Curiosidade 29 Jul
O Google é uma das empresas que mais investiram em ampliar suas capacidades de inteligência artificial desde o lançamento do ChatGPT. No entanto, Paul Buchheit, criador do Gmail, disse em entrevista a um podcast do Y Combinator que a empresa contava com todas as ferramentas para ser líder em IA, mas acabou perdendo sua visão de negócios.
Quando Larry Page e Sergey Brin, cofundadores do Google, lançaram a empresa em 1998, eles a imaginaram com uma grande capacidade em processamento e serviços de IA, segundo Buchheit, que foi um dos primeiros funcionários da big tech. No entanto, a companhia tomou caminhos diferentes quando se reorganizou sob a Alphabet em 2015.
Um dos entrevistadores destaca que, ao longo dos anos, o Google reuniu todas as peças necessárias para se tornar a maior empresa de inteligência artificial — grandes volumes de dados, recursos computacionais e talentos de alto nível. Então, indagou o porquê de uma das companhias mais valiosas do mundo não ter obtido o mesmo sucesso de rivais.
Como parte da grande transição em 2015, os cofundadores do Google recuaram e Sundar Pichai assumiu o posto de CEO. É nesse cenário que o foco da empresa mudou para preservar o monopólio do mecanismo de buscas em detrimento da IA, segundo Buchheit.
Na minha visão como alguém que observa a empresa de fora, acredito que tudo começou a mudar na época da transição para a Alphabet, quando a empresa já não estava mais sob o comando direto dos fundadores [Larry Page e Sergey Brin], especialmente após a saída deles. A partir daí, o foco parece ter se voltado mais para proteger e preservar o monopólio nas buscas na web. Considerando essa perspectiva, o Google tem uma verdadeira “mina de ouro” no seu mecanismo de buscas. No entanto, a IA é intrinsecamente transformadora, principalmente por ameaçar o modelo de negócios das buscas, já que, ao fornecer respostas precisas às perguntas dos usuários, eles não precisam clicar em páginas repletas de anúncios.
Paul Buchheit
“Uma empresa de pesquisa sofre com a tensão inerente entre lucratividade e dar as respostas certas, porque sempre há a tentação de que, se você piorar seus resultados, os usuários precisarão clicar em mais anúncios”, explicou o criador do Gmail.
A combinação de busca e IA é uma das tecnologias em que a big tech trabalha. O AI Overviews, que fornece resumos organizados a partir de resultados de pesquisa no Google, é um exemplo. No entanto, a ferramenta teve um início conturbado ao fornecer respostas estranhas aos usuários — em um dos casos, sugeriu aplicar cola em pizza.
O Google também sofreu críticas devido à imprecisão histórica e outros problemas em imagens geradas pelo Gemini, seu grande modelo de linguagem. Buchheit afirma durante a entrevista que a empresa sempre teve “grande repulsa a riscos”. Como exemplo, o Imagen, em seus primórdios, era proibido de gerar imagens de figuras humanas.
É comum, no entanto, que essas ferramentas enfrentem desafios como “alucinações” e imprecisão de dados. Buchheit destaca que a OpenAI foi uma das empresas que mais sofreu críticas devido a esses problemas no início do “boom” da IA, o que permitiu que o Google introduzisse um serviço de inteligência artificial mais polido e livre de erros.
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