Segurança 24 Mar
A Sugon, uma fabricante chinesa de supercomputadores, desenvolveu uma linha de hardware para servidores que inclui o Hygon C86-4G 7490, um processador baseado em tecnologias antigas da AMD. O modelo é resultado de um acordo firmado com a empresa norte-americana antes das sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos.
O hardware apareceu em um leilão com especificações técnicas que incluem 64 núcleos baseados na primeira geração da microarquitetura Zen. No entanto, ele parece ter passado por ajustes para suportar tecnologias recentes da indústria, como memória DDR5. O processador é compatível com o soquete SP5, também da AMD.
Em 2015, um consórcio de empresas chinesas firmou um joint venture com a AMD para criar processadores baseados em x86. No entanto, anos depois, em meio à intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e China, a fabricante global de processadores anunciou que deixaria de fornecer novas propriedades intelectuais à Sugon.
Isso significa que a chinesa ficou limitada ao uso das tecnologias mais antigas da AMD, como a primeira geração da arquitetura Zen, lançada em 2017. Cabe lembrar que, atualmente, as lojas de hardware já estão recebendo processadores baseados em Zen 5, que traz aprimoramentos massivos em relação às gerações anteriores.
A embalagem do processador mostrado nas imagens sugere que ele foi projetado em Chengdu e fabricado na China — assim como a primeira geração da linha. Embora as matrizes de silício tenham sido produzidas pela GlobalFoundries nos Estados Unidos, elas suportavam algoritmos de criptografia específicos da China. Isso permitia que a empresa afirmasse que seus processadores são projetados e fabricados em seu país de origem.
Segundo a página de especificações de uma fabricante chinesa de computadores, o Hygon C86-4G 7490 equipa servidores em versões com 2 e 4 soquetes com 48 slots de memória DDR5 (no caso de uma máquina de 4 vias, isso significa 12 slots de memória por CPU). Coincidentemente ou não, o AMD EPYC também possui 12 canais por unidade de CPU.
Isso poderia significar que a Sugon encontrou uma maneira de compatibilizar a primeira geração da arquitetura Zen às atuais matrizes de entrada e saída da AMD com um controlador de memória DDR5.
Cabe lembrar que, embora as sanções dos Estados Unidos impeçam as vendas de processadores avançados para a China, não há restrições para o envio de controladores de entrada e saída e outras tecnologias fundamentais para os chips.
A China investe em ampliar suas capacidades de produção interna de hardware para se tornar autossuficiente e independer de tecnologias estrangeiras. No entanto, sem as máquinas avançadas para litografia de chips, a indústria chinesa enfrentou dificuldades para conquistar desempenho e eficiência satisfatórios.
Uma das fabricantes que ajudou o país a superar os desafios é a Huawei. Yu Chengdong, presidente da companhia, disse recentemente que o lançamento de chips da família “Kirin” não somente ajudou a empresa a contornar o prejuízo causado pelas sanções dos Estados Unidos, como também fortaleceu a independência da China.
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