Segurança 06 Fev
"Eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar". Os versos escritos em 1974 por Roberto Carlos na música 'Eu Quero Apenas' são bem reais nos dias de hoje, graças às redes sociais. Porém, o engajamento fácil nas plataformas gerou polêmica.
Isso porque a Procuradoria Geral de Nova Iorque, Letitia James, anunciou na última semana um acordo com a Devumi, empresa que se viu embaraçada após o jornal New York Times divulgar as vendas de milhões de likes, retweets e seguidores falsos nas redes sociais.
Presentes em redes como Twitter, YouTube, LinkedIn, SoundCloud e Pinterest, os bots ficaram sem controle. De acordo com o gabinete da Procuradoria, contas falsas roubaram fotos de pessoas reais nas mídias sociais. A Devumi vendeu engajamento para celebridades, músicos e atletas, dando mais relevância para posts e opiniões de influenciadores.
É a primeira vez que uma agência de segurança pública dos EUA afirma que a venda de engajamento e roubo de identidades nas redes sociais é ilegal. A empresa não comentou as acusações.
Um porta-voz do Twitter disse que as táticas utilizadas pela Devumi são ilegais e violam as políticas da plataforma e considerou-as inaceitáveis. O tweet foi publicado quando a reportagem revelou o esquema da companhia.
The tactics used by Devumi on our platform and others as described by today's NYT article violate our policies and are unnacceptable to us. We are working to stop them and any companies like them.
— Twitter Comms (@TwitterComms) 27 de janeiro de 2018
A existência de contas falsas não são apenas um problema da lei, mas também um desafio para as principais redes sociais, como Facebook e Instagram. Em conferência realizada pela rede de Mark Zuckerberg, o Facebook divulgou que contas falsas podem representar 5% de sua base de usuários ativos, ou seja, 116 milhões de contas. E elas podem espalhar fake news e caos público.
O Messenger e o Facebook já anunciaram ações para limitar a atuação de contas falsas. O mensageiro nativo da rede social testou recurso que sinaliza mensagens enviadas por fakes, e a rede já excluiu mais de 500 milhões de contas no ano passado.
O falso engajamento também é utilizado para inflacionar a influência online dos clientes da Devumi, conforme mostrou a investigação de Letitia. Alguns clientes acreditavam estar pagando por seguidores reais, já que a empresa vendeu cerca de 250 mil engajamentos entre 2015 e 2017. Os lucros no período foram de US$ 15 milhões.
Um pacote de 500.000 seguidores no Twitter custava US$ 3.997 (R$ 14.570, em conversão direta). Likes e retweets eram vendidos em pacotes de até US$ 228 por ano. A empresa encerrou as operações em setembro de 2018. Com o acordo, a Devumi não pode mais repetir a prática, além de ter qeu pagar US$ 50.000 a Nova York pelos custos e taxas envolvidos na investigação da Procuradoria Geral.
Comentários