A proposta de lei que pode obrigar empresas a oferecer ferramentas ao estado para passar pela criptografia de dispositivos eletrônicos já está pronta para ser apresentada no Senado americano. Escrita pelo senador republicano de Virgínia Richard Burr, juntamente com a democrata Dianne Feinstein, da Califórnia, a proposta pode "proibir tecnologia que cidadãos americanos usam para se proteger", segundo outro democrata, Ron Wyden, contrário à proposta.

A lei chega como resposta à insistente recusa da Apple e de outras empresas de tecnologia em ajudar o FBI em casos como o do iPhone do atirador de San Bernardino ou do caso relacionado a drogas do Brooklyn. Burr e Feinstein querem que estas companhias entreguem dados não criptografados quando solicitados, assim como ajudem investigadores com a tecnologia necessária para acessar dados que o governo tenha em mãos. O texto ainda abre brechas para impedir que empresas e usuários utilizem qualquer tipo de criptografia de ponta a ponta. Wyden, no entanto, é contra a lei e prometeu, por sua conta no Twitter, barrá-la como for possível.

Farei tudo a meu alcance para parar a lei anti criptografia de Burr-Feinstein. Ela deixa os americanos menos seguros. Esta lei anti criptografia iria efetivamente proibir tecnologia que cidadãos americanos usam para se proteger. Se esta perigosa lei chegar ao Senado, eu vou obstruí-la. Ponto.

If this dangerous anti-encryption legislation reaches the Senate floor, I will filibuster it. Period.

— Ron Wyden (@RonWyden) April 13, 2016

De acordo com o senador por Washington, a lei pode proibir qualquer tipo de criptografia mais poderosa, como a ponta a ponta, recentemente adotada pelo Whatsapp, por exemplo. Na visão de Wyden, este tipo de lei não tornará os Estados Unidos mais seguros de terroristas, mas sim deixaria os cidadãos "mais vulneráveis a perseguidores, ladrões de identidade, hackers e criminosos estrangeiros", uma vez que "agentes maus continuarão a ter acesso à criptografia, de centenas de fontes além-mar".

A proposta de lei ainda não foi apresentada oficialmente, mas a sanha governista em acabar com a criptografia vai longe. Enquanto os apoiadores da proposta argumentam ser este um mal necessário para pegar criminosos e terroristas, os contrários alegam direito à privacidade. Google, Microsoft, Amazon, Facebook e Apple, entre outras, podem partir com tudo para evitar que a lei seja aprovada. No entanto, é certo que, mesmo que esta proposta em particular seja derrubada, este não será o fim desta história.

E você, que lado acha que está certo? O FBI e os relatores da lei anti criptografia, ou as empresas de tecnologia e o senador Wyden?