Uma das principais preocupações da internet nos últimos tempos se trata da cibersegurança do meio digital. E algo pouco conhecido é que as lâmpadas de lava podem ter uma contribuição relevante para a criptografia.

Uma das empresas que mais aposta nisso se trata da Cloudflare, porém ela não é a primeira a investir nesse tipo de sistema. Quer saber mais detalhes sobre o assunto? O Detetive TudoCelular separou as principais informações e conta a você.

As lâmpadas de lava consistem em um tipo de luminária de mesa que produz uma luz mais suave. Ela tem um foco maior na decoração do que em sua capacidade de iluminar um ambiente em si.

O formato pode ser em tubo cilíndrico, porém o mais comum remete a um foguete, inclusive com simulação de falta de gravidade com o efeito das bolhas, justamente como uma referência ao período de corrida espacial no qual foi criada.

Ela tem um corpo de vidro, com líquidos na parte interna e uma vedação por pressão, para evitar qualquer tipo de vazamento. Já a estrutura possui uma construção de alumínio ou PVC, para fornecer uma alta resistência.

O líquido é feito de uma combinação de água e outros produtos químicos antifúngicos. As bolhas são compostas de parafina e perde massa quando recebe o calor da lâmpada incandescente, o que gera a flutuação. Como são substâncias de diferentes densidades e formadas por, basicamente, água e óleo, elas não se misturam durante o processo.

Um dos princípios com maior importância de utilizar a criptografia está na aleatoriedade. Ela se baseia em codificar dados para possibilitar que apenas quem tem a chave correspondente seja capaz de ler.

Em outras palavras, a ordem de criação de uma nova chave usada por um computador na hora de criptografar dados precisa ser aleatória, a fim de dificuldade a descoberta por um potencial invasor.

No entanto, existe uma dificuldade para esse tipo de criação, uma vez que a máquina comum foi projetada para a geração de informações lógicas, com base em uma entrada específica. A saída para isso se deu em encontrar nos objetos físicos a fonte de sequências aleatórias.

As lâmpadas de lava possuem uma característica de nunca ficar na mesma forma por duas vezes. Desta maneira, a observação de um conjunto de lâmpadas ligadas produzindo diferentes sequências acaba por ser uma fonte aleatória.

Há uma estimativa de que a Cloudflare cerca de 10% da internet aproveita as bolhas dessas luminárias para a criptografia. Para isso, a companhia explica que coloca em uma parede 100 unidades.

Essa parte recebe o nome de “Muralha de Entropia”. Isso porque “entropia” tem como significado algo como “caos”, o que define a imprevisibilidade presente no processo de criptografia dos dados.

Uma câmera fica virada para elas e captura imagens em uma frequência regular. As fotos tiradas são mandadas aos servidores da empresa e salvas como uma série numérica, ao equivaler a uma sequência específica.

O resultado vai para o fornecimento da criptografia SSL/TLS, considerada uma proteção forte no ambiente digital.

Obstruções e substituições

Uma lâmpada de lava não é inquebrável nem dura por toda a vida. Portanto, é possível que um sistema tenha alguma unidade com problema, o que se torna impossível de se gerar a chamada “semente criptográfica”.

No entanto, isso não chega a comprometer o processo. Basta uma simples substituição para que o trabalho continue em funcionamento.

E se alguém passar na frente da câmera que capta as sequências das lâmpadas de lava? De acordo com a Cloudflare, o saguão recebe várias pessoas, que costumam parar para conversar na frente das unidades.

Porém, apesar de parecer que isso atrapalharia a criação, na verdade, tende a amplificar a entropia da “muralha”. Isso porque as barreiras se traduzem em novas aleatoriedades na hora do registro.

“Como a parede das lâmpadas de lava fica no movimentado saguão da sede da Cloudflare, isso acontece o tempo todo. As pessoas vão e vêm no saguão, passando ou parando para conversar em frente às lâmpadas. Tais obstruções tornam-se parte da aleatoriedade que a câmera captura, então as pessoas que bloqueiam parcialmente a visão da câmera das lâmpadas de lava realmente ajudam a gerar entropia.”

Cloudflare

Apesar de a Cloudflare dominar a utilização das lâmpadas de lava na atualidade, a companhia não foi a primeira a aplicar essa técnica para aprimorar a criptografia na utilização da internet.

A pioneira consistiu na Silicon Graphics. Ela desenvolveu um sistema parecido com a da Cloudflare no ano de 1996. O nome dado foi de “Lavarand”, no qual as lâmpadas eram exploradas para gerar números aleatórios, por meio da captura de imagens do movimento dentro delas, como fonte de entropia.

Apesar de ter investido nesse tipo de tecnologia, a Silicon Graphics já teve sua patente expirada ao longo do tempo.

E aí, você já sabia sobre a importância das lâmpadas de lava na criptografia da internet? O que acha da atuação delas neste segmento? Compartilhe conosco a sua opinião!