Economia e mercado 05 Dez
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa todas as montadoras automotivas no mercado nacional, recomenda que o desligamento das redes celulares 2G e 3G seja adiado no Brasil.
Participando da tomada de subsídios da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Rafael Martines, representante da Anfavea, apontou que uma parcela significativa de veículos conectados ainda depende dos sinais de 2G e 3G. Embora a maioria dos automóveis tenha migrado para o 4G ou 5G, muitos ainda estão limitados às redes antigas.
Cerca de 19,85% de todos os veículos conectados que possuem uma assinatura de serviço móvel ativo pelas montadoras estão limitados ao 2G ou 3G. A Anfavea ressalta que, embora haja quase 1 milhão de automóveis com um serviço de 4G — que começou a ser ativado em veículos do Brasil em 2019 —, todos ainda suportam as redes mais antigas.
“Mesmo após a migração para um novo padrão tecnológico, os padrões antigos continuam operando em veículos no campo por dependência tecnológica por muitos anos”, afirma o representante, destacando que as montadoras também possuem compromissos de longo prazo quanto à oferta de peças de reposição e manutenção dos serviços.
A entidade reforça que a tomada de subsídios deveria considerar direcionamentos para tratar a dependência tecnológica desses veículos conectados para evitar ações dos consumidores.
Uma proposta da associação é que o desligamento das redes 2G e 3G ocorra somente após a instalação do 4G e 5G em todas as cidades e estradas do Brasil, de modo que as gerações mais recentes de veículos conectados possam funcionar em qualquer região sem problemas de cobertura. Conforme o edital do 5G, isso deve acontecer até o final de 2029.
Sugere-se, de imediato, um período de transição com prazos de implementação cadenciados por cidade/estado/região/tecnologia 2G e/ou 3G no qual se permita:
- Que o desligamento das redes 2G e 3G ocorra apenas após o atendimento das contrapartidas definidas na licitação do 5G, dentre as quais exemplificamos:
- Atender 2.349 trechos de rodovia com 4G, totalizando 35.784 Km (totalidade das rodovias federais pavimentadas) até 31 de dezembro de 2029;
- Atender todas as 5.570 sedes municipais brasileiras com 5G até 31 de dezembro de 2029.
Para acelerar esse processo, a Anfavea sugere estimular os acordos de compartilhamento de redes entre as prestadoras de serviços. Outro ponto destacado é a necessidade de definir as responsabilidades de atualização dos equipamentos para suportar as redes 4G e 5G. Para a associação, os upgrades devem ficar por conta do usuário, e não da fabricante.
Alternativamente, é posta a importância de garantir acesso às redes 2G e 3G dentro do período em que o Código de Defesa do Consumidor obriga os fabricantes de equipamentos de telecomunicações a disponibilizarem peças de reposição, de modo que os usuários sigam com a garantia de que terão materiais necessários, mesmo durante a transição.
Finalmente, a Anfavea sugere que a Anatel “regulamente o uso do VoLTE à regulamentação SMP, em aplicações M2M/IoT de modo que serviços de voz possam operar em 4G ao invés de usarem 3G”, de modo que serviços legados, como ligações telefônicas e SMS, sejam migrados para as redes de última geração nas tecnologias atuais através de IP.
Fomentando a evolução da nova geração da rede móvel no Brasil, o Hospital Sírio-Libanês de São Paulo firmou uma parceria com a TIM e a Deloitte para desenvolver a primeira ambulância com integração à rede 5G, permitindo agilizar atendimentos com redução no tempo de espera do paciente em até 27 minutos, segundo testes do Alma Sírio-Libanês.
Exames realizados durante o atendimento na ambulância poderão ser enviados muito mais rapidamente à unidade de tratamento através do 5G. Segundo os médicos envolvidos no projeto, a redução no tempo de comunicação pode reduzir possíveis danos aos pacientes e, acima de tudo, salvar vidas.
Comentários