Apple 28 Mai
O iFixit é uma empresa conhecida pelos entusiastas devido aos seus guias de reparo e desmanches de produtos tecnológicos que indicam seu grau de reparabilidade, além de ser grande defensora do Right to Repair (Direito ao Reparo, em tradução livre), um movimento que busca tornar o conserto de dispositivos mais prático e acessível.
Durante uma conferência, Kyle Wiens, CEO e fundador do iFixit, proferiu críticas às grandes empresas que comercializam produtos de difícil reparo e restringem entidades terceiras de obterem peças necessárias para smartphones, computadores e outros dispositivos. O executivo citou especificamente a Apple, Samsung e Microsoft.
“Vimos fabricantes restringirem nossa capacidade de comprar peças”, argumentou Wiens, que também relata uma tentativa de compra de equipamentos necessários para reparar os fones de ouvido Galaxy Buds, mas documentos legais da fabricante sul-coreana impediam esse acesso.
Há uma fabricante alemã chamada “Varta”, que vende baterias para uma grande variedade de empresas. A Samsung passou a usar essas baterias em seus fones de ouvido, mas se formos à Varta e perguntarmos se podemos comprar as baterias como peça de reparo, eles dirão: 'Não, nosso contrato com a Samsung não nos permitirá vender isso.'
Kyle Wiens
CEO e fundador do iFixit
O CEO também criticou a Apple por utilizar padrões diferentes do habitual que a indústria costuma implementar. Segundo ele, isso ocorre para limitar o reparo por assistência técnica de terceiros e adquirir lucro em mão de obra.
“Há um chip de carregamento peculiar utilizado no MacBook Pro. Há uma versão padronizada e há a versão da Apple, que não difere muito do regular, mas é diferente o bastante para que apenas o componente da Apple funcione”, explica.
A Microsoft também foi alvo de críticas do especialista, que comentou sobre o péssimo grau de reparabilidade do Surface Laptop. Outros produtos também foram dissecados pelo iFixit, como o Surface Pro X e Surface Duo, e também apresentaram uma estrutura praticamente inacessível por técnicos que não sejam do time da big tech.
Wiens nota que, apesar dessas empresas fornecerem produtos de qualidade aos clientes, bloquear reparos é algo que deve ser resolvido.
O defensor dos direitos de consertos acessíveis cita também que a impressão 3D é uma ideia promissora para tornar os dispositivos eletrônicos mais longevos com melhor reparabilidade, mas cerca de apenas 2% de todas as peças podem ser impressas com a tecnologia atual.
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