Tech 16 Fev
Pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um algoritmo que, segundo testes, consegue detectar uma notícia falsa com 96% de precisão. A ferramenta, que funcionará no site www.fakenewsbr.com, deve ser calibrada e passar por novos experimentos ao longo dos próximos meses.
A novidade chega em meio a discussões sobre a propagação de Fake News acerca da pandemia de coronavírus, além do impacto das notícias falsas nas eleições marcadas para outubro deste ano – algo que chegou a movimentar o TSE e pode resultar no bloqueio do aplicativo Telegram no Brasil.
O estatístico Francisco Louzada, um dos coordenadores do projeto, explica que a ideia de criar o algoritmo que identifica as notícias falsas surgiu no Programa de Mestrado Profissional em Matemática, Estatística e Computação Aplicadas à Indústria da USP de São Carlos.
A plataforma criada reúne uma série de modelos matemáticos que, por meio da inteligência artificial e do aprendizado de máquinas (machine learning, em inglês) determinam a probabilidade de uma notícia ser falsa ou verdadeira.
A proposta do algoritmo é trazer uma análise objetiva, feita por meio de inteligência artificial, baseada na avaliação subjetiva que os seres humanos fazem quando avaliam a veracidade de um texto jornalístico, como diz Louzada ao G1:
Os modelos analisaram mais de 100 mil textos para encontrar padrões de vocabulários, construção de frases e sintaxe que são comumente utilizadas em fake news. [...] Depois, confrontamos a plataforma com uma base de textos com informações falsas ou verdadeiras.
Durante a etapa de testes comparativos, os pesquisadores observaram que a plataforma conseguiu identificar as fake news com 96% de precisão – uma taxa notável, embora corresponda apenas à base de dados avaliada no estudo experimental.
A precisão pode variar num cenário mais amplo e fora do ambiente controlado de pesquisa. Além disso, a plataforma só é capaz de analisar textos publicados em sites, não sendo possível a análise de postagens de redes sociais ou grupos de mensagens, como o WhatsApp ou o Telegram.
O algoritmo deve passar por constantes atualizações e melhorias, visto que as notícias falsas se adaptam e mudam com o passar do tempo. Louzada acredita que plataformas informatizadas capazes de distinguir o que é verdadeiro ou falso não substituirão as agências de checagem, que contam com profissionais capazes de investigar as origens de cada notícia:
Imagino que o futuro terá uma estrutura de interação entre homens e máquinas. Assim, conseguimos unir o melhor dos dois mundos: a objetividade da inteligência artificial com a subjetividade e a ponderação do ser humano.
O que você achou dessa novidade? Acha que no futuro esse algoritmo pode se tornar uma ferramenta importante no combate às fake news?
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