Google 29 Mai
Atualização (29/05/2023) - LR
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) está investigando o caso relacionado ao jogo "Simulador de Escravidão", título desenvolvido pela MagnusGames e publicado na Play Store, que incentivava o jogador a castigar pessoas negras. O jogo permaneceu no ar por cerca de dois dias até que fosse removido da loja do Android em 24 de maio.
O MP-SP está apurando as denúncias e investigando tanto o Google quanto a desenvolvedora, no entanto, o órgão também deve estender o inquérito para usuários que comentaram na página do game. Em um dos casos, um indivíduo chegou a sugerir mais violência comentando que "Poderiam estalar [SIC] a opção de açoitar o escravo também".
Esse e outros comentários devem ser investigados pelo Ministério Público. Segundo a promotora Maria Fernanda Pinto, responsável pelo caso, o órgão dispõe de ferramentas que possibilitam localizar os proprietários das contas que publicaram mensagens com discurso de ódio ou incitando à violência.
"O que chama atenção são as pessoas que baixaram e comentaram [o jogo], com aspectos muito reprováveis de um racismo muito escancarado e comentários indefiníveis em termos de gravidade e horror, que ferem qualquer parâmetro de civilização. Esse tipo de coisa travestido de entretenimento é ainda pior", disse a promotora ao g1.
A Promotoria acredita que houve falha direta do Google neste caso, pois a empresa permitiu que o game com viés notoriamente racista fosse disponibilizado aos brasileiros. A big tech deve se posicionar ainda esta semana.
A Educafro Brasil (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) move uma ação contra o Google exigindo uma indenização no valor de R$ 100 mil. O advogado da associação civil argumenta que o dano consiste em racismo estrutural, bem como ofensa à honra.
Original (24/05/2023)
"Simulador de Escravidão" é removido da Google Play por incentivar racismo e tortura
Diversos casos de racismo contra o jogador Vinícius Júnior despertaram a discussão sobre o racismo nesta semana e hoje (24) o Google removeu um jogo chamado "Simulador de Escravidão" da Play Store que gerou revolta entre usuários das redes sociais.
O jogo foi publicado pelo editor Magnus Games e já tinha mais de 1000 downloads e cerca de 70 avaliações, onde algumas pessoas ainda pediam por mais possibilidades de agressão contra os NPCs que mostravam pessoas negras como escravos.
Embora a produtora do jogo diga que "foi criado para fins de entretenimento" e que condena a escravidão no mundo real, a representação dos negros e o incentivo à violência gerou a revolta na internet incluindo do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
O deputado manifestou a sua indignação nas redes sociais e disse que entrará com uma representação no Ministério Público por crime de racismo:
Entraremos com representação no Ministério Público por crime de RACISMO e levaremos o caso até as últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis. A própria existência de algo tão bizarro à disposição nas plataformas mostra a URGÊNCIA de regulação do ambiente digital.
🚨URGENTE! DENÚNCIA CHOCANTE! A Play Store, loja de aplicativos do Android, tem um "jogo" chamado SIMULADOR DE ESCRAVIDÃO, no qual a "brincadeira" consiste em comprar, vender, açoitar pessoas negras escravizadas. É desumano, nojento, estarrecedor. É CRIMINOSO! 👇🏿
— Orlando Silva (@orlandosilva) May 24, 2023
A @unegrobrasil… pic.twitter.com/QHi8oaaSOi
O jogo que já estava disponível desde 22 de maio de 2023 na Google Play permitia que os usuários atuassem de duas formas:
- Tirano: impedindo fugas e rebeliões, torturando os personagens e comprando mais escravos para obter lucro;
- Libertador: ajudar os escravos a lutar pela liberdade para atingirem à abolição.
O Google e a desenvolvedora do jogo não comentaram sobre o ocorrido, mas esperamos que as empresas esclareçam porque um jogo com conteúdo racista estava presente na loja de aplicativos para Android com classificação livre após a "Big G" dizer em março de 2023 que tomaria novas medidas para torná-la mais segura.
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