Economia e mercado 13 Ago
Atualização (14/06/2021) - LR
O Ministério da Economia anunciou nesta segunda-feira (14) o fechamento da Ceitec, única fábrica de semicondutores da América Latina e que está localizada no Rio Grande do Sul. Segundo informações, o objetivo é "reduzir o tamanho da máquina pública", embora o encerramento das atividades da estatal possa agravar ainda mais a crise global de chips que vem afetando vários setores da indústria, incluindo o mercado de eletrônicos – como smartphones, laptops e tablets, por exemplo – e produção de automóveis.
Embora tenha ocorrido de forma repentina, o fechamento da fábrica está sendo pautado desde o final de 2020, quando Guedes sinalizou que poderia extinguir as atividades da Ceitec. A decisão foi baseada nos últimos relatórios da estatal, que entre os anos de 2010 e 2018 recebeu cerca de R$ 600 milhões do governo federal, porém gerou um prejuízo de R$ 160 milhões durante sua existência.
No total, 180 funcionários foram demitidos, causando uma enorme repercussão nas últimas semanas e gerando protestos de entidades relacionadas à tecnologia e sindicados da área. De modo geral, a extinção da fábrica é um fator preocupante, afetando o desenvolvimento tecnológico do país.
De acordo com especialistas, a fabricante poderia se beneficiar da escassez de semicondutores para tornar o Brasil um dos principais fornecedores desse componente, caso houvesse investimento no segmento.
[...] apesar de a empresa ser realmente deficitária, o papel dela ia muito além da geração de lucro. O eventual impacto positivo nas contas do governo será insignificante com a extinção da empresa, especialmente se comparado com os enormes prejuízos para a área de ciência, tecnologia e inovação do país”, conclui Tiago Balen, coordenador do programa de pós-graduação em microeletrônica da UFRGS.
Matéria original (24/12/2020)
Governo Federal tenta liquidar a Ceitec, única fabricante de chips da América Latina
A Qualcomm é uma das maiores fabricantes de chips do mundo e tem investido no Brasil de olho no potencial da indústria local. No ano passado, a gigante desenvolveu o Qualcomm SiP 1, chip 100% brasileiro que utiliza tecnologias diferenciadas para unificar diversos componentes, enquanto neste ano a companhia anunciou um fundo de investimento para a Internet das Coisas (IoT) no Brasil em parceria com o BNDES.
Apesar disso, poucos podem saber, mas o país conta com uma companhia de fabricação de chips própria, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, ou Ceitec. Além de ser uma estatal, a Ceitec é a única fabricante de chips da América Latina a contar com produção 100% independente, sendo responsável pelo desenvolvimento, fabricação e teste dos componentes, algo único também no mundo.
Localizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a empresa é conhecida como "Estatal do Chip do Boi", por produzir os chips utilizados no monitoramento de animais, além de componentes para pagamentos de pedágio, acesso a condomínios e estacionamentos, entre muitos outros. De grande importância para o desenvolvimento tecnológico nacional, a Ceitec deve sofrer algumas mudanças em breve.
Isso porque Jair Bolsonaro assinou na semana passada decreto que permite a liquidação da Ceitec, dando aval para que uma organização social gerencie a companhia, ao invés do Governo Federal. A ideia seria reduzir os gastos estatais que, segundo a secretaria-geral da Presidência da República, alcança os R$80,5 milhões.
A equipe técnica da CEITEC desenvolveu em tempo recorde um chip de identificação veicular voltado para aplicações como pagamentos de pedágio, acesso a condomínios e estacionamentos.
— CEITECSA (@CEITECSA) March 26, 2019
Saiba mais assistindo ao vídeo abaixo feito pelo @mctic #CEITEC #MCTIC #IdentificaçãoVeicular pic.twitter.com/pLKSm9vsPX
Conforme lembra o site Olhar Digital, isso não necessariamente indica que a Ceitec será extinta, mas que terá suas atividades de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e inovação em microeletrônica redirecionadas. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) obtido pelo jornal O Estado de São Paulo comprova isso, já que não haveriam razões para a extinção da empresa.
De toda forma, a medida traz preocupações a especialistas, que já se posicionam contra uma possível extinção. “O Brasil não pode ficar fora dessa área. Tecnologia é cada vez mais importante para a economia e sociedade. Renunciar a isso seria abrir mão de um futuro promissor para o país”, disse Jacobus Swart, diretor da Sociedade Brasileira de Microeletrônica.
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