Segurança 12 Mai
A China começou a executar a sua nova lei de proteção de dados pessoais nesta semana. O país se torna o segundo maior ente global a ter uma legislação específica para o setor, sendo que a ação aconteceu após a União Europeia pôr em prática a GDPR.
O texto chinês, assim como o brasileiro, é visto como uma espécie de versão local da GDPR, mas com uma série de adaptações que provocou protestos entre empresas de tecnologia, principalmente dos Estados Unidos.
Isso porque o texto deixa bem claro que a lei de dados da China "protege o cidadão contra entes privados".
Na prática, a lei regulamenta o que as empresas de tecnologia podem fazer com as informações de cidadãos chineses e o texto também estabelece uma série de penalidades. Contudo, o governo chinês continua tendo acesso irrestrito a qualquer informação e as 'Big Techs' precisam colaborar com as autoridades de Pequim.
China vs Estados Unidos
Além provocar polêmica, a lei chinesa tem amplo poder extraterritorial e acabou deixando os Estados Unidos na retaguarda, uma vez que o país não tem um texto específico para proteção de dados.
Com Europa e China aprovando leis que regulam o setor de tecnologia, as chances desses entes "ditarem" as regras para o resto do mundo é muito grande e isso acaba deixando os EUA em uma posição delicada.
Comentando o assunto, Cillian Kieran, CEO da Ethyca, uma empresa que cria ferramentas de desenvolvedor para privacidade, foi enfática:
Os EUA pretendem ser o líder mundial geopolítico e tecnológico e estão sendo deixados para trás de uma perspectiva política no cenário global no que se refere à sua visão sobre privacidade de dados. O país agora se tornou retardatário no que diz respeito aos direitos aceitáveis sobre o uso de dados por empresas de tecnologia.
Com a lei entrando em vigor, empresas chinesas e de outros países que possuem atuação na China precisão seguir uma série de regras. Entre os pontos mais "duros" está a submissão a um comitê do Partido Comunista Chinês (PCC).
- As empresas terão que se submeter a uma avaliação de segurança dos reguladores chineses antes de fazer qualquer transferência de dados e nomear representantes locais para lidar com questões de privacidade.
- As empresas que violarem a lei poderão pagar multa de até 5% da receita anual e ter suas licenças de operação revogadas
- A China também pode aplicar penalidades pessoais contra executivos
- Outras "infrações" poderão ser analisadas pelo comitê de segurança da RPC
Samm Sacks, pesquisador de políticas cibernéticas da New America Foundation, disse:
Existem requisitos de conformidade realmente significativos para qualquer empresa que lida com dados de usuários chineses; e eles [empresas estrangeiras] estão reavaliando sua exposição e perguntando se vale a pena ou não [permanecer na China].
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