Em novo estudo publicado na revista Nature, pesquisadores analisaram que pacientes que foram infectados com o coronavírus podem ter mais chances de desenvolver doenças cardíacas, mesmo um ano após o diagnóstico do vírus.

O risco de ter um derrame ou problemas de insuficiência cardíaca aumenta para aqueles que contraíram o vírus e se recuperaram, independentemente da idade. Mesmo em casos que a Covid-19 foi leve ou em quem não tem comorbidades o quadro foi semelhante. Dados de mais de 150 mil pacientes recuperados, com curadoria do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos, foram utilizados no estudo.

“Não importa se você é jovem ou velho, não importa se você fumou ou não”, diz o coautor do estudo Ziyad Al-Aly na Universidade de Washington em St. chefe de pesquisa e desenvolvimento para o Veterans Affairs (VA) St. Louis Health Care System. “O risco estava lá.”

De acordo com a pesquisa, as pessoas que se recuperaram da Covid-19 apresentaram aumentos acentuados em 20 problemas cardiovasculares ao longo de um ano após a infecção. Os pacientes estudados eram 52% mais propensos a ter um acidente vascular cerebral e tinham um risco 72% maior de ter insuficiência cardíaca.

“Na verdade, estou surpreso com essas descobertas de que as complicações cardiovasculares da Covid podem durar tanto tempo”, escreveu Hossein Ardehali, cardiologista da Northwestern University em Chicago, Illinois, em um nota à Nature. Como a doença grave aumenta o risco de complicações muito mais do que a doença leve, escreveu Ardehali, “é importante que aqueles que não são vacinados recebam a vacina imediatamente”.

No entanto, o cardiologista reflete que o estudo tem limitações. No grupo de controle, nem todas as pessoas foram testadas para Covid e, dessa forma, poderiam estar com infecções leves que não foram detectadas.

Além disso, tendo em vista que os autores usaram o banco de dados de veteranos de guerra —em sua maioria, homens brancos— os resultados também se referem a uma população específica.

De qualquer forma, Ardehali e Al-Aly concluem que o estudo se faz importante como um alerta aos profissionais e sistemas de saúde, que devem estar preparados para lidar com esse aumento de doenças cardiovasculares nas populações.