Tech 04 Ago
Atualização (19/08/20) - BB
Durante o dia de ontem, 18 de agosto, os funcionários dos Correios em todo o Brasil começaram a aderir a uma greve que terá duração indeterminada afim de reivindicar os direitos trabalhistas dos trabalhadores. Em nota, os responsáveis pelo início da greve informaram que foram surpreendidos com a revogação do atual Acordo Coletivo, que era pra ter vigência até 2021.
Na ocasião, a estatal já emitiu uma nota na qual se defende e justifica as medidas adotadas para “zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa”.
Agora, após o primeiro dia de paralisações, os Correios emitiram uma nova nota para divulgar a situação atual das operações ao redor do Brasil e do contingente operacional do serviço.
Segundo a instituição, 83% de todo o efetivo dos Correios no Brasil opera normalmente, de acordo com levantamento realizado na manhã de ontem. Além disso, a companhia já colocou em prática Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população, que inclui o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas.
Além disso, os Correios também destacaram que sua rede de atendimento em todo o país continua as operações normalmente, bem como as postagens e entregas de encomendas PAC e Sedex.
Quanto aos direitos trabalhistas que foram revogados, a estatal explicou que “nenhum direito foi retirado”. Confira um trecho da nota divulgada à imprensa: (reticências antes do último parágrafo se refere ao trecho que já divulgamos no artigo original)
Diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. À empresa, coube trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.
Os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do Auxílio-creche, para dependentes com até 5 anos de idade. Os tíquetes refeição e alimentação também continuam sendo pagos, conforme previsto na legislação que rege o tema, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada empregado: 22 tíquetes para quem trabalha de segunda a sexta-feira e 26 tíquetes para os empregados que trabalham inclusive aos sábados ou domingos.
Estão mantidos ainda - aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.
É importante lembrar que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil.
Texto original (18/08/2020)
Funcionários dos Correios entram em greve nacional por tempo indeterminado
Após uma série de negociações infrutíferas, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT) decidiu entrar em greve. De acordo com informações da entidade, não há prazo para o fim da paralisação na estatal.
Em seu manifesto, a FENTECT afirma que desde julho os sindicatos tentam negociar com a direção dos Correios sobre a "negligência com a saúde dos trabalhadores" na pandemia.
Os funcionários também alegam que foram surpreendidos com a revogação do atual Acordo Coletivo, uma vez que ele estaria em vigência até 2021.
Foram retiradas 70 cláusulas com direitos como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, auxílio creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, pagamento de adicional noturno e horas extras.
Outro motivo que pesou na deflagração de greve é uma possível privatização dos Correios, sendo que os trabalhadores discordam do aumento da sua participação no plano de saúde.
O secretário geral da federação, José Rivaldo da Silva, comentou que a paralisação será nacional, mas o mínimo de trabalhadores será mantido:
o governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do país, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia. Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de norte a sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas.
Após a deflagração da greve, os Correios divulgaram uma nota oficial:
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que a possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período - dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.
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