Economia e mercado 05 Out
A Tesla negou afirmações de que o seu veículo elétrico Model 3 – envolvido em um acidente fatal em 2022 – tivesse qualquer defeito em seu sistema de direção autônoma, ao contrário do que afirma um processo movido contra a empresa pela esposa da vítima.
Ao invés disso, a montadora liderada por Elon Musk levantou a possibilidade de que o carro, nas mãos da vítima, “já não estivesse nas mesmas condições” que estava quando “deixou a custódia da Tesla”.
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Para entender o caso, é preciso recapitular seu histórico: em 2022, Hans Von Ohain, então funcionário da Tesla e fã de Musk, havia comprado um Model 3. Enquanto voltava de uma partida de golpe com amigos no dia 16 de maio daquele ano, Ohain teria acionado o modo de direção autônoma do veículo, apenas para vê-lo “guinar” para fora da estrada e bater com força contra uma árvore.
O choque fez com que o veículo incendiasse com a vítima ainda dentro dele, matando-a. A viúva de Ohain, posteriormente, abriria um processo contra a Tesla, alegando que a empresa sabia dos problemas do modo de direção autônoma mas, ao invés de fazer um recall, preferiu mantê-lo rodando no comércio, priorizando lucros.
Até hoje, a causa do acidente ainda não foi determinada, mas era sabido que Ohain, mediante um exame toxicológico, tinha uma quantidade de álcool bem acima do limite legal para dirigir no momento do impacto.
A Tesla emitiu uma resposta ao processo – este, movido na última quinta-feira (27) – alegando que não só o carro não teria qualquer defeito, como é possível que ele já não tivesse a mesma configuração de quando ele saiu da fábrica, subjetivamente implicando a própria vítima como culpada pelo acidente.
"O produto em questão não apresentava defeitos nem era perigoso além de qualquer razão”, disse a empresa.
Vale citar que a esposa de Ohain já havia afirmado em seu processo que ninguém, nem mesmo seu falecido esposo, havia alterado ou modificado o veículo “em seu design ou manufatura” antes do acidente.
Vale citar que o Model 3 não é estranho a ocorrências do tipo: em novembro de 2021, um carro do tipo – supostamente com o modo de direção autônoma acionado – bateu contra uma viatura da polícia em Ohio. Tanto os policiais como os ocupantes do veículo escaparam com ferimentos leves. Em novembro de 2023, na Califórnia, um Model 3 que teve o modo de direção confirmadamente acionado bateu contra um caminhão – a vítima do carro acabou falecendo. A Administração Nacional de Trânsito e Estradas (NHTSA) dos EUA está investigando os três carros a fim de identificar se há algum padrão a ser confirmado entre eles.
Em caso positivo, isso pode beneficiar a viúva do processo atual, e trazer mais problemas à Tesla.
Em sua resposta, a Tesla argumentou que o processo movido pela viúva, que pede uma indenização de US$ 75 mil (pouco menos que R$ 420 mil), lista um valor compensatório fora da realidade, e que deveria ser reduzido. No lado da vítima, a viúva argumentou que o número servirá para custear, além de outras coisas, tratamentos psicológicos para a filha do casal – a qual nasceu depois da morte do pai.
A questão do exame toxicológico foi usada pela Tesla (e o processo original não menciona esse fato), mas a viúva pretende contestar a conclusão, alegando que o passageiro do carro acidentado – Erik Rossiter – afirmou em juízo que seu amigo não parecia embriagado. Vale citar, no entanto, que Rossiter também passou por um exame toxicológico que concluiu que ele também havia ingerido bastante álcool.
Com base nisso, a Tesla argumenta que o acidente foi causado por mau uso do veículo e que, consequentemente, não deveria ser punida com qualquer tipo de indenização.
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