Economia e mercado 27 Abr
Conforme se aproxima a data das eleições de 2022, ações são feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para certificar a lisura do processo de votação no Brasil. Por outro lado, há grupos que ainda colocam em cheque a segurança da urna eletrônica.
Afinal, quais são as características das urnas para que sejam consideradas devidamente protegidas? Será que é possível hackear a máquina de votação usada no Brasil? O Detetive TC foi atrás das informações para explicar a você a seguir.
Uma das principais características da urna eletrônica que impedem um hackeamento do sistema é o fato de ela não utilizar internet. Cada unidade dela não tem conexão a nenhum tipo de rede, mesmo aquelas mais simples, como o Bluetooth.
Em outras palavras, sem estar ligada à internet, é impossível a um cibercriminoso invadir o equipamento remotamente — ainda mais em massa, visto que o sistema eleitoral do Brasil tem uma amplitude muito grande.
Assim, caso quisesse ter acesso ilegal às informações, o atacante precisaria estar presencialmente com todas as urnas, algo que não é possível durante um pleito eleitoral e, mesmo que alguém tente invadir uma seção eleitoral, haverá seguranças para impedi-lo de realizar o ato.
Se não é conectada à internet, como se faz a transmissão dos dados contidos nela? Basicamente, a própria urna faz a contagem dos votos recebidos de maneira automática e emite um boletim — impresso — com os resultados. Quando a votação se encerra, o mesário encerra o recebimento dos votos por meio de uma senha.
A informação posteriormente passa a uma mídia digital, a qual possui assinatura digital pela própria urna eletrônica e criptografia por um algoritmo. Esses dados são encaminhados ao TSE via satélite, diretamente a uma rede privada — a qual também conta com servidores criptografados no órgão.
O servidor de destino recebe os dados e faz a checagem da seção, da urna de origem e da assinatura digital. Caso passe em todos os protocolos, o resultado se soma aos demais no TSE, com disponibilidade nos meios de comunicação oficiais.
Para poder quebrar todas essas criptografias, um cibercriminoso precisaria ter um supercomputador, e mesmo assim ainda levaria algum tempo até invadir o sistema do tribunal. Por outro lado, todo o processo explicado aqui acontece em questão de segundos, segundo o TSE, o que não daria tempo de alguém mal-intencionado interceptar à distância.
O Tribunal Superior Eleitoral realiza testes públicos de segurança (TPS) do sistema da urna eletrônica, nos quais grupos têm a tarefa de violar uma unidade e ver se é segura ou não. Duas falhas superficiais chegaram a ser encontradas por peritos da Polícia Federal em 2019, com ruptura de uma das camadas de proteção e mudança de palavras, porém sem conseguir alterar nomes dos candidatos ou dos eleitores.
Há ainda, na véspera do pleito, a chamada Cerimônia de Votação Paralela. O órgão faz um sorteio de algumas urnas para verificação. Elas são submetidas a uma votação, enquanto há um registro manual dos votos em cédulas de papel paralelamente. Quando o processo é encerrado, as cédulas são apuradas e têm o resultado comparado com o boletim da urna, para atestar o resultado similar.
Para completar, o TSE ainda convida representantes de instituições internacionais para enviar emissários ao Brasil, com o objetivo de monitorar as eleições no país. Para o pleito de 2022, receberam o convite a Organização dos Estados Americanos (OAS), o Centro Carter, o parlamento do grupo Mercosul e a Fundação Internacional de Sistemas Eleitorais (IFES).
A União Europeia também chegou a ser procurada — algo que seria inédito até o momento —, porém — após pressão do governo federal — o tribunal recuou e encerrou as negociações.
Como é possível constatar ao longo da coluna, existem uma série de fatores que dificultam qualquer procedimento ilegal contra as urnas eletrônicas. Isso não significa dizer com total certeza que elas sejam 100% seguras.
Contudo, as várias medidas feitas pelo TSE para certificar a segurança do equipamento inviabilizam a presença de uma larga quantidade de cibercriminosos presencialmente em todas as urnas do país, ou ainda um tempo suficiente para qualquer ato que comprometa as eleições.
Qual é a sua avaliação sobre a segurança da urna eletrônica no processo de votação no Brasil? Comente conosco!
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