Em um evento realizado nesta segunda (05), o Google anunciou novas medidas para contribuir com as eleições municipais brasileiras de 2024.

Tendo como foco principal o combate à desinformação e defesa da democracia, a empresa ressaltou os avanços de sua parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a concretização destes princípios. Dentre as principais medidas promovidas pela empresa, tivemos o anúncio de novos recursos da Busca para conectar eleitores a informações confiáveis, novas parcerias com organizações jornalísticas e outras iniciativas.

Ao longo do evento, Floriano de Azevedo Marques Neto, Ministro do TSE, falou sobre os desafios que a Justiça Eleitoral enfrenta com a chegada de novas plataformas e o anonimato digital para garantir a veracidade de informações compartilhadas durante o período de campanha dos candidatos.

Enquanto as plataformas visam que seus modelos de negócios sigam girando, com novas informações e engajamentos aumentando constantemente, isso entra em conflito com os temores da Justiça Eleitoral sobre a veracidade de tais informações, o que faz com que ambos os lados tenham que trabalhar em conjunto para encontrar um equilíbrio entre o compartilhamento dessas informações e a proteção do eleitor em frequentar um ambiente limpo e livre de distorções da informação.

De acordo com o Ministro Azevedo Marques Neto, a intenção da Justiça Eleitoral não é ser uma “carrasca”, mas sim garantir a honestidade no processo eleitoral. Ao citar os novos recursos trazidos pela inteligência artificial, o ministro diz que tais ferramentas não serão proibidas durante a campanha eleitoral, mas gostaria que os candidatos fossem claros com os eleitores, sinalizando os materiais produzidos com essa tecnologia.

A visão do Google sobre os temores da Justiça Eleitoral chega com recursos para tentar garantir que as informações confiáveis tenham maior destaque e cheguem aos eleitores.

Em 2024, a parceria entre Google e TSE é balizada por três pilares:

• Contribuir para disseminação de informações confiáveis
• Ações de capacitação e treinamento
• Colaborar para o combate à desinformação

Outra preocupação do Google para as eleições se concentra na certificação de que os anunciantes estão de acordo com as regras para anunciar na plataforma.

Ao destacar as políticas, a representante da empresa reforçou que, existem práticas proibidas que não necessariamente são ilegais, mas são bloqueadas pela plataforma. Para tal, uma das medidas adotadas pela empresa este ano é a proibição de anúncios políticos na plataforma.

Para aplicar suas políticas de publicidade, o Google usa uma combinação de sistemas automatizados e revisão humana, além de oferecer canais de denúncia para que qualquer pessoa possa relatar suspeitas de violações.

Para tentar garantir a veiculação das informações com a mais alta qualidade, o Google tem trabalhado em novas medidas como os paineis interativos na Busca com informações e links para ajudar os eleitores com informações oficiais do TSE ao buscar por “ título de eleitor", “como votar” e “onde votar”.

Uma novidade deste ano é o lançamento da Play Badge, que facilita a identificação de aplicativos oficiais na Play Store, assim como uma coleção de aplicativos cívicos e eleitorais.

Conforme dito pelo Ministro Floriano de Azevedo Marques Neto, o uso da IA generativa não será proibido nas campanhas eleitorais, mas o Google tem trabalhado para mitigar o uso dessas ferramentas como recurso de desinformação.

Para tal, a empresa trabalha com princípios e diretrizes para o “Desenvolvimento responsável de IA”. Dentre tais princípios, está a proibição de materiais que causam danos ou violam os direitos humanos.

Para tentar lidar com os problemas da desinformação, o Google criou quatro barreiras que os ajudam com esses princípios.

A primeira barreira é impedir que os produtos do Google sejam usados de forma indevida, como por exemplo impedir que o Gemini responda prompts relacionados às eleições (no desktop e app), recomendando aos usuários a utilizar a Busca do Google.

Outra ação adotada pela empresa é a identificação de imagens e áudios gerados por IA com marcas d'água imperceptíveis através do SynthID.

Por fim, a empresa cita os conceitos de “Contexto e Cooperação”, onde os usuários conseguem usar a Busca do Google para entender a origem das informações antes de acessá-las.

Com o "Sobre esta Página", é possível obter contexto sobre o histórico de um site clicando nos três pontos ao lado dele nos resultados da pesquisa. De forma similar, o "Sobre esta imagem" permite verificar a origem e publicação de imagens, além de fornecer metadados, ajudando a dar mais contexto ao conteúdo. Para acessar a função, basta clicar nos três pontos ao lado de uma imagem nos resultados da Busca, usar o Google Lens ou a experiência Circule para Pesquisar em celulares Android.

A plataforma de vídeos do Google, o YouTube, também não vai ficar de fora das iniciativas da empresa para contribuir com as eleições em 2024. Assim como a Busca do Google, a plataforma de vídeos irá exibir banners de utilidade pública na página inicial do site que direcionaram os usuários para informações oficiais do TSE. Painéis de informações e de checagem de fatos também podem ser exibidos em buscas no YouTube relacionadas a eleições municipais.

Com relação à IA, a plataforma passou a exigir que os criadores sinalizem quando um conteúdo realista foi alterado ou gerado por IA, incluindo avisos na descrição ou na frente do player de vídeo. Quando os criadores não informam essas alterações, o YouTube pode aplicar marcadores ou penalidades, como a remoção de conteúdo ou suspensão do Programa de Parcerias.

Além disso, o YouTube também atualizou o processo de denúncia de conteúdo gerado por IA que se pareça com outra pessoa. Agora, é possível pedir a exclusão de material alterado ou sintético que retrata realisticamente a aparência ou voz de alguém, seguindo o processo de denúncia de violação de privacidade.

Por fim, o Google anunciou novas medidas para mitigar as campanhas de desinformação através do treinamento dos usuários e análise de informações digitais.

O Google.org, instituição filantrópica do Google, fez uma doação de mais de R$ 4 milhões para o programa de educação midiática Educamídia, realizado pelo Instituto Palavra Aberta.

Com o apoio, o Educamídia agora terá seu currículo atualizado para incluir inteligência artificial (IA) e vai treinar 50 mil professores e 1 milhão de estudantes de todo o Brasil ao longo dos próximos dois anos.

Durante o evento, o Google anunciou novidades no Projeto Comprova, uma iniciativa que já reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que são compartilhados na internet.

O Projeto Comprova está preparando um manual que visa ajudar os jornalistas a identificar conteúdos gerados por IA e impulsionar a educação midiática, mas representantes do Projeto ressaltam que essa identificação deve ser feita, na maior parte, a olho nu e não usando ferramentas digitais.

A Lupa vai ampliar uma ferramenta de monitoramento de redes chamada “LupaScan”, que ajuda jornalistas e pesquisadores a monitorar e analisar publicações de políticos nas redes sociais. Além disso, o Aos Fatos investiu os recursos na “Busca Fatos”, uma ferramenta que analisa vídeos com discursos de autoridades políticas, identifica alegações passíveis de verificação e as conecta com fontes de informações selecionadas que sejam relacionadas ao tema destacado.

E aí, o que você achou das novas iniciativas do Google?