Curiosidade 02 Out
Víctor Buso não é um astrônomo profissional. Ao contrário, sua profissão é a de chaveiro, mas a astronomia é um hobby desde a infância do argentino. Ele observa e registra o céu com sua câmera muito mais modesta do que os telescópios da NASA e agências espaciais mundo afora, mas isso não o impediu de capturar imagens de uma estrela explodindo.
Foi um golpe de sorte sem precedentes. Na verdade, mesmo os cientistas contam com a ajudinha do destiho para registrar momentos como este. De acordo com profissionais, foi "quase como ganhar na loteria cósmica".
Apesar de amador, o chaveiro de 58 anos tem um aparato invejável. Seu telescópio do tipo newtoniano, de 40 centímetros, fica instalado no "Observatório Busoniano", o cômodo em formato circular localizado no terceiro andar de sua casa, onde passa noites estudando os astros .
No dia 20 de setembro de 2016, Buso experimentava sua câmera nova que acabara de chegar, e tirava fotos aleatórias para testar a qualidade do dispositivo. Ele procurou uma galáxia "grandinha" para poder testar o novo equipamento, e foi aí que ele viu um ponto brilhante e capturou as primeiras faíscas de uma supernova que saiu de dentro de uma galáxia espiral.
Nesse momento, Buso ainda não se dera conta da sorte que teve.
E nesse momento exato, começou a aparecer uma explosão - mas eu não sabia que se tratava de uma supernova.
Ele conhecia os procedimentos e regras da astrologia, e sabia que se demorasse a alertar a União Astronômica Internacional, outra pessoa poderia reivindicar a descoberta.
Rapidamente, ele comunicou aos profissionais sobre seu sortilégio, e todos puderam mirar no ponto certo para testemunhar o fenômeno cósmico na galáxia NGC 613. Ela está localizada na constelação Sculptor, a 80 milhões de anos-luz da Terra.
Para se ter uma noção do tamanho da sorte do homem, a maioria das supernovas acontecem muito longe da Terra e passam desapercebidas até que a explosão se complete e o brilho seja detectado. Isso também se deve ao fato de que a poeira interestelar obstrui a luz das supernovas, e elas só "queimam" durante um curto período de tempo.
De acordo com os pesquisadores, a chance de uma descoberta como esta é uma em 10 milhões, ou até mesmo uma em 100 milhões.
Graças ao aviso do argentino amador, os astrônomos conseguiram mirar na galáxia no momento de "breakout", que é quando uma onda de radiação sai do núcleo da estrela e chega à superfície dela.
Demorou 17 meses, mas a história sobre a descoberta de Buso foi publicada na revista científica Nature, com o nome do argentino entre os autores do artigo, ao lado de suas fotos da supernova.
Sem dúvida, um grande feito para alguém apaixonado por astronomia que criou o seu primeiro telescópio aos 11 anos, com as lupas da mãe.
Comentários