Tech 22 Jul
Visando padronizar os protocolos de atendimento aos pacientes infectados pelo coronavírus hospitalizados em âmbito nacional, especialistas de um grupo técnico selecionado pelo Ministério da Saúde elaborou diretrizes preliminares sobre os medicamentos amplamente utilizados sem recomendações médicas.
O documento expedido pelos especialistas contraindica o uso de hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e outros medicamentos sem comprovação de eficácia contra a Covid-19 em pacientes hospitalizados, conforme observou a Folha de S. Paulo, que obteve acesso às informações.
As diretrizes passaram a ser avaliadas na última quinta-feira (13) pelos especialistas da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), e serão colocadas em consulta pública na próxima semana com duração de dez dias.
Enquanto parte dos medicamentos não possuem eficácia comprovada, a hidroxicloroquina já foi apontada como ineficaz para o tratamento da Covid-19. Drogas antiparasitárias, como a ivermectina, também foram contraindicadas pela Organização Mundial da Saúde e são alvo de críticas na CPI da Covid.
Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimab não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população.
Trecho extraído do documento
O parecer foi elaborado por um grupo formado por Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde, e foi coordenado pelo pneumologista Carlos Carvalho, da Universidade de São Paulo. "Mesmo alguns médicos que defendem o uso da cloroquina não utilizam esse medicamento em ambiente hospitalar, porque ela se mostrou com nenhuma efetividade", apontou o especialista.
Anteriormente, haviam orientações da pasta para o uso controlado dos medicamentos em questão e, após novos estudos clínicos serem relevados pela Conitec, outros protocolos poderão ser implementados.
O parecer técnico deve alterar a abordagem para os pacientes hospitalizados, que poderão administrar drogas antivirais com maiores indícios de eficácia, como medicamentos corticoesteroides, além do tocilizumabe, anti-inflamatório que vem sendo testado em alguns tratamentos, contudo, ainda sem posicionamento oficial dos especialistas.
Vale ressaltar que o tratamento precoce não foi abordado pelo documento da pasta, se limitando a diretrizes voltadas aos tratamentos hospitalares. De qualquer forma, é possível que suas recomendações passem a ter maior caráter técnico a partir dos próximos meses.
A título de informação, o Ministério da Saúde chegou a disponibilizar um aplicativo chamado TrateCOV, que indicava a administração da droga até mesmo para bebês. Após alguns meses e diversas críticas de médicos e especialistas, o software foi removido de todas as plataformas.
Além de protocolos farmacológicos, as Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19, como é chamado o documento, deverão abordar e padronizar metodologias de procedimentos médicos em casos extremos da doença, como intubação e níveis recomendados de oxigênio.
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