Tech 11 Jul
Durante seu evento Galaxy Unpacked realizado em Paris no último dia 10 de julho, a Samsung realizou também rodadas de entrevistas e discussões sobre Inteligência Artificial, apontando como os dispositivos móveis vêm ajudando a popularizar e até melhorar a tecnologia de uma forma geral.
Com um painel intitulado "Salon d'AI", a companhia convidou especialistas de marcas como Google e Qualcomm, além de pesquisadores e executivos, para debater "como a Inteligência Artificial móvel está preparada para redefinir a experiência do usuário". O papo foi dividido em três partes, sendo elas: "Uma Abordagem de IA Móvel Centrada nas Pessoas", "O Papel da Samsung na Concretização do Poder da IA Móvel" e "Ética da IA Responsável e da IA da Samsung".
O painel teve como host Won-joon Choi, Chefe do Escritório de P&D em Samsung Mobile eXperience Business, e como convidados:
- Daehyun Kim, Chefe do Centro Global de IA na Samsung Research
- Don McGuire, Vice-Presidente Sênior e Chefe de Marketing na Qualcomm
- Jenny Blackburn, VP de UX no Google
- Dr. Chris Brauer, Universidade de Londres e CIO da Symmetry AI
- Lucia Russo, Analista de Políticas de IA na OECD
- Carolina Milanesi, Presidente e Analista Principal na Creative Strategies, Fundadora da Hearth of Tech
Começando pelo Galaxy AI anunciado em janeiro junto à linha Galaxy S24, a Samsung vem expandindo a presença de sua suíte de funções de Inteligência Artificial para cada vez mais produtos, sendo esperado que 200 milhões de aparelhos recebam as funcionalidades ainda em 2024.
De acordo com a marca, Inteligência Artificial não pode ser vista como só mais uma tecnologia e uma função que será usada pelas pessoas para fazer determinadas tarefas, e sim pensada com foco em como ajudar as pessoas e como beneficiar suas vidas. Para isso, vários estudos foram feitos sobre como as pessoas usam seus smartphones antes mesmo da primeira função do Galaxy AI ser desenvolvida, ajudando no direcionamento que a empresa poderia dar.
"Eu posso dizer com total certeza que o Galaxy AI entende os usuários, e tem eles em foco. Desde que lançamos o Galaxy AI temos ouvido constantemente o feedback dos usuários, não apenas para melhorar as funções e torná-las mais úteis para os usuários, mas para torná-las essenciais em seu dia a dia." — Won-joon Choi, Chefe do Escritório de P&D em Samsung Mobile eXperience Business
Choi ainda apontou que a Samsung busca democratizar Inteligência Artificial por meio do Galaxy AI, disponibilizando as funções a cada vez mais dispositivos e usuários.
Sobre o impacto da IA na vida das pessoas, Dr. Chris Brauer da Universidade de Londres comentou sobre a parceria com a Samsung na análise de dados que levou ao desenvolvimento das funções. Segundo o pesquisador, quando ele foi procurado pela Samsung o foco das pesquisas em IA estava muito no ambiente de trabalho, e em como a Inteligência Artificial afetaria o trabalho das pessoas, enquanto ele buscava entender mais como afetaria o dia a dia, o estilo de vida e a qualidade de vida das pessoas.
"O estudo com a Samsung é inédito. Um estudo acadêmico, aprofundado, para entender o efeito da IA móvel na qualidade de vida e estilo de vida das pessoas. O que estamos mostrando hoje é apenas uma parte do estudo. Passamos grande parte do tempo entrevistando as pessoas para entender o que elas gostariam de fazer com essa tecnologia, onde estão as oportunidades e riscos." — Dr. Chris Brauer, Universidade de Londres e CIO da Symmetry AI
Segundo Brauer, os principais indicadores mostrados pelo estudo, quando se fala em estilo de vida, são criatividade, produtividade, bem-estar e relacionamentos sociais, o que dá uma visão bem ampla de onde focar e como trabalhar. Isso casa bastante com as funções liberadas para o Galaxy AI até então, com grande foco em tradução — seja de conversas virtuais e ou presenciais —, criação de conteúdo e produtividade, em especial.
Segundo a Samsung, a grande razão de existir o Galaxy AI é a democratização da tecnologia, ajudando a melhorar a vida das pessoas em um nível mais amplo. Para isso, a marca vem trabalhando com parceiras como Qualcomm e Google para entregar o Galaxy AI da melhor forma possível em um grande número de formatos de dispositivos, sendo capaz atualmente de levar as funções para smartphones, relógios, fones, notebooks, TVs, eletrodomésticos e muito mais.
Além disso, a forma como o Galaxy AI trabalha facilita sua implementação em diferentes tipos de produtos, já que algumas funções focam no processamento local enquanto outras trabalham em conjunto com a nuvem para uma melhor performance e precisão na hora de entregar os resultados, dando ao usuário a escolha de trabalhar da forma que mais se adapta às suas necessidades e prioridades.
"O Galaxy AI é uma experiência compreensiva, e eleva a IA a um novo nível. Na era da IA Generativa, nós usamos tecnologias de IA para criar novas experiências em vez de ser apenas uma extensão de tecnologias antigas. Para isso acontecer, nós usamos uma estratégia de colaboração aberta como uma das principais formas de desenvolver o Galaxy AI. Além de desenvolver nossas próprias tecnologias de IA, com modelos de linguagem para texto, voz, imagem e muito mais, nós também trabalhamos bem próximos a parceiros estratégicos como Google e Qualcomm. Nosso principal objetivo é entregar a melhor experiência em IA, seja com nossa própria tecnologia ou com tecnologia de parceiros." — Won-joon Choi, Chefe do Escritório de P&D em Samsung Mobile eXperience Business
E claro que os smartphones possuem um grande papel na popularização da IA como algo móvel, sendo dispositivos praticamente essenciais para muita gente atualmente, e verdadeiros computadores de bolso capazes de realizar todo tipo de tarefa. E para permitir que a experiência seja fluida, intuitiva e agradável, é preciso um grande cuidado com a UX (experiência de usuário), pois de nada adianta incluir várias funções que sejam complicadas de serem utilizadas.
"Tem muitos pontos que precisamos levar em consideração, e estamos focando em três em especial: o primeiro é que precisa ser realmente acessível, estar disponível sempre que você precisar dela para fazer o que precisa ser feito de forma rápida e eficaz. E temos trabalhado em conjunto com a Samsung para garantir isso, com Circule para Pesquisar, Gemini e outros aspectos críticos. O segundo ponto é a fluidez na experiência com as mais variadas entradas. Nem sempre você vai poder digitar, então você precisará usar a voz para realizar alguma ação, ou mesmo a câmera para tirar uma foto e aplicar um contexto ao que quer fazer, e tudo isso precisa funcionar da mesma forma. E o último ponto é que precisa ser funcional, simples. Você não quer ficar passando por várias etapas, tocando em centenas de botões, você quer que funcione o mais rápido possível, independente do formato do celular ou outro produto que estiver usando." — Jenny Blackburn, VP de UX no Google
Por mais que Inteligência Artificial seja um tópico em alta, nem tudo o que se fala sobre IA é positivo. Há muita preocupação com questão a direitos autorais no treinamento dos modelos de linguagem, uso indiscriminado de IA com fins políticos ou de assédio sexual, ou mesmo uso de IA para aplicação de golpes com deepfake, deepvoice e outras tecnologias que permitem qualquer um "se transformar" em outra pessoa.
E isso vem sendo debatido em ampla escala pelas empresas, sendo buscados meios de personalizar a experiência para permitir que a coleta de dados e uso de servidores para IA sejam definidos pelos próprios usuários de acordo com suas próprias preocupações a respeito de privacidade de dados. No Galaxy AI, por exemplo, é possível bloquear por completo as funções que usam processamento em nuvem, habilitando apenas aquelas que fazem o processamento local.
Além disso, também é importante deixar claro quando um conteúdo é feito por Inteligência Artificial Generativa, sendo debatido um padrão na indústria e até mesmo com governos que buscam regulamentar as ferramentas. No caso do Galaxy AI, a Samsung decidiu aumentar ainda mais a marca d'água que é gerada automaticamente sempre que uma foto é editada com IA Generativa, sendo uma forma de deixar claro para todos que aquele conteúdo não é totalmente real.
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