Tupac cantando com Snoop Dogg no Festival Coachella, Michael Jackson no Billboard Music Awards e, mais recentemente, Lucas Lima abrindo o espetáculo Led Zeppelin In Concert no Allianz Parque. O que há em comum nesses três eventos? Todos se apresentaram através de holograma.

Contudo, a diferença é que, diferente dos dois primeiros, o violinista da Família Lima está vivo e se apresentou em tempo real a quilômetros de distância da arena palmeirense. E isso foi permitido graças ao 5G, combinando sua altíssima velocidade com latência mínima, que eliminam o atraso e permitem recriar uma imagem virtual.

A demonstração - história para a música e tecnologia brasileira - foi comandada pela Claro e pela Ericsson. A operadora, premiada como dona da Internet mais rápida do país, obteve uma licença temporária da Anatel para equipar o estádio com tecnologia 5G fornecida pela empresa sueca.

O músico apareceu em tempo real em forma de holograma, conversou com o maestro Eder Paolozzi e, em seguida, tocou a música Black Dog, de Led Zeppelin, em seu violino. As imagens projetadas de Lucas foram geradas na sede da Claro, localizada na zona sul de São Paulo e distante 16km do Allianz Parque.

A gente optou por um usecase voltado para a indústria de entretenimento, que é algo que faz parte da nossa estratégia, do nosso DNA, a gente trabalha muito temas relacionados a conteúdo e entretenimento, mas o 5G vem para transformar o Brasil e a indústria como um todo, e a internet é só uma delas.

Leonardo Contrucci, diretor de serviços digitais e inovação da Claro.

A experiência com 5G foi complementada pelo uso de óculos de realidade virtual (VR) que, conectados ao 5G, permitiam que as pessoas pudessem ter a sensação de estar no meio do palco e interagindo com a orquestra. Uma câmera especial de até 8k de resolução, e filmagem em 360°, foi instalada entre o maestro e a Nova Orquestra. Esse equipamento, usando a tecnologia VR, possibilitou assistir em tempo real a movimentação do maestro e dos músicos pelo palco.

O TudoCelular conversou com Leonardo Contrucci, diretor de serviços digitais e inovação, e Ane Lopes, diretora de marca e comunicação da Claro. A entrevista completa está no vídeo fixado no topo da matéria. Destacaremos alguns dos principais trechos

Para permitir a realização da demonstração, a Ericsson instalou no Allianz Parque uma rede 5G composta pela solução AIR 6488 (que agrega rádio e antena em um produto só) com Massive MIMO – que é uma feature que permite múltiplas conexões simultâneas em um mesmo dispositivo.

A rede foi operada na frequência 3,5Ghz com largura de banda de 100MHz, autorizada pela Anatel, atingindo taxas acima de 1 Gbps. Essas taxas foram alcançadas graças à combinação das faixas de frequência LTE com a faixa de frequência 5G, mostrando assim a compatibilidade e convivência entre as duas tecnologias.

Além disso, a Claro triplicou a capacidade da rede comercial 4,5G no interior do estádio através da da agregação de quatro faixas de frequência LTE. para garantir alta capacidade da rede e baixa latência para atuais e futuros casos de uso do 5G, a rede de acesso foi integrada a uma solução vEPC da Ericsson.

Para que tudo isso pode acontecer com mais frequência, é necessário que o 5G - realidade em outros quatro continentes - chegue ao Brasil. A definição da data do leilão, inicialmente prevista para março de 2019, deve atrasar por conta dos conflitos entre o setor de telecomunicações e o de TV via satélite pelo uso da banda C.

Para a Claro, o leilão deve acontecer até o final do primeiro semestre e a tecnologia deve chegar para o consumidor final em 2021. A posição da operadora é que o leilão "não deve ter apenas caráter arrecadatório", mas o atraso é visto de forma positiva, pois dá mais tempo para que a empresa faça mais testes e entregue qualidade melhor para o consumidor final.

Essa demora para a definição é superpositiva, porque existem algumas dúvidas em relação a como vai ser o uso de frequências e o que isso pode gerar até de interferências [...]. O mais importante que o país tem feito nesse momento é colocar todos os stakeholders que participam em um debate aberto e profundo para que a gente faça a melhor decisão. Esse tempo que o governo está levando para entender melhor, estruturar melhor o leilão vai ser positivo para o país para que a gente tenha uma solução que seja o mais rápido e escalável para o Brasil como um todo".

Leonardo Contrucci, diretor de serviços digitais e inovação da Claro, em conversa com os jornalistas

A operadora foi a primeira a realizar testes com o 5G no Brasil em 2016 em seu laboratório, utilizado hoje pela Anatel como referência nos testes da tecnologia e que é dividido com outras operadoras. A operadora espera do governo políticas públicas para massificar a tecnologia para o público e que o leilão permita que as operadoras invistam na rede.

Outra expectativa está no pacote que compõe o 5G: antenas e celulares. A operadora acredita que nesse período que antecede a chegada do 5G para o público final, o preço dos smartphones equipados com a tecnologia fiquem mais baratos, permitindo o acesso massivo à quinta geração de internet móvel.

Existe uma expectativa de que o leilão ocorra no Brasil em meados de 2020 e, após o leilão, existe o tempo natural das operadoras, como é o caso da Claro, para que a gente faça o desenvolvimento da rede no Brasil e construa essa infraestrutura, então a nossa expectativa é que em 2021 o cliente final possa realmente comprar e utilizar comercialmente os nossos serviços.

Leonardo Contrucci, diretor de serviços digitais e inovação da Claro.