O órgão de administração de alimentos e drogas dos Estados Unidos anunciou hoje (25) a aprovação do primeiro remédio a base de canabidiol para uso restrito por cidadãos que sofrem de duas raras formas de epilepsia. O medicamento, chamado de Epidiolex, não causa intoxicações ou aumenta a euforia dos usuários, servindo para aliviar - com resultados comprovados - as dores e a frequência de convulsões.

A aprovação é histórica, mas existe um grande porém: é necessário que o setor de política de drogas estadunidense retire a maconha da sua lista de drogas do tipo 1, onde também são enquadradas a heróina e o LSD. Isso porque enquanto ela permanecer lá, continuará vedada a sua aplicação mesmo em farmacêuticos.

Para a GW Pharmaceuticals - que detêm os direitos de produzir o Epidiolex - a decisão de hoje claramente trará consequências positivas nas próximas semanas, permitindo o uso da maconha em diversos outros medicamentos, sempre com sua aplicação a nível medicinal, assim que ela sair da lista de drogas mais nocivas.

É esperado que o órgão mude a classificação do canabidiol nos próximos 90 dias, mas a curto prazo a GW acredita que outras medidas já poderão ser adiantadas, enquanto a empresa aguarda os entraves burocráticos.

A aprovação de hoje do Epidiolex é uma conquista histórica. Oferecer aos pacientes e suas famílias o primeiro e único medicamento aprovado pela federação para tratar esses dois tipos severos de epilepsia... esses pacientes merecem e em breve terão acesso ao medicamento que foi intensamente estudado e comprovado clinicamente, e produzido para assegurar a qualidade e disponibilidade de acordo com prescrições específicas." - Justin Gover, CEO da GW

Como você deve suspeitar, não é novidade que em partes dos Estados Unidos já seja permitida a distribuição de medicamentos a base de maconha. Porém, como cada estado tem a liberdade para legislar de forma mais autônoma, a permissão nunca foi consenso, o que poderá mudar em breve.

Os pontos positivos incluem, é claro, o tratamento assertivo de pacientes com constantes crises convulsivas, além de uma regulamentação a nível federal permitir o melhor controle de qualidade dos medicamentos. Estima-se hoje que 70% dos medicamentos a base de canabidiol distribuídos em solo norte-americano sejam falsificados.

Alguns dos efeitos colaterais do Epidiolex incluem perda de sono, letargia, perda de apetite, diarreia e fadiga, alguns comportamentos que vão contra o que se tem de senso comum sobre a maconha.

Em todo caso, sua recepção deverá ser extremamente positiva por parte dos futuros usuários: testes laboratoriais apontaram que em um grupo de testes o medicamento foi capaz de reduzir a frequência de convulsões em mais de 500 pacientes com duas síndromes consideradas incuráveis.

No Brasil, alguns medicamentos a base de canabidiol já entraram em produção para comercialização sob prescrição médica.