Curiosidade 23 Nov
Já falamos sobre o sistema de classificação social chinesa, que lembra muito o episódio Nosedive, da terceira temporada de Black Mirror.
O polêmico projeto, que prevê sanções aos direitos de locomoção e crédito para quem não se encaixar nas leis locais - e isso inclui até os gamers! -, tem um novo e inusitado alvo: os cientistas.
De acordo com o escritor David Cyranoski, da Nature News, "pesquisadores na China que cometem má conduta científica podem em breve ser impedidos de obter um empréstimo bancário, administrar uma empresa ou se candidatar a um emprego de serviço público".
Se a regulação do setor era feita antes pelo Miinstério da Ciência chinês e suas universidades, hoje uma série de agências governamentais passam a ter poder para aplicar penalidades a cientistas, segundo o escritor.
O caso ocorre à experiência de edição de genes feita pelo cientista chinês He Jiankui, cujos detalhes foram divulgados no final do mês passado. O cientista admitiu usar uma ferramenta de edição de genes para modificar embriões humanos, em pesquisa realizada em segredo e sem passar pelos canais normais. O governo chinês fechou o projeto e decidiu investigá-lo. O cientista está desaparecido.
O anúncio da inclusão de cientistas no sistema de crédito social vai ao encontro de uma série de questionamentos feitos à comunidade científica do país. Há relatos de cientistas falsificando dados e currículos, por exemplo.
O governo chinês anunciou que reprimiria a má conduta de seus cientistas no início do ano, com medidas que incluiriam um cadastro nacional de infratores e impedi-los de trabalhar fora da academia.
O sistema de classificação social, que já está em funcionamento, deve chegar à capital Pequim até 2020.
Já foram restringidas 11 milhões de reservas de voos e viagens de trem para suspeitos ou condenados por crimes financeiros. Na outra ponta, doadores de sangue e trabalhadores voluntários têm prioridade nesses modais.
O governo de Pequim refuta as comparações do seu sistema de crédito social com a série britânica, dizendo que a iniciativa é uma forma de melhor atender aos anseios de sua população de mais de 21 milhões de habitantes, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho das autoridades e empresas de crédito.
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