11 Fevereiro 2019
A Google entrou de vez no mundo do hardware e já começou a fabricar seus próprios chips. Em uma clara a ameaça ao reinado de Intel nos computadores e Qualcomm nos smartphones, a intenção da gigante das buscas é passar a concentrar em si mesma tanto o software quanto os componentes físicos dos produtos que lança.
A mudança iniciou com o primeiro chip desenvolvido e fabricado pela Google, destinado à inteligência artificial. Inteligência de máquinas é um dos principais focos da empresa no momento, aplicando a tecnologia no seu principal produto, o motor de busca, mas também em novos esforços, como o recém-lançado Google Assistant.
É uma iniciativa que pretende deixar a IA do Google ainda mais esperta, ao mesmo tempo em que economiza o máximo de energia. O chip já tem nome e sobrenome: é o Tensor Processing Unit, ou simplesmente TPU. Segundo a dona do Android, esse é o melhor hardware já feito para inteligência artificial, algo que pretende chamar atenção de desenvolvedores que pretendem tirar proveito da tecnologia para seus próprios aplicativos.
O Google não deve concorrer diretamente com Intel, Qualcomm ou Nvidia no mercado de chips. Mas, ao começar a fabricar seu próprio hardware, a companhia de Mountain View pode gerar uma concorrência indireta desleal. Como ela oferece serviços de computação na nuvem para empresas do mundo inteiro, a tendência é que atraia cada vez mais clientes de outras fabricantes de chips para o seu negócio.
Ao mesmo, a própria Google deixa de ser um cliente em potencial para a indústria de processadores e outros componentes de servidores. É uma perda e tanto, considerando que a empresa tem alguns dos maiores data centers do mundo espalhados por todos os continentes.
Nos smartphones, a presença do TPU já está no reconhecimento de voz de aparelhos Android. E, no futuro, as chances são grandes de que o processamento seja cada vez mais feito na nuvem, mais especificamente, nesse caso, na nuvem do Google.
Por enquanto, os novos chips do Google são focados em aprendizado de máquina, e não substituem as CPUs comuns presentes em celulares e computadores. Porém, o investimento maior em fabricação de chips pode indicar uma guinada sem volta para o mundo do hardware - no futuro, nada impede que a empresa não seja conhecida somente como a gigante das buscas.
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