Economia e mercado 02 Jul
Google e Microsoft — duas das maiores empresas do mundo — superaram o consumo energético de mais de uma centena de países em 2023, segundo uma análise divulgada na última semana pelo jornalista Michael Thomas.
Dados da Energy Information Administration (EIA), dos Estados Unidos, indicam que o Google e a Microsoft consumiram um total de 24 TWh (terawatts-hora) de energia em 2023, cada. Essa quantidade massiva superou a totalidade do uso energético de países como Gana, Islândia, República Dominicana e Tunísia.
Embora o uso massivo de energia possa representar um impacto ambiental significativo por parte das empresas de tecnologia ao redor do mundo, o Google e Microsoft também faturaram quantias superiores à de muitos países no gráfico em 2023 — e grande parte dessas movimentações se devem ao poder computacional das empresas.
No mesmo ano em que registrou um consumo energético de 24 TWh, o Google gerou receita de US$ 305,6 bilhões, enquanto seu impacto econômico — incluindo ferramentas como a Busca do Google, Google Cloud e YouTube — contribuiu com aproximadamente US$ 739 bilhões para a economia, de acordo com a própria empresa.
Para contrastar, o PIB da Islândia foi de aproximadamente US$ 30 bilhões em 2023; o da Eslováquia, de US$ 127 bilhões. Os dados mostram a escala financeira que as gigantes de tecnologia — que, além do Google e Microsoft, incluem nomes como a Apple, Amazon e NVIDIA — protagonizam em relação ao seu consumo significativo de eletricidade.
Embora o consumo de energia gere discussões sobre o impacto dessas empresas no meio ambiente, as big techs passaram a investir em estratégias de sustentabilidade de miram reduzir ou anular suas emissões responsáveis pelas mudanças climáticas.
O Google, por exemplo, se tornou uma empresa neutra em carbono — isto é, realiza práticas que compensam suas emissões, como investimentos em reflorestamento — em 2007, e pretende se operar completamente em energia limpa e livre de carbono em todos os seus data centers até 2030 — meta alinhada com outras gigantes do segmento.
As promessas audaciosas feitas por empresas gigantes de tecnologia para a proteção do meio ambiente são ameaçadas pela “corrida da inteligência artificial”. Várias fabricantes de celulares, tablets, notebooks e outros dispositivos passaram a investir alto em ferramentas inteligentes, como o ChatGPT, da OpenAI.
Essas ferramentas dependem de um poder computacional que somente pode ser oferecido por grandes centros de dados alimentados por hardware de altíssimo desempenho. Com a crescente demanda da IA, várias empresas ampliaram suas capacidades de processamento em nuvem para ofertar esses serviços aos usuários.
O Google e Microsoft veem o reflexo desse fenômeno na indústria de tecnologia em seu consumo elevado de energia. Rene Haas, CEO da Arm, acredita que o treinamento e uso das ferramentas de inteligência artificial podem contribuir para um quadro crítico de consumo de energia até 2030, corroborando a busca por chips mais eficientes.
Estimativas da Agência Internacional de Energia indicam que uma breve consulta ao ChatGPT requer 2,9 watts-hora de eletricidade; uma pesquisa no Google requer apenas 0,3 watts-hora. Isso significa que o gasto energético da ferramenta de IA mais popular do mercado é quase dez vezes maior que o mecanismo de buscas tradicional.
Comentários