Segurança 06 Fev
De acordo com a agência Reuters, a Huawei precisará de um esforço de US$ 2 bilhões e até cinco anos para ter respostas efetivas às preocupações de segurança levantadas pelo governo britânico. Tempo e valor foram levantados em documento enviado pela fabricante chinesa aos parlamentares daquele país.
A carta enviada pela Huawei chega em um momento, no mínimo, conturbado para a empresa. Embora esteja consolidada no segundo lugar entre as fabricantes de smartphones do mundo, enfrenta uma série de sanções em vários países, como Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Noruega e Japão, graças às suas relações com o governo chinês e a suspeita de espionagem levantada pelos EUA.
Embora nenhuma evidência dessa espionagem ter sido mostrada pelo governo Trump, a Huawei segue sofrendo restrições. Na Grã-Bretanha, um dos principais mercados europeus, a pressão sobre a fabricante cresceu a partir de um relatório divulgado pelo governo em julho do ano passado, que descobriu que problemas técnicos e de cadeia de suprimento com os equipamentos da empresa expuseram redes nacionais de telecomunicações a novos riscos de segurança.
A partir da divulgação do relatório, a Huawei se comprometeu a gastar a quantia de US$ 2 bilhões para resolver essas questões, mas a carta divulgada pela companhia diz que resultados efetivos serão vistos entre três e cinco anos. Um porta-voz da Huawei, ouvido pela Reuters, disse que a companhia trabalhará em colaboração com as autoridades do Reino Unido.
Aprimorar nossas capacidades de engenharia de software é como substituir componentes em um trem de alta velocidade em movimento. É um processo complicado, e levará pelo menos três a cinco anos para ver resultados tangíveis. Esperamos que o governo do Reino Unido possa entender isso.
Trecho da carta enviada por Ryan Ding, head da Huawei no país, ao governo britânico.
O Conselho Nacional de Segurança Cibernética da Grã-Bretanha (NCSC), que publicou o relatório de julho, disse que estava em "diálogo regular com a Huawei sobre os padrões esperados de seus produtos".
Os olhares de países ocidentais para a Huawei e da ZTE ficaram mais aguçados por conta da Lei Nacional de Inteligência da China. Aprovada em 2017, a lei estabelece que as “organizações e cidadãos chineses devem, de acordo com a lei, apoiar, cooperar e colaborar no trabalho nacional de inteligência”.
Essa lei trouxe temores a países ocidentais, pois o governo poderia pedir que a Huawei inserisse 'backdoors' em sues equipamentos, permitindo o acesso chinês para espionagem ou sabotagem. Especialistas também alertaram sobre o risco de setores de inteligência chinesa pudessem subverter equipamentos da Huawei.
Essa afirmativa foi negada por Ding em resposta a legisladores britânicos. Afirmou que a Huawei é monitorada de perto e qualquer movimento malicioso não passaria despercebido.
No primeiro relatório não foi encontrada nenhuma evidência de espionagem por equipamentos da fabricante chinesa, embora tenha identificado o que chamou de problemas técnicos que limitaram a capacidade dos pesquisadores de segurança de verificar códigos internos de produtos e preocupações sobre a segurança de componentes de terceiros de um fornecedor dos EUA. Espera-se que o próximo relatório critique a morosidade da Huawei e detalhas as suas relações tensas com autoridades britânicas.
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