Segurança 05 Jul
Os gigantes da tecnologia Google, Facebook e Twitter ameaçaram encerrar a disponibilização dos seus serviços em Hong Kong, na China, após o governo da ex-colônia britânica propor mudanças nas leis de proteção de dados.
Segundo o jornal The Wall Street Journal, com as alterações propostas pelo governo de Hong Kong, as empresas de tecnologia poderiam ser responsabilizadas pelos conteúdos que os usuários publicassem nas redes.
As leis de proteção de dados da cidade buscam combater o "doxing", uma prática que revela informações de identificação sobre alguém na Internet, como seu nome real, endereço residencial, local de trabalho, telefone, dados financeiros e outras informações pessoais.
Essas informações então circulam para o público, sem a permissão da vítima. Em 2019, o "doxing" foi muito utilizado durante os protestos contra o governo que aconteceram na cidade.
O projeto de lei busca aumentar consideravelmente as penas para os responsáveis por essa prática, incluindo multas de até 128 milhões de dólares e até mesmo 5 anos de reclusão. Funcionários dessas gigantes da tecnologia pode estar sujeitos a essas penalidades.
As empresas de tecnologia ocidentais envolvidas estão fazendo uma frente de ação, por meio da Asia Internet Coalition, e enviaram uma carta ao Comissário de Privacidade de Dados Pessoais de Hong Kong.
Em um trecho do documento diz que:
"A única maneira de evitar essas sanções para as empresas de tecnologia seria abster-se de investir e oferecer os serviços em Hong Kong"
O grupo esclareceu que se opõe e toma atitudes contra o doxing, mas ao mesmo tempo teme as novas leis do país, já que elas poderiam expor seus funcionários a investigações criminais e até prisões, algo que as empresas consideram desproporcional e desnecessário.
Sem uma definição mais clara das novas regras, corre-se também o risco de a simples divulgação de informações, sem qualquer intenção maliciosa, seja objeto de censura.
Representantes do Facebook, Twitter e Google se recusaram a comentar a carta, além de reconhecer que a coalizão a enviou. As empresas não divulgam o número de colaboradores que têm em Hong Kong, mas provavelmente empregam pelo menos 100 funcionários combinados, estimam analistas.
Uma porta-voz do Comissário de Privacidade de Dados Pessoais de Hong Kong confirmou o recebimento da carta e destacou que novas regras são necessárias para combater o "doxing", que testou os limites da moralidade e da lei, segundo o governo.
As autoridades que propuseram as alterações alegam que elas não vão impactar na liberdade de expressão. O governo também afirma que rejeita qualquer alusão de que as emendas possam de alguma forma afetar o investimento estrangeiro em Hong Kong.
E você, acha que as "big techs" estão certas nesse impasse? Deixe a sua opinião nos comentários logo abaixo!
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