Tech 14 Mar
A pandemia de coronavírus impactou o mundo que conhecíamos em diversos aspectos. Indo além de questões sociais, econômicas e até psicológicas, o isolamento social imposto pela Covid-19 transformou também as taxas de natalidade no Brasil.
De acordo com dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, o número de nascimentos no Brasil em 2020 foi o menor desde 1994. No total, 2.687.651 recém-nascidos foram registrados no ano passado. Houve uma queda de 5,66% em comparação com 2.849.146 nascidos em 2019.
Os dados de 2020 analisados mês a mês demonstram ainda que as maiores quedas percentuais ocorreram em novembro e dezembro, justamente nove e dez meses depois do coronavírus ser confirmado no Brasil. Nesses meses, a queda foi de 9%, quase o dobro da média do ano.
O impacto da pandemia no número de recém-nascidos foi maior até mesmo que o do surto de zika e microcefalia que afetou o país entre 2015 e 2016. Naquele período, em que muitos casais adiaram a gravidez por medo das sequelas deixadas pelo zika em algumas crianças, a queda de nascimentos foi de 5,3%.
A última vez que o Brasil registrou um número menor de nascimentos do que em 2020 foi há 26 anos: em 1994, 2.571.571 bebês nasceram. Esse número já vinha em processo de queda ou caminhava para estabilidade nos últimos anos, mas em ritmo menos acelerado.
Entre 2018 e 2019, por exemplo, a diminuição no número de novos recém-nascidos havia sido de 3,2%. Já entre 2017 e 2018, o país tinha registrado leve alta de 0,7% nos nascimentos.
Para Raquel Zanatta Coutinho, professora adjunta no Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda não é possível saber se as pessoas vão desistir do plano de ter filhos ou se ocorrerá um efeito inverso:
Pode ser que uma pandemia desse porte mude para sempre o desejo por crianças. Diante das inseguranças do mundo, pode ser que quem já estivesse tentado a não ter filhos decida de uma vez que a maternidade não é um bom caminho. Por outro lado, a pandemia pode aumentar a fecundidade na medida em que as mulheres perdem o pouco acesso que têm aos métodos de controle. Talvez tenha um ‘baby boom’ para alguns grupos.
Ao redor do mundo, a pandemia teve diferentes efeitos sobre o número de nascimentos. Uma análise feita pela The Economist em outubro observou uma tendência de queda nos nascimentos nos países de renda mais elevada, como Cingapura, enquanto o número estava em alta em regiões de renda mais reduzida, como Uganda.
Qual sua opinião sobre a queda de natalidade no Brasil? Acha que pode haver um novo "baby boom"?
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