A Nextel Brasil está disposta a mostrar que o pior da crise da sua controladora, NII Holdings, passou. E, agora, é buscar o seu nicho de atuação para crescer e se consolidar no mercado móvel nacional. A empresa decidiu brigar pelo mercado pós-pago e o primeiro passo adotado foi o reposicionamento da sua oferta de planos. O mantra, para 'atingir' os seus concorrentes diretos, é 'sem contrato, sem fidelidade e com preço justo".

"Os pacotes foram simplificados. São apenas nove no total. E estão desenhados para serem 'montados' como o cliente achar melhor unindo voz e dados. Há também uma flexibilidade. Esses pacotes podem ser mudados conforme a necessidade do usuário. Sem nenhuma regra de controle", explicou a diretora de Marketing, Cristina Famano, em entrevista concedida ao portal Convergência Digital nesta terça-feira, 02/06.

A Nextel, hoje, possui dois milhões de usuários do 3G e 4G, ofertado apenas no Rio de Janeiro, mas está cumprindo as metas da Anatel pela compra da licença Banda H, no leilão do 3G, realizado pela Anatel. Aliás, o Rio de Janeiro se mostra receptivo à operadora. "Chegamos como o quinto operador e já superamos um rival (TIM) e estamos chegando no terceiro colocado", diz Cristina Famano.

As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, aliás, são o grande foco da Nextel. Nessas cidades, as redes 3G são próprias e, no Rio, está sendo construída uma rede 4G. Mas a empresa está também construindo malhas de fibra nas capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes. Em São Paulo, a expectativa é pelo leilão da sobra de 1,8GHz prometido pela Anatel, e assim entrar para valer no mercado 4G.

"Precisamos de frequência para ter 4G em São Paulo. Hoje temos 3G e 3G+, mas dados são a bola da vez. Nosso contrato com a Vivo é de cinco anos ( já se passou um ano e meio e o acerto ficou estimado em R$ 1 bilhão pela Vivo) e usamos a rede dela para oferecer um roaming nacional ao nosso cliente. Queremos estar onde estão os smartphones. Queremos os assinantes de melhor poder aquisitivo. Esse cliente quer qualidade, mas também busca preço mais justo", enfatizou a diretora de Marketing da Nextel Brasil.

Iden e recuperação judicial

Mas a maior base de assinantes da Nextel Brasil ainda é formada por assinantes do serviço de Trunking, o Iden, com 2,3 milhões. Cristina Famano assegurou que os serviços estão sendo mantidos e a operadora trabalha na migração desses clientes para as redes 3G e 4G. "O Iden ficará para nichos que querem o produto e o terão aqui no Brasil. Não há planos de descontinuar nenhuma linha", reforçou a executiva.

Cristina Famano refutou também a ideia que a Nextel está fazendo uma 'guerra de preços' para aumentar sua base. "Não estamos. Nossos custos estão bem próximos do que já fazemos hoje. O que fizemos foi simplificar as ofertas. E permitir uma montagem dela pelo assinante. Nesse ponto, estamos sim, propondo uma mudança clara na relação operadora e cliente. A palavra final passou a ser do usuário. Ele fica se quiser".

Na prática, o novo modelo entra em vigor no dia 08 de junho. Os pacotes foram divididos em Pequeno (P), Médio (M) e Grande (G), com franquias de dados de 2GB, 5GB e 10 GB e de voz 50 minutos, 500 minutos e 2.500 minutos, os novos planos modulares permitirão nove diferentes combinações, e custo médio, fica em torno de R$ 159,99.

O mais caro sairá a R$ 259,99 e poderá ser compartilhado até por quatro usuários. E os clientes atuais poderão passar para os novos planos sem qualquer acréscimo ou fidelização. "Apostamos no nosso potencial de serviço. Os nossos assinantes vão ficar por conta da qualidade ofertada, pelo atendimento diferenciado", apostou Cristina Famano.

A Nextel Brasil não revelou os valores investidos nesse reposicionamento, muito em função da situação da sua controladora NII Holdings, que negocia a saída do Chapter 11, a recuperação judicial dos Estados Unidos. A NII Holdings vendeu as operações na América Latina - a última foi a do México para a AT&T por US$ 1,875 bilhão - e centralizou seus esforços no Brasil.