, até no escuro.
Um cabo para tudo.
Chega de cabos, mil cabos espalhados pela mesa. Hoje, aqui no meu computador, tenho dois USB carregando celular, um HDMI levando imagem para o monitor, um de energia para carregar a bateria do computador e um para áudio, que leva som para as caixinhas de som. Imagine substituir tudo isso por apenas um cabo, de um tipo. Não digo de condensar todas as portas em uma só, mas sim de unificar os cabos e, desta forma, evitar o problema de ter um cabo específico para seu dispositivo. Qualquer amigo que tem um USB-C sobrando, pode te emprestar quando você esquecer seu cabo do carregador, HDMI, VGA e muitos outros. Um só.
O USB-C é exatamente do mesmo tamanho que um micro-USB.
Pois é, ele é exatamente do mesmo tamanho que um micro-USB que é utilizado hoje para carregar, por exemplo, smartphones e o controle do PS4. Com 8,4 milímetros por 2,6 milímetros, temos as mesmas medidas do cabo que você tem na sua casa, agora.
O USB-C não é exclusivo da Apple.
A Apple curte exclusividade em seus acessórios e tudo mais que ela faz. Porém, neste caso, a nova porta USB não é propriedade da Apple. Ela é, na verdade, um novo padrão de indústria e que pode ser utilizado em uma infinidade de fabricantes e tipos de aparelhos - mais uma vez, o "um cabo para tudo" faz sentido. O que fez maior barulho por aqui é que o MacBook é o primeiro notebook que adota esta entrada.
Já existem coisas com porta USB-C.
Sim! Já temos alguns dispositivos, ainda em número bem pequeno, mas que apresentam este tipo de interface na hora de conectar com outro dispositivo. A Sandisk, por exemplo, tem um pendrive de 32 GB e que conta com o USB-C na hora de ser espetado no computador. O recente tablet Nokia N1, que vem com Android, também trabalha com conexão USB-C - mas, neste caso, a Nokia escolheu limitar a velocidade do cabo para 5Mbps, que é o padrão do USB-B, porta que usamos hoje.
Ainda é cedo para afirmar que a Apple vai abandonar o Lightning e trocar de conector mais uma vez. Meu chute é que ela vai continuar com este tipo de conector em seus aparelhos portáteis, com ponta USB-B e venderá adaptadores até o momento em que mais MacBooks e iMacs, Macs Mini e Macs Pro estejam todos com o USB-C.
A Apple começou errado e colocou apenas uma porta deste tipo, o que obriga o usuário a comprar um adaptador para conectar outras coisas ao mesmo tempo. Esta é uma estratégia comum da empresa da maçã e, mesmo se você reclamar, ainda será assim (ela vende mais e mais a cada ano, pra quê mudar algo se tudo vai bem independente da reclamação?). Espero, do fundo do coração, ver computadores com duas, três ou mais portas destas e, desta forma, ver o USB-C nos smartphones, tablets e dispositivos externos como baterias, pendrives e muito mais.
Sim, o USB-C é o futuro da computação e a indústria precisa utilizar em seus novos aparelhos.
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