Economia e mercado 23 Jun
Em meados do mês passado a IDC Brasil publicou alguns relatórios sobre as vendas de produtos eletrônicos no primeiro trimestre de 2020, período em que a pandemia do novo coronavírus começou a fazer com que as autoridades locais adotassem medidas de isolamento social para conter o avanço da doença nos estados brasileiros.
Nesses relatórios a empresa divulgou os números de crescimento das vendas de impressoras e computadores, enquanto o mercado de tablets caiu, porém não tanto quanto o que era programado para cair no período.
Agora a IDC Brasil acaba de divulgar os números de vendas de celulares durante os três primeiros trimestres desse ano, em comparativo com o que foi visto no mesmo período do ano passado. Os dados, que foram divulgados hoje – 03 de julho – mostram que tanto as vendas de smartphones quanto às de feature phones – que são aqueles modelos de celulares mais “simples” com uma tela comum e teclado físico – caíram durante os três primeiros meses desse ano.
Segundo os dados, a venda total de aparelhos celulares caiu 8,7% no período. O relatório destaca que foram vendidas 9,8 milhões de unidades de smartphones durante os três meses, o que representa uma queda de 7,8%. Já os feature phones venderam 544 mil unidades, 22,4% a menos do que no primeiro trimestre de 2019.
Essa queda, de acordo com os especialistas, é reflexo da pandemia e, principalmente, do lockdown adotado na China, país que teve seu primeiro epicentro da doença na cidade de Wuhan. O relatório ainda destaca que as fabricantes que não possuem dependência de equipamentos chineses não foram afetadas pela pandemia na China e conseguiram estabelecer seus estoques.
“Os fabricantes que não dependem de componentes fabricados na China não foram tão afetados com o lockdown em Wuhan, epicentro da doença, e equilibraram melhor o seu estoque. Já aqueles que possuem uma dependência maior dos componentes produzidos na China, foram impactados e os efeitos chegaram ao varejo”, explica Renato Meireles, analista de pesquisa e consultoria em Consumer Devices da IDC Brasil.
É importante destacar também que a queda nas vendas também pode ter reflexo da alta do dólar nesse período, que fez com que os smartphones ficassem 15,1% mais caros do que no ano passado, com média de R$ 1.473. O estudo revela, ainda, que os smartphones mais vendidos no período são os considerados “intermediários premium”, com 5,1 milhões de unidades – um aumento de 53%. Já os smartphones mais avançados, de categoria “Premium” venderam 1,2 milhões de unidades, um acréscimo de 266,5%.
Os feature phones também ficaram mais caros, com um aumento de 62,1% - em média R$177 por unidade.
O relatório também estuda os números de vendas no chamado mercado cinza – ou seja, as lojas não oficiais, mas que são consideradas legais judicialmente. Nessa área foram vendidas 1,1 milhão de unidades, o que representa um aumento de 135% em relação ao ano passado. Isso pode ser um reflexo da queda do preço dos produtos neste mercado, que caiu 10%.
“O maior movimento foi em janeiro, consequência dos lançamentos mundiais ofertados também no mercado paralelo. Nos meses seguintes, com o fechamento das fábricas chinesas, houve queda no abastecimento e nas vendas”, explica Renato.
Já para os feature phones no mercado paralelo teve uma queda de 86%, com 30 mil unidades vendidas. Seu preço, no entanto, também foi mais baixo: os aparelhos dessa categoria estão 31,5% mais baratos do que no ano passado. “As fabricantes brasileiras têm feito ações junto aos canais de venda oficiais e estão tirando a força do mercado paralelo”, explica o analista da IDC Brasil.
Vale lembrar que todos os dados comparativos desse relatório são em relação ao período que compreende aos meses de janeiro a março de 2019 e os mesmos meses de 2020 e estão presentes no estudo “IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q1 2020”.
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