Segurança 16 Mai
O FBI está chamando atenção para uma nova onda de golpes em que criminosos usam inteligência artificial para chantagear suas vítimas. De acordo com um alerta oficial emitido pelo departamento na segunda-feira (05), golpistas estão utilizando fotos de pessoas nas redes sociais para criar vídeos pornográficos com deepfake e chantagear as vítimas.
Deepfake é uma técnica de manipulação de imagem e áudio com inteligência artificial que permite criar vídeos falsos de pessoas dizendo ou fazendo coisas que nunca fizeram. No caso exposto pelo FBI, os rostos das vítimas são inseridos em filmes pornográficos, e os criminosos exigem dinheiro para que o material falso não seja divulgado na internet.
As autoridades afirmam que os avanços da tecnologia estão tornando as deepfakes cada vez mais realistas e fáceis de serem criadas, e com a exposição de imagens das vítimas em redes sociais, os golpes se tornaram mais frequentes.
O FBI observou, desde o mês de abril, um aumento no número de casos de extorsão envolvendo vídeos falsos criados a partir de conteúdo publicado em redes sociais. Muitas vítimas são menores de idade e não sabem que suas imagens foram copiadas, manipuladas e compartilhadas até que sejam levadas ao seu conhecimento por outra pessoa.
Os casos em que há chantagem são conhecidos como sextortion — a junção dos termos “sex” e “extortion” (“sexo” e “extorsão”, em português). Essa prática criminosa envolve persuadir vítimas a enviarem fotos ou vídeos sexualmente explícitos de si mesmas e, em seguida, ameaçar compartilhá-los publicamente ou com familiares e amigos.
Com a inteligência artificial, o crime de “sextorsão” passou a ter uma nova vertical em que as vítimas sequer precisam enviar conteúdo explícito aos criminosos — intencionalmente ou não. Os golpistas podem simplesmente utilizar imagens facilmente encontradas em perfis de redes sociais das pessoas, como o Facebook e Instagram, para criar as deepfakes.
O FBI deu recomendações para que os pais e responsáveis por menores de idade se protejam dos golpes de “sextorsão”. Monitorar a atividade on-line de crianças e aconselhar sobre o compartilhamento de imagens nas redes sociais são passos fundamentais. Além disso, as autoridades especializadas em crimes cibernéticos sugerem:
- Ter discrição ao compartilhar informações pessoais nas redes sociais;
- Buscar seus dados frequentemente para verificar quais informações sensíveis sobre você estão expostas na internet;
- Aplicar configurações de privacidade mais rígidas em todas as redes sociais;
- Reforçar a segurança de suas contas nas redes sociais com senhas complexas e autenticação de dois fatores (caso disponível);
- Cautela ao aceitar novas amizades ou seguidores em seu círculo social on-line;
- Atenção ao interagir com perfis de conhecidos, mas que estejam agindo de maneira fora do convencional — a conta pode ter sido hackeada.
As autoridades instruem também que as vítimas não realizem qualquer tipo de pagamento aos chantagistas, uma vez que não há garantia de que os criminosos irão remover o conteúdo falso após o envio do dinheiro.
De acordo com estatísticas da SaferNet Brasil, uma organização sem fins lucrativos que foca na proteção dos direitos humanos na web, 69% das vítimas de sextortion no Brasil são mulheres — os dados incluem menores de idade.
A associação opera uma rede de apoio virtual que atende vítimas de crimes cibernéticos — incluindo a extorsão sexual — no país. É possível conversar com especialistas por meio de chat ou e-mail com total anonimato. Para obter ajuda, basta acessar helpline.org.br.
Comentários