Lançamentos 10 Ago
Lançado para o PlayStation 3 em 2013, The Last of Us encantou o mundo dos videogames com sua história cativante e avanços técnicos que utilizavam todo o poder do console da Sony. Seu sucesso foi tão grande que ele se tornou uma das franquias mais importantes do PlayStation
Aproveitando um hardware mais poderoso, a Sony relançou The Last of Us para o PlayStation 4, totalmente remasterizado e permitindo que mais jogadores pudessem conhecer a narrativa emocionante, ampliando a base de fãs de Ellie e Joel.
Em 2020, a Naughty Dog apresentou sua sequência, The Last of Us Part II, que dividiu os jogadores pela sua história polêmica, mas conquistou o título de “Jogo do Ano” no The Game Awards, além de se tornar o jogo mais premiado da história. O sucesso foi tão grande que em breve, a HBO adaptará a história da saga para televisão.
Em 2022, Sony decidiu trazer The Last of Us para o PlayStation 5 com uma abordagem mais ousada, reconstruindo o jogo para o hardware atual e aproveitando toda a sua capacidade para entregar a versão definitiva de um de seus maiores exclusivos. Será que vale a pena o investimento? Confira em nossa análise!
The Last of Us Part I traz um mundo pós-apocalíptico após uma pandemia causada pelo cordyceps, um fungo da classe dos ascomicetos, achado regularmente em insetos e artrópodes. Sua nova versão começa a contaminar humanos, alojando-se no sistema central e fazendo com que se tornem zumbis e sofram mutações terríveis.
A Organização Mundial da Saúde tenta produzir uma vacina para combater a pandemia, mas falha. As pessoas começam a entrar em desespero e a sociedade começa a se destruir pela falta de alimentos e remédios, gerando caos. Diante da catástrofe, os militares assumem o controle pela lei marcial na esperança de controlar o problema.
Os sobreviventes são mandados pelo governo para campos de quarentena e proibidos de saírem das áreas. Quando alguém é infectado, é imediatamente executado para não contaminar os outros. Com o tempo, isso vai gerando insatisfação e alguns decidem se opor a esse regime.
Assim nasce a organização paramilitar dos Vaga-lumes. Eles visam restaurar o governo democrático nos Estados Unidos e encontrar uma vacina que erradique doença causada pelo cordyceps. Regularmente, eles confrontam os militares em combates sangrentos, com ambos os lados sendo massacrados.
Depois de 20 anos do início da pandemia, acompanhamos a jornada de Joel Miller, o personagem central apresentado logo no início do jogo. Transformado por um acontecimento trágico, ele passa a fazer tudo o que for preciso para continuar vivo, atuando como contrabandista e exercendo outras atividades de moral duvidosa junto de sua aliada, Tess.
A vida de ambos é transformada quando a líder dos Vaga-lumes, Marlene, traz um novo trabalho arriscado: tirar Ellie, uma garota de quatorze anos, da zona de quarentena e levá-la para Boston em troca de armas de um negócio que deu errado. Sem muitas explicações, a dupla topa o desafio.
A partir daí, o jogador irá embarcar em uma aventura emocionante e repleta de perigos. Com uma abordagem sombria e tocante, The Last of Us Part I traz momentos inesquecíveis, com o principal destaque sendo a relação que Joel e Ellie constroem ao longo da jornada.
Eles não estarão sozinhos nessa missão e encontrarão outros sobreviventes memoráveis, que renderão gargalhadas e momentos de cortar o coração. Além disso, o mundo esconde diversas cartas e anotações, que mostram como a pandemia afetou a vida de todos. Por isso, recomendo que jogue com muita calma e explore cada canto para que sua experiência seja completa.
O jogo pode ser terminado entre 10 a 15 horas, a depender da sua habilidade. The Last of Us Part I é uma montanha-russa de emoções do início ao fim e traz uma das melhores narrativas dos videogames nos últimos anos, por isso aprecie cada momento da aventura. Se você já jogou a versão de PS3 ou PS4, saiba que a história é a mesma e não há alterações significativas.
E esse é um justamente um de seus maiores defeitos, ele perde a oportunidade de fazer uma importante conexão com The Last of Us Part II. A história da sequência foi muito criticada por tornar um evento, aparentemente aleatório, do original como um dos maiores pilares de sua narrativa, algo que poderia ter sido levemente alterado no remake para fazer sentido. Como não posso dar spoilers, digamos que a nova versão aborda isso de forma simplista e decepcionante.
Por ser um remake, se você esperava mudanças profundas na jogabilidade de The Last of Us Part I, recomendo controlar suas expectativas. E esse é justamente o maior problema do título: se você jogou principalmente a versão de PlayStation 4, achará o jogo familiar demais e isso poderá te incomodar.
Uma das formas de trazer mudanças significativas seria implementar algumas das mecânicas de The Last of Us Part II, com o “mergulho” no chão nos tiroteios ou rastejar furtivamente. Porém, a Naughty Dog achou que isso estragaria a experiência original. Particularmente, isso me desagradou e acredito que novas mecânicas sempre são bem-vindas, principalmente se tornam a experiência mais realista.
Entretanto, a Naughty Dog trouxe outras novidades para The Last of Us Part I. Entre eles, está o modo speedrun que obrigará os jogadores a utilizarem toda a habilidade para terminarem o jogo no menor tempo possível.
O remake também recebe outro modo favorito dos fãs, que esteve na Part II, a morte permanente. Como o nome diz, se você morrer, será obrigado a voltar para o início do jogo. Ele é extremamente desafiador e não tolera erros, então é uma boa deixá-lo para depois que você tiver zerado o título algumas vezes.
O golaço da Sony é na adição das opções de acessibilidade, que estavam presentes em The Last of Us Part II. Se você tiver algum tipo de deficiência, desde visual até motora, o título apresenta mais de sessenta configurações para que você possa experimentar o título sem ser prejudicado, caso seja portador de necessidades especiais.
Caso você seja um jogador iniciante, também encontrará opções para tornar o jogo menos desafiador, como o radar que indica a localização de itens e uma seta que irá para te guiar para onde deve ir.
O marketing de The Last of Us Part I frisou mudanças na inteligência artificial dos inimigos e dos seus companheiros e isso realmente faz diferença, principalmente contra grupos de oponentes maiores. Surpreendi-me em confrontos onde meus aliados agiam agressivamente, movendo-se estrategicamente, até mesmo eliminando ameaças com tiros certeiros na cabeça.
Seus adversários estão mais espertos e se comunicam constantemente. Caso um deles seja abatido silenciosamente, raramente seu parceiro não irá perceber o seu sumiço. A movimentação deles também sofreu alterações e eles optarão por te flanquear de forma inteligente, não prosseguir em linha reta como alvos fáceis.
Se você encarar The Last of Us Part I como um Resident Evil apenas por ter zumbis, certamente irá morrer repetidas vezes até aprender que o exclusivo do PlayStation é bem diferente. Apesar de ter um belo arsenal de armas, é preferível que você evite encarnar o Rambo por uma série de motivos.
Para começar, os zumbis são extremamente sensíveis ao som. Dar tiros irá atrair todos os inimigos do recinto para você, o que irá resultar em morte ou desperdício de recursos. Caso sejam humanos, todos andam com armas brancas ou de fogo, além de andarem em grupos, o que dificultará sua vida.
Através do modo escuta, o jogador conseguirá identificar o posicionamento inimigo e poderá traçar uma estratégia para eliminá-los um a um. Caso eles estejam de guarda ou bloqueando algum ponto, é possível lançar um tijolo ou garrafa para que o barulho os atraia, permitindo que você passe reto ou mate seu oponente distraído.
The Last of Us Part I é um jogo de ação em terceira pessoa com elementos de sobrevivência, o que significa que seus recursos são escassos. Apesar do jogo prezar pela furtividade, ele conta com momentos frenéticos em que você precisará utilizar todo o seu armamento para sobreviver.
E é justamente essa variação de ritmos que torna o jogo interessante. Inesperadamente, um momento monótono poderá render momentos de desespero com hordas de infectados brotando por todos os lados.
Para economizar munição, Joel poderá usar pedaços de pau, tacos de beisebol e até machados para dar cabo dos inimigos. Inimigos humanos e infectados do primeiro nível podem ser despachados com socos e pontapés, mas aqueles que sofreram mutação e viraram estaladores será necessário utilizar uma faca ou algo mais bruto, como um machado.
O jogo conta com diversos itens para serem coletados, desde materiais para fabricar kits médicos ou bombas caseiras até suplementos vitamínicos que permitirão melhorar habilidades ou desbloquear novas vantagens úteis, como utilizar a faca para matar um estalador instantaneamente ao ser agarrado.
Outro elemento importante é a possibilidade de melhorar suas armas nas bancadas ao coletar parafusos e ferramentas. Por exemplo, um velho rifle de caça poderá ganhar uma mira mais eficiente, carregamento mais rápido e um pente maior, fazendo toda a diferença para abater hordas de infectados ou inimigos humanos em confrontos mais acirrados.
Se você é daqueles que gosta de procurar colecionáveis, ficará satisfeito ao saber que The Last of Us Part I conta com diversos segredos espalhados pelo mundo, desde medalhas dos soldados dos Vaga-lumes até revistas em quadrinhos. Inclusive, recomendo que jogue sem guias, pelo menos na primeira vez para não estragar surpresas da exploração.
Na versão remasterizada para o PlayStation 4, The Last of Us fez muito bonito e até hoje é um jogo que envelheceu muito bem. O remake é inegavelmente melhor, principalmente ao utilizar todo o potencial do hardware da nova geração para reintroduzir a aventura uma segunda vez.
O resultado são personagens mais vivos e com detalhes extremamente realistas. As animações também foram refeitas, dando um tom mais natural nas expressões faciais e na movimentação geral. Os cenários também receberam um cuidado especial e acompanham a evolução, produzindo belíssimas paisagens em meio ao caos de um mundo devastado.
O PlayStation 5 tem todos os seus recursos utilizados para permitir que The Last of Us Part I seja o mais imersivo possível. Entre eles, temos o DualSense que simula o uso das armas, com os gatilhos fazendo resistência, e transmitindo as sensações do mundo, como a chuva e tiros. A Tempest Engine proporciona momentos de tensão e desespero com o áudio 3D, principalmente nos ambientes repletos de estaladores.
Nos modos gráficos, The Last of Us Part I traz os tradicionais fidelidade e desempenho. O primeiro traz resolução 4K e 30 FPS, enquanto o segundo conta com 4K dinâmico ou 1440p e 60 FPS, mas é possível ativar a taxa de atualização variável para maiores taxas de quadros por segundo, se sua televisão tiver suporte para a função.
The Last of The Us conta com localização no nosso idioma e um excelente trabalho da dublagem brasileira. Arrisco até dizer que as vozes em português superam as originais pela forma que combinam com os personagens. Na trilha sonora, o título conta com belíssimas faixas com violão.
Indiscutivelmente, The Last of Us Part I é a melhor forma de experimentar um dos maiores clássicos da Sony. Entretanto, há pouco o que encontrar aqui se você experimentou a versão remasterizada do PlayStation 4. Por mais que haja novidades, nenhuma delas transformará o jogo profundamente para fazer com que ele valha o seu preço salgado, a não ser que você seja muito fã e preze pelos gráficos de última geração, acessibilidade e pequenas melhorias.
Porém, se você nunca experimentou o título e tem um PlayStation 5, The Last of Us Part I traz uma aventura memorável repleta de momentos emocionantes que o coloca entre as obras mais importantes da Sony nos videogames.
The Last of Us Part I será lançado exclusivamente para o PlayStation 5 no dia 2 de setembro e em data posterior, para o PC. Na PlayStation Store, a versão padrão sai a R$ 349,90.
O jogo foi refeito aproveitando todo o potencial do PlayStation 5 e o resultado é impressionante, com personagens mais realistas e belos cenários.
Há um bom equilíbrio entre ação e furtividade, comandos precisos e opções de acessibilidade. Entretanto, peca em não trazer novas mecânicas.
O principal destaque do jogo é sua narrativa dramática e emocionante, repleta de momentos memoráveis e personagens carismáticos, mas não conta com mudanças significativas.
A dublagem em português brasileiro é fabulosa e o trabalho de mixagem é excelente. Nas músicas, há belíssimas faixas embaladas por violão.
O conjunto técnico e sua narrativa fazem de The Last of Us Part I uma das melhores experiências dos últimos anos.
Para quem nunca jogou o título, é um jogo indispensável no PlayStation 5. Quem zerou no PS3 ou PS4, perceberá que a obra original sobreviveu ao teste do tempo e continua magnífica, ofuscando o remake.
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