Economia e mercado 22 Mar
Atualmente há uma corrida pelas vacinas contra o coronavírus, pois elas são a forma mais eficiente de se evitar mais mortes e superlotação de hospitais. Anteriormente já noticiamos que a vacina nasal desenvolvida no Brasil deveria ser fabricada em breve e agora os testes com essa nova forma de imunização em humanos foram anunciados.
O anúncio foi feito pelo próprio governo pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - MCTI. O novo imunizante ainda está sendo desenvolvido numa parceria entre professores Ricardo Gazinelli, da UFMG e Jorge Kalil, da USP. Os testes devem ser iniciados em humanos no segundo semestre de 2021.
O desenvolvimento da vacina nasal é financiado pelo MCTI com recursos extraordinários liberados por medidas provisórias de 2020 para o combate à COVID-19 que totalizam R$ 6 milhões.
A primeira testagem a ser iniciada no segundo semestre envolverá 140 pessoas, enquanto que a segunda fase não teve mais detalhes revelados, na terceira os testes durarão aproximadamente 4 meses e envolverão 500 voluntários na fase 3 com idade entre 18 e 59 anos com objetivo de atestar a segurança e eficácia da vacina.
A etapa de testes em animais já foi concluída com resultados promissores, que estão sendo analisados no momento para determinar fatores essenciais para testagem em humanos.
Também será avaliado quantas doses serão necessárias para atingir a maior efetividade possível do imunizante, que deve ajudar muito no combate ao coronavírus no Brasil.
Para gerar a resposta imunológica no organismo, a vacina nasal utiliza epítopos T, que é a menor parte da proteína spike do coronavírus, mas que não é capaz de causar qualquer dano no organismo.
Jorge Kalil explica como a vacina funciona da seguinte forma:
Essa vacina deve induzir uma resposta de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2, enquanto também induz forte imunidade celular, incluindo linfócitos T CD8+ citotóxicos, que matam células infectadas, e T CD4+, que fornecem ajuda para a produção de anticorpos e respostas citotóxicas.
Segundo os responsáveis pelo desenvolvimento da vacina, o spray nasal é ideal para imunização, visto que o principal alvo do coronavírus é o sistema respiratório, onde há maior vascularização, permeabilidade para absorção da vacina, resposta imunológica significativa e ainda menor atividade enzimática em comparação com administração oral.
O doutor Ricardo Gazzinelli ainda afirma que a criação de uma vacina brasileira é uma questão de soberania nacional:
A demanda global por vacinas contra o novo coronavírus mostrou a fragilidade da dependência brasileira dos insumos e produtos disponíveis para combater a doença.
Por fim, também foi mencionado que o desenvolvimento deste novo imunizante pode abrir caminho para criação de vacinas contra outras doenças como leishmaniose, malária e doença de chagas, que muitas vezes não são priorizadas por países desenvolvidos.
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