Economia e mercado 08 Fev
A implementação da rede 5G no Brasil vem enfrentando uma série de impasses desde o ano passado. Para ser estabelecida em sua forma mais veloz, a conexão depende do leilão de frequências da Anatel, que já foi adiado por inúmeras vezes e agora está previsto para o final de 2021, além de também competir com a televisão via satélite e o novo Wi-Fi 6E por algumas das faixas de frequência.
Quando o leilão for finalmente executado, os usuários brasileiros terão de enfrentar mais uma espera, de cerca de 300 dias, para que a infraestrutura 5G seja implementada ao menos nas capitais e grandes centros. No entanto, o Grupo de Trabalho (GT) do 5G na câmara dos deputados não está satisfeito com esse prazo, e quer que essas regiões tenham acesso imediato à conexão logo após o evento.
“Exigimos o 5G imediato nas capitais e grandes centros do país. Isso pode ser feito com a rede existente, e assim as operadoras ganham tempo até a implantação da 5G de última geração”, disse Perpétua Almeida (PCdoB/AC), coordenadora do grupo de deputados integrantes da comissão do 5G, que também afirma que o Release 16, fase de implementação da rede de maior velocidade, demanda muito tempo e pode colocar o Brasil na fila de espera em relação ao mundo.
Perpétua também cita as diferenças regionais pelo país, que mal teve o 4G implementado por completo em toda a sua extensão. “O 4G tem uma abrangência de cobertura maior, enquanto a 5G é mais restrita. Quando se passa de uma área com 5G [release 16] para 4G, há desconexão, um hiato na cobertura. O presidente da Anatel se mostrou sensível a isso”, afirmou. A comissão se encontrou hoje com Leonardo de Morais, presidente da Anatel, para discutir essas questões.
A parlamentar também questiona o projeto tecnológico do Brasil, em especial a portaria 1.924/21, em que o Ministério das Comunicações passou a exigir que uma rede privativa para o Governo Federal seja criada. Para ela, é necessário esclarecer o que seria a exigência de “governança corporativa dentro dos padrões do mercado acionário brasileiro” a qual os fornecedores precisam atender para entender se há a intenção implícita de excluir empresas como a Huawei.
Outro ponto questionado por Perpétua Almeida é a intenção do Ministro das Comunicações, Fábio Faria, de editar a portaria que exige que a Telebras seja a responsável pela implementação da rede privativa. Ela e o grupo de trabalho da câmara pretendem se encontrar com Faria para discutir esses pontos depois que o ministro concluir seu tour para conhecer as redes 5G de outros países.
“Estamos aguardando o ministro voltar de viagem para conversarmos com ele. Queremos propor uma ação conjunta do parlamento, do GT, da Anatel, do TCU e do governo federal para fazer uma grande conferência na área de tecnologia. Por que até hoje não se chamou um grande debate para isso?”, concluiu a deputada.
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