09 Março 2020
A franquia Mortal Kombat acabou se perdendo com o tempo diante de tantos capítulos ruins lançados. Com o MK X em 2015, a produtora NetherRealm deu o reboot que a franquia precisava para retomar o fôlego e voltar a atrair a atenção do público.
MK 11 segue a mesma fórmula, refinando tudo o que seu antecessor tem de bom e adicionando novos tipos de desafios e conteúdos. Esse por sinal é o maior ponto forte e fraco do jogo.
São tantos extras, que acaba sufocando o jogando com a quantidade exagerada de itens a serem desbloqueados. É possível ter acesso a tudo usando apenas o dinheiro do jogo. Mas se você tiver sem tempo e paciência, pode acabar sendo seduzido pelas microtransações para agilizar o processo.
Além disso, nem todos os personagens estão disponíveis no jogo base. Até mesmo Shao Kahn, o antigo imperador da Exoterra, está disponível apenas via DLC (quem comprou na pré-venda acabou levando o personagem como brinde especial).
Mas o que você deve está querendo saber é se Mortal Kombat 11 realmente é um bom jogo de luta, certo? É isso que você confere em detalhes em nossa análise.
Mortal Kombat está mais bonito e complexo do que nunca. O jogo foi desenvolvido para explorar bem a geração atual de consoles. A diferença gráfica não chega a ser enorme comparado ao que tínhamos no MK X, mas esta ainda melhor do que foi apresentado no Injustice 2.
Para quem é fã de customizar personagens, MK 11 é um prato cheio. Há todo tipo de traje e acessórios. Você pode criar uma variação do seu personagem favorito escolhendo os golpes e até os especiais. No entanto, o jogo não permite o uso de personagens alterados em competições online.
Por mais que estas customizações não traga peso para a jogabilidade, essa limitação escolhida pode ser apenas um meio de segurança de evitar que jogadores mais experientes tornem o jogo desequilibrado.
Sem apelar para celebridades, a dublagem nacional de MK 11 está melhor do que antes
MK 11 foi feito para os fãs e explora o potencial dos jogadores veteranos com mecânica mais afinada e estratégica. Isso não quer dizer que novatos não conseguirão se divertir com o jogo, mas é recomendável passar pelos vastos e cansativos tutoriais para dominar bem todas as manobras de combate.
Simplesmente partir para cima do oponente moendo-o com golpes sem parar não resolve mais. É preciso saber os momentos certo de ser ofensivo e defensivo. Isso é controlado por duas barras que ficam no canto inferior da tela.
Uma barra serve para aprimorar um ataque e causar dano extra (algo parecido como que tínhamos antes). A segunda é voltada para defensiva, permitindo fugir de combos e revidar na hora certa. Se você souber o momento certo de usar cada uma será capaz de derrotar inimigos poderosos facilmente.
Há também os Golpes Devastadores. Cada personagem possui algumas tipos e você pode usar um de cada por luta. O raio-X do MK X agora recebe o nome de Fatal Blow e pode ser usado apenas no fim quando você estiver com 30% ou menos de vida. Eles fazem grande estrago e podem mudar o rumo da lutar. É importante saber a hora certa de usar cada um.
Atenção: vídeo acima contém spoilers
MK 11 apresenta uma nova vilã, Kronika. Ela é um ser mais poderoso que os deuses ancestrais e consegue manipular o tempo alterando as linhas temporais. O resultado disso? Personagens clássicos de Mortal Kombat são resgatados do passado e lutam lado a lado com suas versões do presente.
A motivação dela está em desfazer tudo o que Raiden causou desde o MK 9. Ou seja, seria como se o MK X nunca tivesse existido (alguns fãs com certeza torcem para a Kronika atingir seu objetivo).
Para isso, a antagonista vai atrás de Liu Kang, Kitana, Kung Lao e Jade (suas versões zumbis do presente) para resgatar as versões do passado e tentar fazer a cabeça deles para se voltarem contra Raiden.
Ator japonês que interpretou Shang Tsung no clássico filme de 1995 é o dublador de seu personagem em MK 11
O enredo funciona bem e entrega uma história mais coesa que a do jogo antecessor, mas tem seus furos e o final é bem clichê e decepcionante. Além disso, a campanha é bastante curta, tendo em média 6 horas de duração.
O jogador só pode controlar os mocinhos, que são divididos em 13 capítulos. Em cada um desses capítulos você controlará um personagem diferente. Seria interessante se o jogo permitisse que controlássemos os vilões, mas a NetherRealm parece temer ousar e se nega a deixar que os jogadores matem os protagonistas.
Cassie Cage ganhou mais importância nesse jogo e é interessante vê-la interagindo com os seus pais do passado. Sem falar que o Johnny Cage mais novo tirando sarro de sua versão mais madura gera alguns momentos divertidos e descontraídos.
Por mais que tenha uma pegada leve, a narrativa tenta apostar mais no drama com cenas impactantes que resultam em perdas importantes para os personagens. Mas ainda fica nítido que dá para melhorar ao exigir maior empenho dos atores.
Desafios é o que não falta em Mortal Kombat 11. Além das torres tradicionais que existem desde os primeiros jogos da franquia, você também pode se aventurar pelo modo história para conhecer melhor os novos personagens, encarar treinamento para dominar golpes e especiais, ou até mesmo criar partidas que usam IA (herdado de Injustice 2).
As torres klássicas trazem a mesma diversão de sempre, incluindo até uma que não tem fim. Há também as torres do tempo, que mudam a cada dia ou semana trazendo novos desafios. No modo online é possível lutar contra outro jogador ou brigar pelo trono no modo Rei da Colina.
Todos os dias são lançados novos desafios, como lutar com algum personagem específico ou realizar algum fatality. Ao cumpri-los você ganha cristais do tempo para comprar extras na loja, como fichas que facilitam fatalities ou que permitem pular uma luta que você esteja tendo dificuldade.
MK 11 não exige tanto engajamento online quanto o MK X
Há lutas que possuem modificadores, que podem favorecer o jogador como também atrapalhar. Um exemplo seria a chuva ácida que vai drenando a vida do personagem que você controla.
É possível jogar com até mais dois jogadores para enfrentar inimigos mais poderosos que são selecionados aleatoriamente pelo jogo nas torres do tempo. Você também pode criar um conjunto de torres para testar sua habilidade com algum personagem em troca de alguns itens como premiação (aqui você consegue juntar uma grande quantidade de moedas).
Caso o combate esteja complicado, você pode usar os konsumíveis. Como o nome sugere são itens consumíveis de uso limitado. Há dezenas deles e geram diversos efeitos, como uma bonificação no dano ou defesa, e até a invocação de outros personagens para ajudar na luta (incluindo até personagens não jogáveis).
Estreada no MK Armagedon, a famosa Kripta está de volta em Mortal Kombat 11. Ela é praticamente um mini-game para você explorar em busca de itens para aprimorar os personagens do jogo.
Se você quiser desbloquear tudo, perderá dezenas de horas para acumular moedas, fragmentos de almas e corações suficientes (dinheiro do jogo). Claro que não poderia faltar as microtransações para dar aquela agilizada no processo.
Só para você ter uma ideia: para desbloquear tudo seria preciso gastar mais de R$ 26 mil reais! A boa notícia é que a maioria é puramente cosmética e não afeta a jogabilidades. Há alguns extras que desbloqueiam novas habilidade, mas, mesmo assim, não geram um impacto tão significativo.
Se você quiser um novo uniforme para o Scorpio. Tem lá. Mudar a ponta do arpão dele? Também é possível. Há dezenas de opções para todos os personagens. A Kripta em si não gera nenhum desafio (não há inimigos para serem derrotados) e com isso o processo acaba apenas sendo monótono e chato.
Há alguns puzzles, mas eles são bem simples e você conseguirá resolvê-los de primeira na maioria das vezes. Ao resolver um quebra-cabeça algum baú especial será desbloqueado fornecendo até seis itens de uma vez.
Alguns conteúdos são liberados na loja a cada dia. Você pode usar os cristais do tempo (outra moeda do jogo) para comprar estes itens. Também é possível usar dinheiro real para comprar pacotes de moedas do jogo, caso você esteja sem tempo ou simplesmente sem paciência de ficar lutando aleatoriamente nas torres para acumular uma pequena fortuna.
Na Kripta há a sala secreta de Shang Tsung, que só pode ser acessada após você conseguir a cabeça de todos os personagens. Para isso, é preciso realizar 50 fatalities contra cada um. Você perderá umas 50 horas nesse processo, mas pode acelerar gastando dinheiro na loja.
Além disso, muito conteúdo será liberado via DLC, incluindo personagens como Sektor e Cyrax que aparecem apenas como vilões na história. Se você deseja ter o jogo todo completo, prepare-se para gastar muito dinheiro.
Mortal Kombat 11 usa o mesmo motor gráfico de Injustice 2 e entrega desempenho similar nos consoles. Em todas as plataformas, o jogo entrega 60 fps nas lutas, mas demais partes são renderizadas a 30 fps – até mesmo no PC. Há um MOD que destrava 60 fps o tempo inteiro se você quiser explorar todo o poder da sua placa de vídeo.
O que muda nos consoles é a resolução. O Switch entrega no máximo 720p quando na dock e fica abaixo 540p em modo portátil. O Xbox One fica na média de 900p, enquanto o PS4 entrega 1080p.
O jogo ocupa 43 GB no PS4, 40 GB no Xbox e 22 GB no Switch
Assim como o Xbox mais fraco, o One X e PS4 Pro também usam resolução dinâmica. No console da Sony temos uma variação entre 1260p e 1800p, enquanto o da Microsoft vai de 1620p a 2160p. Ou seja, o Xbox One X é o que entrega a imagem mais nítida.
Se quiser jogar em 4K nativo o tempo todo, apenas PCs são capazes disso com MK 11. Para ter uma boa experiência em 1080p é recomendável uma GTX 1060 ou RX 570 de placa de vídeo, além de processador Core i5 ou Ryzen 5.
Podemos nos arriscar a dizer que Mortal Kombat 11 é o melhor jogo da franquia. Ele entrega uma boa história (apesar de curta e com final previsível), jogabilidade aprimorada que agradará veteranos e novatos, além de uma infinidade de itens de customização.
Talvez o excesso de coisas para desbloquear torne a experiência um pouco frustrante e cansativa, já que muito conteúdo que você ganha ao vencer os desafios acaba não tendo muita utilidade.
Quem não tiver paciência vai acabar cedendo às microtransações para agilizar o processo. Mas talvez o mais irritante seja o fato de que muitos personagens só estarão acessíveis via DLC. Você paga caro por um jogo incompleto.
Vale a pena comprar Mortal Kombat 11? Sem dúvidas, mas não agora. Não vai demorar para a “Versão Kompleta” ser lançada incluindo todo o conteúdo extra, como aconteceu com o Mortal Kombat XL.
Se você não é fã da franquia, mas curte jogos de luta, MK 11 ainda é uma compra obrigatória. Mas recomendamos esperar para ter a experiência completa ou adquirir o jogo base por um preço mais baixo.
Caso você seja fã e queira conhecer as novidades neste momento, listamos abaixo algumas ofertas do jogo.
Mortal Kombat 11 foi testado no PS4 Pro
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