Economia e mercado 29 Nov
O Brasil é oficialmente um dos países que estão dispostos a reavaliar o uso da faixa de 6 GHz. Durante a Conferência Mundial de Radiocomunicação (WRC) de 2023, nesta quinta-feira (14), uma sessão de discussões aprovou o pedido de representantes para que o país seja incluído na lista de nações que podem dividir a faixa entre o serviço móvel celular e o Wi-Fi.
Atualmente, a faixa de 6 GHz dedica seus 1.200 MHz para uso não licenciado pelo Wi-Fi no Brasil. Isso significa que esse espectro está disponível para uso público e não requer uma licença emitida por autoridades do país para ser utilizada. Agora, há expectativa para que a faixa também passe a ceder parte de sua capacidade para a rede celular.
Carlos Baigorri, presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), havia comentado previamente sobre a possibilidade de “reavaliar” o uso da faixa de 6 GHz no Brasil, mas reiterou que qualquer iniciativa dependeria dos debates na WRC-2023, alinhando-se ao discurso do Ministério das Comunicações.
A Anatel deve iniciar um processo de revisão das normas sobre o uso dos 6 GHz. Conforme reportado pelo Tele.Síntese, 500 MHz serão dedicados ao uso não licenciado, enquanto os demais 700 MHz serão destinados ao uso pela rede celular. Esse processo deve passar por uma tomada de subsídios com entidades interessadas no assunto no início de 2024.
O evento contou com a participação de representantes de alguns dos maiores fornecedores de internet do Brasil, de modo que várias questões de interesse pudessem ser debatidas na própria ocasião para criar definições preliminares que serão debatidas no próximo ano.
Entre elas, ficou estabelecido que a autarquia de telecomunicações brasileira irá autorizar o uso total da faixa de 6 GHz para serviços não licenciados em ambientes internos. Na utilização do espectro em outdoor, isto é, ao ar livre, será assegurado o uso da banda em faixas inferiores, compreendidas entre 5.925 MHz e 6.425 MHz.
Com a decisão, o mercado de telecomunicações brasileiro se alinha com a tendência seguida por outros países que também identificam parte de espectros para diferentes aplicações.
Cristiane Sanches, líder do conselho de administração da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), ressalta, por outro lado, que ainda há pautas relevantes que deverão ser incluídas na regulamentação.
“Teremos a oportunidade de demonstrar a necessidade da integralidade da faixa de frequência de 6GHz para uso não licenciado, inclusive em ambiente outdoor, de modo a assegurar a canalização adequada de 320 MHz e os potenciais do protocolo do Wi-Fi 7, que exige bandas maiores do que 500 MHz”, disse a especialista.
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