Jogos 07 Nov
Sonic é uma lenda na indústria de videogames e se tornou um sucesso tão grande que ultrapassou outras mídias, chegando até o cinema e batendo recordes. O fenômeno permitiu que uma nova geração conhecesse o ouriço e o colocasse em alta novamente, algo que deixou a Sega animada para mais projetos.
Mais de trinta anos após seu nascimento, o herói retorna para sua aventura mais ambiciosa: Sonic Frontiers. O principal destaque do título é levar o ouriço para o mundo aberto, trazendo mais liberdade ao jogador, além de confrontos contra monstros gigantes, exigindo habilidade e estratégia.
Com a intenção de fazer as pazes com os jogadores que odiaram os jogos 3D da franquia, será que Sonic Frontiers é o título definitivo que irá unir a velha guarda e os novatos fãs do herói? Confira tudo em nossa análise!
Como era de se esperar, a trama de Sonic Frontier é simples, algo que você esperaria do herói. Não espere roteiro elaborado, reviravoltas e nem complexidades, mas mesmo assim ela deixa bastante a desejar, principalmente comparada aos jogos anteriores, como Sonic Unleashed.
Em alguns momentos, há cenas interessantes de ação ou o ouriço soltando alguma piada bem ao estilo "Sonic de ser" que irão arrancar gargalhadas, mas na maior parte das vezes, o herói estará conversando com algum NPC. Isso evidencia um problema de ritmo e deixará os jogadores, principalmente os mais novos, impacientes para alguma ação.
Apenas na reta final a narrativa ganha um gás a mais e começa a referenciar os jogos passados, o que abrirá um sorriso no rosto dos veteranos, mas encerra de forma decepcionante. O problema é conseguir chegar até esse ponto após diversas horas de diálogos entediantes e poucos momentos que realmente valem a atenção do jogador.
Apesar de os outros jogos de Sonic terem um tom alegre e colorido, que encanta a criançada, o novo jogo esquece isso e traz um tom mais sério e contido, prejudicando a narrativa e fazendo imperar a monotonia.
O jogo começa de forma linear para introduzir os diversos aspectos da jogabilidade e novas mecânicas, como o Ciberloop, que permite Sonic correr deixando um rastro de luz que ao ser fechado, causará um efeito em itens ou inimigos, sendo útil para despachar grupos de oponentes.
Após completar o estágio inicial, o jogo apresentará seu mundo aberto e incentivará explorar aonde quiser. Claramente, a Sega se inspirou em The Legend of Zelda: Breath of the Wild para dar mais liberdade ao jogador, mas não se iluda: Sonic Frontiers está muito abaixo do exclusivo aclamado da Nintendo.
A abordagem do jogo é mais contida e o mundo aberto é bem menor, com o jogador podendo atravessá-lo de uma ponta a outra em aproximadamente um minuto. Porém, para desbloquear partes do mapa, é necessário completar minijogos simples, como ativar um botão e chegar até o local marcado ou colocar estátuas na posição correta.
Nos trechos de velocidade, Sonic Frontiers brilha e diverte, principalmente quando o turbo é ativado e o ouriço obtém anéis suficientes para liberar seu poder, mas o problema começa nas partes que exigem jogabilidade plataforma. Para começar, seu pulo é impreciso e ao atravessar certas rotas, você perceberá que apesar de fazer um caminho, o ouriço “perde” o rumo e vai para outro, gerando frustração.
E quando você acha que finalmente irá acertar a plataforma, há bugs que fazem Sonic passar “direto” ou então, a câmera muda inesperadamente de posição e não favorece a visão, causando quedas acidentais em abismos. Felizmente, alguns controles são automáticos, como trocar de trilhos ao deslizar, o que diminui a frustração de errar alguns trechos.
O mundo aberto traz cinco ilhas que podem ser exploradas, mas os cenários soam genéricos e não incentivam o jogador procurar segredos, principalmente com os controles de plataforma sendo uma tortura. Ao jogar cerca de 1 hora, você perceberá também outro problema: a repetição.
Sonic Frontiers pode ser definido como uma aventura em que Sonic precisa obter colecionáveis diversos para desbloquear alguma parte da ilha, obter a Esmeralda do Caos, coletar moedas e desbloquear cinemáticas da história com diversas linhas de diálogo que raramente contam com alguma informação relevante, mas o ciclo se repete por mais de 15 horas e vai minando a paciência do jogador.
Um ponto que ajuda a quebrar o ritmo e traz seções divertidas são os níveis do Ciberspaço, onde o jogador precisará cumprir determinados objetivos em fases mais tradicionais e lineares, adotando elementos 2D e 3D. Para não estragar surpresas, apenas direi que elas são baseadas nos jogos clássicos e proporcionam momentos nostálgicos.
Sonic Frontiers também traz um novo sistema de combate para o ouriço que aparentava promissor, mas acaba restrito à repetição e apertar quadrado até todos os inimigos serem mortos, salvo em casos que será necessário utilizar alguma mecânica diferente, algo que o jogador raramente lembrará. Para a criançada, metralhar os botões para despachar tudo em seu alcance pode ser divertido, mas não irá apelar aos jogadores mais exigentes.
Porém, as batalhas contra chefes rendem momentos interessantes e divertidos, quando a seção de plataforma funciona. O jogo se inspira em Shadow of the Colossus, mas esquece que o clássico também tinha controles precisos, algo que Sonic Frontiers não tem, fazendo algumas seções, como escalar os chefões, um teste de paciência.
O maior oponente de Sonic Frontiers não é o Dr. Robotnik ou as criaturas misteriosas, mas sim a câmera. Em batalhas importantes, principalmente ao ativar o modo Super Sonic, você ficará confuso, acabará errando seus golpes e o inimigo não terá pena de te dar uma bordoada, tornando a experiência irritante.
Nas atividades que o mapa oferece, uma das mais divertidas é a pesca. Sonic pode acessar a região através do Ciberespaço e por um minijogo simples, pegar uma variedade de peixes e relaxar um pouco das batalhas e toda a velocidade. Mecanicamente, tudo é simples e feito para você obter moedas e outros itens úteis sem dificuldades.
Graficamente, Sonic Frontiers parece um jogo de geração passada e utiliza um filtro CRT, que deixa o jogo com uma aparência mais antiga, que não cai bem e ajuda o visual a ficar mais antiquado e sem alma. Os personagens principais também não escapam disso e possuem modelos que parecem inacabados, com expressões faciais estranhas.
O jogo conta com dois modos gráficos no PlayStation 5 com 30 FPS e 4K ou 60 FPS e 1800p dinâmicos, mas especialmente o segundo sofre com problemas de otimização. É comum objetos “surgirem” na sua frente, principalmente se você estiver correndo, trazendo um dos piores efeitos pop in já vistos em um título dessa geração, além das quedas no FPS em momentos críticos.
Sonic Frontiers possui uma trilha sonora mais melancólica do que você esperaria em jogo do ouriço. Explorações ao redor do mundo contam com faixas em piano, enquanto batalhas contra chefes pulam para o rock, criando atmosfera de herói destemido para Sonic que empolgam e rendem cenas épicas.
A grande decepção é a SEGA não ter trazido Sonic Frontiers com dublagem em português, apenas legendas. Com o sucesso do personagem aqui após aos filmes, teria sido um presente para os fãs chamar Manolo Rey, o dublador oficial do ouriço no país.
Sonic Frontiers é uma tentativa ousada da Sega de renovar a franquia, mas falha ao apostar em querer implementar diversas coisas complexas ao mesmo tempo, esquecendo que o maior trunfo dos jogos do herói é a diversão e simplicidade.
A história não empolga com seu tom sério demais, as seções de plataforma são frustrantes pelos controles imprecisos e o looping de repetição não irá atrair os jogadores que buscam uma experiência mais refinada, além dos problemas incômodos de otimização. Porém, o público mais jovem ou os fãs do ouriço conseguirão se divertir ao relevar esses problemas.
Sonic Frontiers já está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch e PC.
Sonic Frontiers, graficamente, parece um jogo do início da geração passada.
O título possui boas seções de velocidade, mas o combate repetitivo e a parte plataforma é imprecisa e frustrante, mas deve agradar os mais jovens.
Com uma história contida e que tenta ser séria, a narrativa se torna desinteressante e arrastada.
Apesar de contar com belas faixas em piano e de rock, a dublagem brasileira faz falta, principalmente para crianças fãs do ouriço.
Sonic Frontiers é repleto de bugs e outros problemas que atrapalham a experiência.
Sonic Frontiers tenta renovar a franquia, mas falha ao tentar fazer coisas demais em um título tão limitado tecnicamente. Porém, deve render horas de diversão para crianças e fãs do ouriço.
*O TudoCelular agradece à assessoria da SEGA, TheoGames, por ceder uma cópia para análise de Sonic Frontiers para PlayStation 5.
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