Economia e mercado 05 Jul
Atualização (06/07/20) - JB
Enquanto o Reino Unido se prepara para banir completamente a Huawei do seu mercado 5G, a França pode adotar uma posição mais branda. Isso porque, apesar de estar passando pela mesma pressão, o país quer manter um canal de diálogo com Pequim.
Em uma entrevista publicada nesta semana, o chefe do departamento de segurança da França, Guillaume Poupard, disse que não haverá banimento total. Mesmo assim, Paris deve recomendar que as operadoras locais não usem os equipamentos da chinesa:
O que posso dizer é que não haverá uma proibição total. Mas para as operadoras que atualmente não usam a Huawei, estamos incentivando-as a não fazer isso [...] Para aqueles que já usam a Huawei, estamos entregando autorizações por períodos que variam entre três e oito anos.
As principais operadoras da França - Bouygues Telecom e SFR - devem receber essas autorizações na próxima semana. Aquelas que não puderem usar os equipamentos chineses também poderão recorrer.
Poupard ainda esclareceu que a decisão do governo francês não é fruto de pressão dos Estados Unidos e tampouco um ato de hostilidade ao povo chinês:
Isso não é um golpe contra a Huawei ou racismo anti-chinês. Tudo o que estamos dizendo é que o risco não é o mesmo para fornecedores europeus e para não-europeus.
Já Paul Harrison, gerente de comunicações internacionais da Huawei, se manifestou sobre a situação do Reino Unido:
Os EUA não deveriam respeitar o Reino Unido, que na era pós-Brexit é capaz de escolher sua própria política de telecomunicações? O governo Trump quer decidir sobre a Huawei agora. A política britânica é ditada pelo governo Trump. O Parlamento Europeu foi substituído pela Casa Branca?
Texto original (05/07/20)
Não funcionou. Depois de comprar publicidade nos principais jornais e fazer uma massiva campanha, a Huawei não conseguiu evitar o seu banimento do Reino Unido. Isso porque novas informações obtidas pelo Telegraph indicam que Londres deve anunciar um plano para remover a chinesa de toda a sua rede 5G.
De acordo com fontes próximas ao primeiro-ministro Boris Johnson, a pressão dos Estados Unidos aliada a uma rebelião do partido conservador acabou sepultando o planejamento inicial de permitir a Huawei em 35% da nova rede.
Com isso, as principais operadoras do país devem cancelar encomendas e até mesmo retirar equipamentos 5G já instalados. O prazo que Londres deve oferecer para as empresas é de apenas seis meses.
O primeiro-ministro do Reino Unido também deve receber um relatório de inteligência nesta semana onde serão apresentados novos dados sobre a Huawei. Como os EUA estão impedindo a empresa de comprar chips da TSMC, muito provavelmente a empresa precisará usar peças "não confiáveis".
Por enquanto, o governo do Reino Unido permanece em total silêncio. De toda forma, a Huawei emitiu uma nota reafirmando o seu compromisso com o país e indicando que não há motivos para desconfiança:
A Huawei é o fornecedor mais minucioso do mundo e acreditamos firmemente que nossa transparência é incomparável no Reino Unido. Isso significa que podemos continuar sendo confiáveis para desempenhar um papel na atualização da rede móvel na Grã-Bretanha. É importante focar nos fatos e não especular nesse momento.
Por mais que não haja uma confirmação oficial do banimento da Huawei, o Reino Unido teme que os EUA criem barreiras quando o assunto é compartilhamento de inteligência. A situação se torna ainda mais problemática com a saída da União Europeia e há um sério risco de que o país fique isolado.
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